Algumas palavras sobre Bill Ward e o Black Sabbath



Amanhã, dia 19 de maio, sábado, o Black Sabbath tocará na O2 Arena de Birmingham, na Inglaterra, cidade natal da banda. Será o primeiro show do grupo desde o anúncio do retorno da formação original, em novembro, e a triste notícia de que Tony Iommi foi diagnosticado com câncer. Essa semana, o baterista Bill Ward divulgou uma nota dizendo que não irá participar desta apresentação e dos concertos do Sabbath no Download Festival e no Lollapalooza, lançando uma imensa dúvida sobre os milhões de fãs em todo o mundo: o que está rolando? Quem é o vilão da história? Porque tudo isso está acontecendo?


Levantamos vários dados com pessoas próximas à banda, e reunimos algumas informações que podem ajudar a elucidar o que está ocorrendo nos bastidores da banda mais importante e influente da história do heavy metal. Desde o início, a principal preocupação de Iommi, Ozzy e Geezer Butler era com a condição de saúde de Ward. Se você pesquisar as diversas entrevistas concedidas pela banda no período em que o grupo anunciou o seu retorno, verá que em várias delas os demais músicos externam essa preocupação, deixando claro que seria preciso ver se Bill Ward teria ou não condições de tocar um show inteiro. Quem acompanha a carreira do baterista sabe que Ward anda mal das pernas faz tempo, fruto dos excessos cometidos durante toda a sua carreira. O músico completou 64 anos no último dia 5 de maio e não é mais nenhuma criança. 


Por este motivo, por saber da debilidade física e técnica de Bill, a banda propôs a Ward um contrato onde ele faria participações especiais nos shows tocando entre 3 ou 4 músicas em cada apresentação. Foi esse contrato que ofendeu o baterista e o levou a lançar para a imprensa aquele comunicado publicado há alguns meses atrás. Iommi, Ozzy e Butler ficaram extremamente chateados com a postura do baterista, e a relação azedou. O que conseguimos apurar, então, é o seguinte: a rixa entre Ward e os outros três músicos não tem nada a ver com dinheiro, mas sim com o fato de, por um lado, a banda propor um contrato prevendo “participações especiais” de Bill Ward em cada show justamente por saber que, infelizmente, o baterista não tem mais condições de saúde e técnicas para dar conta de uma apresentação completa do grupo; e, de outro, Ward se recusando a assinar esse contrato por se sentir ofendido pela proposta do grupo. Me parece que o trio está tentando proteger a integridade de Bill Ward e não expor as suas atuais limitações ao grande público, mas o baterista não admite isso e quer participar, a todo custo, deste momento histórico, o que é compreensível.




No comunicado que publicou essa semana, Ward fala, em determinado trecho, que os empresários propuseram que ele fizesse o show de amanhã, em Birmingham, de graça, e que ele se sentiu insultado com isso. Aqui também cabe um esclarecimento: o Black Sabbath tocará de graça amanhã. A banda não receberá NADA, nenhum cachê. O valor arrecadado com o show será repassado para a instituição Help for Heroes, que dá apoio a ex-combatentes ingleses das duas guerras mundiais. Ou seja, não há nada de insulto ou ofensa no fato de os demais músicos terem proposto a Ward tocar de graça em Birmingham, porque os próprios Tony Iommi, Ozzy Osbourne e Geezer Butler também tocarão de graça em Birmingham. Butler, inclusive, publicou uma nota em sua página oficial no Facebook externando o descontentamento da banda com o comportamento dos cambistas, que estão revendendo os ingressos para o show, que é beneficente, a um preço exorbitante - leia aqui.


Me parece que Ward está sendo extremamente mau assessorado e, mesmo que sem querer, está jogando a opinião do público contra os demais músicos. A situação de Iommi, por exemplo, é bem mais complicada, já que envolve um claro risco à vida do guitarrista. Mas, ao contrário, em nenhum momento Tony saiu jogando palavras bombásticas para a imprensa. 




Em relação ao substituto de Ward, é bastante provável - diria até mesmo quase certo - que o nome escolhido seja o de Tommy Clufetos, atual baterista da banda de Ozzy. Não dá para afirmar isso com certeza absoluta, só saberemos neste final de semana, mas acredito que Clufetos deva tocar não apenas com o trio restante no show em Birmingham, mas também ir além. E é aí que entra o tão sonhado novo álbum de inéditas do Black Sabbath, produzido por Rick Rubin.


Quando a banda anunciou o seu retorno, a previsão era que o novo disco saísse até a metade de 2012. Pois bem, já estamos na metade de 2012 e até agora nada. Ao invés de um trabalho de inéditas, o que teremos é mais uma coletânea, claramente tapando um buraco inesperado. Muito disso se deve, claro, ao problema de saúde de Tony Iommi. Mas as notícias que chegam são boas, e dão conta que o guitarrista está muito bem. Toda essa pendenga com Ward deve gerar outra alteração nos planos, que é a ausência do baterista no novo disco do Sabbath. É bem provável, novamente, que Tommy Clufetos seja anunciado como o baterista que tocará no álbum e se transforme no novo integrante do Black Sabbath. Não estou afirmando isso, não há nada confirmado ainda, mas as coisas parecem ir para esse caminho.


Já escrevi sobre esse assunto há um tempo atrás, deixando clara a minha opinião sobre a discussão Ward x Sabbath. Continuo pensando a mesma coisa e estou louco para ouvir o novo trabalho da banda, seja lá quem for o baterista. Porém, acho extremamente simplista jogar toda a culpa de uma história pra lá de complexa e cheia de implicações em apenas um lado. Pessoalmente, acho a conduta de Bill Ward nesse processo todo pra lá de contestável, porém entendo perfeitamente quem se posiciona a seu favor. Música é, antes de tudo, coração e emoção, e agir com a razão em um assunto como esse, que envolve a formação original da banda mais importante da história da música pesada, por mais que seja extremamente difícil, é bastante recomendável.


P.S.: depois de publicar o texto, vi que as fotos de Bill Ward foram apagadas no site oficial do Black Sabbath. Mais uma evidência de que o baterista está fora e foi excluído totalmente da reunião. Ou alguém ainda duvida disso?

Comentários

  1. Propõem um contrato desses e não querer que o Ward se sinta ofendido? Antes não o tivessem convidado para show algum. E nunca, até agora, ficou claro que o sujeito entraria em apenas 3 ou 4 músicas. Ou seja, estavam enganando os fãs. Porque alguém imaginava que seria assim desde o início? Agora, o Ward também mete os pés pelas mãos como todo sujeito ofendido que não consegue pensar direito na hora da raiva e fala besteira. No fim, seria muito melhor não o terem convidado desde o início.

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  2. Pra mim, essa reunião só aconteceu porque Dio morreu.
    Tudo bem, até gostei da notícia ano passado, mas desde a reunião anterior, Ward já não tinha condições de excursionar.
    A Reunião do Black Sabbath original só funciona se for a banda original, nada contra o novo baterista do Ozzy, eu ainda chamaria o Vinnie Appice que, além de ser um tiozinho legal nunca tocou com Ozzy no Sabbath.
    Não tiro a credibilidade da banda sem Ward, mas se a volta foi prometida e aplaudida por trazer os quatro membros originais, a falta dele é um balde de água fria.
    Não gostaria de ver o Black Sabbath fazendo como KISS (antes que alguém reclame, eu AMO os mascarados!) que não tem vergonha de fazer uma reunião com a formação clássica e depois colocar a maquiagem de Space Ace e Catman pra outros músicos.
    Claro que o substituto na bateria não será chamado de Bill Ward, mas acho que os quatro rapazes deveriam sentar pessoalmente e conversar e deixar os empresários na sala ao lado.
    Sei que não é simples assim, mas não custava tentar.

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  3. nesta historia toda eu estou e a favor do black sabbath e acho que os dois lados estao errados! custava os caras fazerem alguns ensaios para sentirem a condicao atual do baterista? assim como nao tinha sentido algum o iommi se arrastando com musicos pistoleiros na decada de 80 usando o sagrado nome da banda, tambem nao tem sentido agora ser alardeado um RETORNO do black sabbath porque, sem o bill, isso nao e verdade, independente da qualidade dos shows e do disco que vira.

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  4. Olha Cadão, eu acabei de ler no Whiplash uma nota em que o Bill Ward disse que em momento algum se sentiu ofendido por ter sido chamado para fazer o show de graça, que segundo ele não haveria problema, já que tratava de caridade.

    E o problema segundo ele é dinheiro sim, já que ele utiliza a palavra "oferta" e que por sinal foi insatisfatória, aliás é um direito dele querer ganhar aquilo que ele considera ser decente.

    Eu já vi vídeos do show e o Cadão estava certissimo o Clufetos foi o substituto e mandou muito bem e não é a toa que o cara esta na banda solo do Mr. Madman.

    Embora não seja a mesma coisa, pelo fato de não ser a tão sonhada formação original merece crédito, pois pelas filmagens que tive acesso o baterista foi muito bem.

    Enfim a banda inteira foi bem no show o Iommi nem parece que esta passando por um tratamento a base quimioterapia (que independente do grau é totalmente desgastante), e mandou ver nos riffs e solos.

    Para mim já bastava ver os caras tocando Black Sabbath e no caso deste show reproduziram a introdução da faixa e em Wizard o Ozzy tocou gaita o set list foi enorme e deveria ser lançado como álbum e dvd.

    Essa história entre o Bill Ward e seus companheiros é problemas deles portanto eles que se resolvam e acho que isso já está encerrado até porque pelo vídeo o público não pareceu sentir falta do baterista.

    Para mim fica aquela vontade não realizada, mas não é nada que vai me tirar o sono e só me resta desejar boa sorte e que passem pelo Brasil e que o novo álbum contenha a mesma energia mostrada nesse show de re-estréia, vida longa ao Black Sabbath e seja bem vindo Tommy Clufetos.

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  5. Pelo menos devia tocar no disco de estúdio... Isto com certeza ele conseguiria fazer !!!!

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