Review de show: Deep Purple, Nova Odessa, 08/10/2011


Por Fabiano Negri

Uma das tarefas mais fáceis do mundo é resenhar um show do Deep Purple, afinal de contas uma banda que conta com músicos do gabarito de Ian Gillan, Roger Glover, Ian Paice, Don Airey e Steve Morse só pode ser garantia de boa diversão e excelente música. Não foi diferente na Expo América em Nova Odessa, região de Campinas, no último sábado, 8 de outubro.

O que mais impressiona em uma apresentação do Deep Purple – este é o oitavo show do grupo que assisto – é a energia, o bom humor e a vitalidade que esses senhores esbanjam no palco. Não se vê uma cara fechada ou reclamação com o som, e nenhum “piti” como pseudos rockstars derramam por aí. Apenas sorrisos e total interação com o público, mostrando ausência de ego e muito prazer em cada momento.

Cada músico é um show à parte. Ian Paice mostra como um baterista pode envelhecer sem perder a pegada e a técnica. Roger Glover parece um menino no palco, e com seu baixo firme e pulsante não deixa de agitar um segundo sequer. Don Airey, que tem a missão nada fácil de substituir o mítico Jon Lord, não carrega esse peso de forma alguma, e possui bagagem suficiente para estar em qualquer banda do mundo. Steve Morse, que ainda sofre com a sombra de Ritchie Blackmore, não deixa pedra sobre pedra, mostrando, a despeito do gosto pessoal dos fãs, o porquê de ser considerado um dos melhores guitarristas do mundo. E, por fim, Ian Gillan, esse senhor de 66 anos que nos anos setenta tinha a voz mais potente do rock, ainda continua mostrando afinação, interpretação perfeita e uma simpatia única.

O show contou com algumas surpresas no repertório. Nunca imaginei que ouviria “Hard Lovin' Man”, do álbum In Rock (1970), ao vivo. Outras surpresas foram “Mary Long” (do Who Do You Think We Are, de 1973) e “Maybe I'm Leo” (Machine Head, 1972). No mais, foi um desfile de clássicos atemporais que a plateia acompanhou em uníssono, com total destaque para a perfeita execução do belíssimo blues “When a Blind Man Cries”. Ou seja, o que se viu foi uma aula de como entreter e respeitar o público.

Para a banda, só pontos positivos. Para a produção, a história não foi bem essa. Pelo que pude perceber, os produtores não contavam com a verdadeira multidão que compareceu ao evento. Segundo informações da equipe de segurança mais de 5 mil ingressos foram vendidos, e às 20:30h gigantescas filas se formavam para entrar por duas estreiras portas, que não se abririam até às 21:30h. Como esperado, isso resultou em confusão, empurra-empurra, e, o pior de tudo, boa parte do público não estava dentro do recinto quando o show começou. O sistema de PA também não era dos melhores, proporcionando um som baixo e sem peso, audível apenas para aqueles que estavam na área vip. Houve muita reclamação e até mesmo algumas desistências por parte de quem estava na pista simples. Realmente, uma organização amadora para uma banda desse porte.

Nessa noite especial pude levar a minha família para conhecer os membros do grupo, em especial Ian Gillan. Ele nos recebeu de forma incrivelmente simpática dentro de seu camarim antes do show. Pura emoção!

Agradeço a gentileza da assessoria de Gillan, que proporcionou todo o conforto e excelentes condições para essa cobertura.

Viva a boa música, viva o Deep Purple!


Comentários

  1. Muito legal meu caro Fabiano, estive nesse show com minha patroa e realmente a organização foi desastrosa, apesar de toda confusão e frustração com o evento em si, Deep Purple devolveu o animo e mesmo com o som ruim, que dificilmente se ouvia do meio pra trás do recinto foi brilhante em toda a apresentação. Grande banda, imortais.

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