Krisiun: crítica do álbum 'The Great Execution' (2011)


Nota: 9,5

Nenhuma banda brasileira, em qualquer estilo, tem o reconhecimento internacional que o Krisiun possui hoje. Desde o auge do Sepultura, na primeira metade dos anos noventa, nenhum grupo saído de nosso país havia ido tão longe. Todo o reconhecimento em relação ao trabalho do Krisiun é merecido, afinal a banda dos irmãos Kolesne é, sem dúvida, uma das maiores e mais interessantes não só do death metal, mas do metal como um todo, já há alguns anos.

O novo disco do trio, The Great Execution, saiu no último dia 31 de outubro, e, além de manter a banda no topo, tem tudo para fazê-la crescer ainda mais. Sem medo de ousar e evoluir, Alex Camargo (vocal e baixo), Moyses Kolesne (guitarra) e Max Kolesne (bateria) deram um passo à frente. The Great Execution é o álbum mais longo da história do Krisiun, com mais de 1 hora de duração. As composições também estão maiores, e apresentam muito bem-vindas variações rítmicas, saindo da velocidade pura característica e investindo em andamentos mais cadenciados. É claro que os trechos rápidos, com a bateria de Max entregando blast beats à velocidade da luz, estão presentes, mas não são mais o prato principal. Isso, aliado à presença maior de melodia, faz com que as novas composições se aproximem do thrash metal.

O fato é que o Krisiun saiu de sua zona de conforto, arricando-se corajosamente. As dez faixas de The Great Execution, ainda que mantenham a forte personalidade do grupo, são diferentes de tudo o que a banda já gravou. A evolução técnica dos músicos é gritante, e isso foi repassado para as composições. Mas calma, não precisa ficar preocupado. Eu sei que o termo “evolução”, quando aplicado ao metal extremo, causa arrepios nos mais radicais, e com razão. No caso do Krisiun, o que ocorre é que a banda usa com inteligência o conhecimento e a experiência para dar um passo à frente sem perder o extremismo de sua música. As variações de velocidade nas faixas fazem com que elas respirem e tornem-se ainda mais potentes. O grupo sabe como poucos criar e manter passagens intensas em suas canções, que retesam o corpo do ouvinte e afetam diretamente os seus músculos, como ocorre em “The Extremist”, por exemplo.

Produzido por Andy Classen (Rotting Christ, Legion of the Damned, Belphegor), The Great Execution tem uma sonoridde orgânica e pura que contrasta com a maioria dos trabalhos de metal extremo lançados atualmente, repletos de elementos artificiais criados em estúdio.

A banda acerta a mão violentamente em diversos momentos. “Blood of Lions”, “The Will to Potency”, a espetacular faixa-título, “Descending Abomination” e “Rise and Confront” são destaques imediatos, assim como as participações especiais do guitarrista Marcello Caminha em “The Sword of Orion” tocando um violão flamenco em resposta aos riffs de Moysés, e do mito João Gordo em “Extinção em Massa”, cantada em português.

The Great Execution traz um Krisiun mais maduro e ainda mais competente. As mudanças aplicadas pela banda em seu som funcionaram maravilhosamente, tornando o novo álbum um dos seus melhores trabalhos.

Um dos melhores álbuns de metal do ano, sem dúvida alguma.


Faixas:
  1. The Will to Potency
  2. Blood of Lions
  3. The Great Execution
  4. Descending Abomination
  5. The Extremist
  6. The Sword of Orion
  7. Violentia Gladiatore
  8. Rise and Confront
  9. Entinção em Massa
  10. Shadows of Betrayal

Comentários

  1. Com o perdão do ultrapassadíssimo termo, mas minha primeira reação ao ouvir o disco foi: "que chuchuzinho"! "Extinção em Massa" é uma saudável surpresa e a prova de que música extrema e nosso idioma combinam muito bem.

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  2. Não entendi, Diogo. Você não gostou do disco, é isso?

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