Unearthly: crítica do álbum 'Flagellum Dei' (2011)


Nota: 9

Por mais que se tente não cair em elogios exagerados, alguns discos têm um impacto tão grande sobre o ouvinte que é impossível evitar tal artifício. Flagellum Dei, novo álbum da banda carioca Unearthly, é um destes casos. Intenso, pesado, com um nível elevadíssimo de qualidade e profissionalismo, coloca o quarteto como, se não o principal, um dos mais interessantes nomes do atual black metal brasileiro.

Gravado na Polônia, no Hertz Studios, mesmo local que viu nascer clássicos de bandas como Vader e Behemoth, Flagellum Dei traz o grupo formado por Felipe Eregion (vocal e guitarra), Vinnie Tyr (guitarra), M. Mictian (baixo) e Rafael Lobato (bateria) faminto para não apenas consolidar o seu lugar na cena extrema nacional, mas também preparado para alçar vôos ambiciosos pelo underground mundial.

Quarto álbum de inéditas do grupo, Flagellum Dei chama a atenção, de cara, pela produção primorosa. Os irmãos Wojtek e Slawek Wieslawscy fizeram um trabalho excelente, dando ao disco uma sonoridade com padrão internacional. Para efeito de comparação, e apenas isso, o timbre dos instrumentos lembra bastante o que o Behemoth fez em Evangelion (2009), não por acaso também produzido pelos irmãos Wieslawscy. Mas as semelhanças param por aí. Enquanto o som do Behemoth é temperado com elementos egípcios, o Unearthly soa mais tradicional, mas não menos potente. Há em Flagellum Dei uma interessante alquimia entre o black e o death metal, resultando em uma música sombria e animalesca. A produção cristalina apenas realça esse clima, tornando o som do quarteto ainda mais potente.

“7.62” inicia os trabalhos com um lindo dedilhado acústico que evolui para uma primorosa composição. “Osmotic Haeresis”, com o ex-Morbid Angel Steven Tucker nos vocais, é outro destaque em um setlist nivelado por cima. Merece menção também a bela embalagem digipak, produzida com papel de alta qualidade, e o encarte com as letras e explicações sobre cada uma delas, tudo em um trabalho de primeira linha da Shinigami Records.

Concluindo, Flagellum Dei é um discaço, um dos melhores álbuns de metal extremo já produzidos aqui no Brasil. Criativo, maléfico, pesado e afiadíssimo, é uma prova inconteste de que existem grupos em nosso país que não devem nada - nada mesmo - à bandas internacionais similares, ao contrário do que pensam certos vocalistas chiliquentos do estagnado power metal.

Se a sua praia é o black metal, compre de olhos fechados!


Faixas:
  1. 7.62
  2. Baptized in Blood
  3. Flagellum Dei
  4. Black Sun
  5. Osmotic Haeresis
  6. My Fault
  7. Eye for an Eye
  8. Lord of All Battles
  9. Limbus
  10. Insurgency
  11. Exterminata

Comentários