Job For a Cowboy: crítica de “Demonocracy” (2012)



Nota: 8,5


Terceiro álbum da banda norte-americana Job For a Cowboy, Demonocracy acaba de desembarcar nas lojas de todo o mundo com a expectativa de ser um dos principais lançamentos de death metal de 2012. E o disco cumpre o que promete.


Produzido pelo cada vez mais requisitado Jason Suecof (Trivium, The Black Dahlia Murder, DevilDriver, God Forbid), Demonocracy é violento, intenso e pesadíssimo. Algumas passagens mais extremas se aproximam do grind, o que torna tudo ainda mais doentio. Mas esse extremismo vem sempre acompanhado por grandes doses de melodia. Não, você não encontrará aqui a sonoridade característica do death metal sueco da cena de Gotemburgo, mas sim uma outra abordagem, mais americana e muito mais extrema. 


A voz de Jonny Davy varia entre tons guturais mais graves e doentios gritos agudos que lembram bruxas macabras sobrevoando o ambiente. As guitarras de Al Glassman e Tony Sannicandro entregam riffs rápidos e pesados, porém, na hora dos solos, a dupla foge do festival de alavancas e dissonâncias característico do estilo, investindo em melodias bem compostas e atraentes que remetem ao heavy metal clássico. Dando suporte a tudo, a cozinha formada por Nick Schendzielos (baixo) e pelo estupendo Jon Rice (bateria) constrói a base de tudo, e faz isso fugindo insistentemente de andamentos retos e tradicionais, o que resulta em uma sonoridade mais livre e solta. A sensação, em alguns momentos, é que Rice, que faz um trabalho estupendo durante todo o play, não está tocando nas faixas, mas sim solando ensandecidamente em todas as elas.


Pisando fundo em quase todos os momentos, o Job For a Cowboy alcançou em Demonocracy um resultado digno de nota. Porém, o foco excessivo na velocidade em praticamente todas as faixas - a única excessão é “Tarnished Gluttony”, que fecha o álbum com um andamento mais moderado - acaba fazendo com que o disco, em alguns momentos, soe repetitivo. Isso acontece principalmente na dobradinha “The Manipulation Stream” e “The Deity Misconception”. No entanto, em contrapartida, a banda acerta a mão de maneira certeira em sons fortíssimos como “Children of Deceit”, Black Discharge” e “Nourishment Through Bloodshed”.


O resultado final é um álbum de death metal repleto de técnica, peso e agressividade, e com um apelo cativante vindo das muito bem desenvolvidas melodias encaixadas nas composições. Mas isso não significa uma sonoridade polida, muito pelo contrário: a rispidez e a violência estão presentes em cada segundo, fazendo com que o trabalho tenha capacidade de agradar desde o mais ferrenho devoto do death metal até um ouvinte que está dando os seus primeiros passos no gênero. Essa é a principal qualidade de Demonocracy: manter-se fiel ao death metal, mas, ao mesmo tempo, ser atraente e cativante não apenas para os fãs do estilo. Além de uma tarefa extremamente difícil, essa conquista é um gigantesco elogio.




Faixas:
  1. Children of Deceit
  2. Nourishment Through Bloodshed
  3. Imperium Wolves
  4. Tongueless and Bound
  5. Black Discharge
  6. The Manipulation Stream
  7. The Deity Misconception
  8. Fearmonger
  9. Tarnished Gluttony

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