Os melhores discos de 2011 segundo Marcelo Vieira, da Collector´s Room



Considerando o nível da galera que o Ricardo Seelig convidou para listar seus 10 discos favoritos de 2011, este jovem jornalista que vos escreve se sente honrado por estar fazendo parte dessa festa. Comecei a colaborar esporadicamente com o Collector’s há pouco tempo, mas esse convite já indica que conquistei um lugar especial neste site que visito diariamente e leio de cabo a rabo sempre.


Mas chega de enrolação e vamos à lista!


Foo Fighters – Wasting Light


Foram 16 anos até Dave Grohl e seus asseclas lançarem seu trabalho mais completo e honesto. Para tal, chamaram Butch Vig – o renomado produtor de Nevermind – e ainda contaram com uma mãozinha de Krist Novoselic nas gravações. Após assistir o documentário Back & Forth, que mostra cenas das gravações, a paixão pelo disco aumentou ainda mais. O reconhecimento está vindo a jato, com indicações e prêmios, shows lotados por todo mundo e a expectativa de uma apresentação histórica – já seria só pelo tempo que estamos aguardando a vinda dos caras – como headliner do Lollapalooza Brasil em abril do ano que vem. O melhor disco de 2011 não poderia ser outro: este é o ano do Foo Fighters!!


Noel Gallagher – High Flying Birds

Enquanto no disco de estreia do Beady Eye Liam Gallagher mostrou que havia vida após o Oasis, em sua estreia como artista solo seu irmão e desafeto, Noel, foi além - ou voou alto, como o próprio nome do álbum diz. Em High Flying Birds fica claro com qual dos dois Deus foi mais generoso em matéria de talento, personalidade e feeling para a coisa. Sem contar que o single "If I Had a Gun" é a canção de amor do ano. Medalha de prata com todos os méritos!


Arch / Matheos – Sympathetic Resonance


John Arch e Jim Matheos voltam a escrever a história do Fates Warning, só que com outro nome. Só o tempo irá dizer se é banda ou projeto, mas ninguém pode negar que a sintonia entre os dois é absurda. Sympathetic Resonance atesta isso com brilhantismo e músicas que incorporam desde riffs pesados e solos velozes até passagens mais soturnas e desaceleradas. Prog metal nunca foi o meu forte, mas pra esse aqui eu tirei o chapéu. 


Whitesnake – Forevermore


Verdade seja dita: Forevermore é um disco de Coverdale e Aldrich. A dupla entrou na máquina do tempo e escreveu um punhado de canções calcadas na fase chapéu e bigode, com sonoridade totalmente setentista e uso de muitos recursos para tornar cristalina a voz gasta, porém marcante, de Coverdale. O grande destaque aqui é a faixa-título, que só pela letra, que é quase um epitáfio, tem lugar garantido entre as canções definitivas do Whitesnake.


Ghost – Opus Eponymous


Na minha opinião, a grande novidade musical do ano. Há tempos não se via um grupo tão teatral como o Ghost – cinco almas penadas autodenominadas Nameless Ghouls sob o comando de um vocalista, Papa Emeritus, que é uma mistura de alto-sacerdote da Igreja Católica com integrante dos Misfits. O som que embala as letras pra lá de diabólicas – que não metem medo em ninguém – é um mosaico-fluido de Mercyful Fate com Blue Öyster Cult. O lançamento na Europa foi em 2010, mas como Opus Eponymous só chegou em terras tupiniquins este ano, tem lugar garantido na minha lista!! 


Evanescence – Evanescence


O cachorro dado como morto deu sinal de vida e fez a molecada universitária ressuscitar seus trajes emo-góticos de quando tinham 14 anos. A diferença é que o Evanescence de 2011 não é o mesmo que estourou há alguns anos atrás amparado em fantasias vampirescas adolescentes. O nível das canções é outro, o som está ainda mais pesado – apesar do volume das guitarras no CD estar reduzido em relação aos demais instrumentos – e Amy Lee vive seu melhor momento no que se refere a composições e performance. Surpreendeu.  


Vain – Enough Rope


Representando a safra farofenta do final dos anos 80 que está ressurgindo das cinzas, o Vain lança Enough Rope, que é, na minha opinião, seu segundo melhor álbum, perdendo apenas para o clássico No Respect, de 1990. A voz de Davy Vain continua tão poderosa quanto era há duas décadas atrás, e a dupla de guitarras formada por Jamie Scott e Ashley Mitchell segue afiada. Quando esses três aí se juntam para compor, não tem como não sair coisa boa. Em Enough Rope o resultado é memorável.


Royal Hunt – Show Me How to Live


O último disco a ingressar na minha lista foi justamente aquele que saiu quando eu já havia, presumidamente, fechado a mesma. Durante anos fiquei torcendo pela volta de D.C. Cooper ao Royal Hunt, para retomar a incrível parceria com o big boss da banda, André Andersen, tal como nos clássicos Moving Target e Paradox. O que se houve em Show Me How to Live é uma continuação direta desses dois, só que com uma produção ainda mais caprichada. Todas as músicas têm potencial para empolgar ao vivo.


Jane’s Addiction – The Great Escape Artist


Todo disco de uma banda pode ser o último, afinal, a gente nunca sabe o que pode acontecer. Quando a banda é o Jane’s Addiction, multiplique essa frase por mil, pois o caos se aplica, sobretudo, às mentes de Perry Farrell e Dave Navarro. The Great Escape Artist mostra que, apesar da idade e dos anos de ostracismo, a dupla segue em sintonia com o rock que está acontecendo no momento. E, nesse caso, o fator idade depõe muito a favor. Além do mais, são poucos na faixa dos 20 transbordando energia e feeling para escrever hits. 


Beady Eye – Different Gear, Still Speeding


Se o fim do Oasis fez bem aos irmãos Gallagher, melhor ainda fez a nós, fãs, que com isso ganhamos a brilhante carreira solo de Noel e o Beady Eye, comandado por Liam, tocando seu rock urgente e pulsante, na veia de Beatles e Rolling Stones. O melhor de tudo é que o som do grupo caiu nas graças das FMs – pelo menos aqui do Rio de Janeiro – e não é difícil ouvir músicas como a fantástica "The Roller" rolando entre os hip hops e pops de meia tigela que fazem a cabeça da juventude carioca.

Comentários

  1. Lista bem pouco ortodoxa, legal,diferente ...

    Concordo plenamente com o Foo Fighters e o Ghost e finalmente alguem enaltece o Great Escape Artist do Jane´s Addiction, na minha singela opinião é um disco bom acima da média , com bons hits, pode até estar abaixo de outros deles, mas convenhamos , fazer outro Ritual de Lo Habitual seria mui dificil .

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