Jess and The Ancient Ones: crítica de ‘Jess and The Ancient Ones’ (2012)



Nota: 9


Lançado no último dia 23 de maio pela Svart Records, o disco de estreia da banda finlandesa Jess and The Ancient Ones comprova aquilo que acontece todos os dias, mas a maioria das pessoas fecha os olhos, os ouvidos e a cabeça e não admite: a renovação do heavy metal de forma esplêndida, original e pra lá de cativante.


O grupo nasceu no início de 2010 na cidade de Kuopio e veio ao mundo pelas mãos dos guitarristas Thomas Corpse e Thomas Fiend. Mas foi a adição da vocalista Jess que colocou a banda nos trilhos. Dona de uma linda e potente voz, a bela vocalista - que, fisicamente, lembra um pouco a inglesa Adele, fenômeno do pop - é a cereja no bolo na música do septeto - completam o conjunto Von Stroh (guitarra), Abraham (teclado), Fast Jake (baixo) e Yussuf (bateria).


Mas a coisa aqui não tem nada a ver com a acessibilidade e a luz do pop. O assunto é o extremo oposto. Musicalmente, a sonoridade vai direto para os anos setenta, bebendo daquilo que ficou conhecido como heavy psych - ou seja, o hard rock embebido em grandes doses de psicodelia. Esse caminho dá um clima meio místico para o som do grupo, devidamente completado por letras que exploram temas ocultos baseados em experiências pessoais dos músicos. Essa combinação traz à tona uma atmosfera densa e muito cativante.


O trio de guitarras investe em melodias muito bem construídas, que ficam ainda mais fortes com as intervenções espertas do teclado. É mais hard do que metal, e mantém sempre um pé no blues.



Há momentos sublimes neste primeiro disco do Jess and The Ancient Ones. O principal deles é “Surfur Giants (Red King)”, uma incrível composição de mais de doze minutos de duração que leva o ouvinte por diferentes caminhos, todos atraentes. “Twilight Witchcraft” é outro destaque óbvio, assim como a estradeira “Ghost Riders”. A sensual e cheia de malícia “Devil (in G Minor)” é a trilha perfeita para um cabaré frequentado por vampiros e outras criaturas sedentas por sexo, enquanto “Come Crimson Death” encerra o disco traduzindo as emoções humanas em notas musicais.


Para situar o ouvinte, dá para comparar o som do Jess and The Ancient Ones, em alguns momentos, com o que o The Devil’s Blood faz. Apesar de as diferenças entre as duas bandas serem bem distintas, é bastante provável que quem curtiu a música dos holandeses fique igualmente fascinado pelos finlandeses.


Dono de uma beleza onipresente e sombria, o primeiro disco do Jess and The Ancient Ones apresenta ao mundo uma banda dona de grande talento, original e com potencial para gerar álbuns ainda melhores no futuro. 


A maioria vai passar longe e nem vai sequer saber da existência desta banda, o que é uma pena, pois estarão deixando de ouvir um dos grandes discos de hard rock e heavy metal de 2012.




Faixas:
  1. Prayer for Death and Fire
  2. Twilight Witchcraft
  3. Sulfur Giants (Red King)
  4. Ghost Riders
  5. 13th Breath of the Zodiac
  6. Devil (in G Minor)
  7. Come Crimson Death

Comentários

  1. Nossa !!!
    Que coincidência.. tava pensando em indicar essa banda pro próximo Novas caras do Metal... lembra um pouquinho o Devil´s Blood...mas a pegada de psicodelia com Hard de Arena e Heavy trouxe uma sonoridade bem interessante na minha opinião !
    Espero que a banda faça muito sucesso !
    Ótima dica !

    ResponderExcluir
  2. Recentemente fui minoria aqui em defender a faceta mais "OBJETIVA" de uma resenha, privilegiando, dentre outras coisas, a ORIGINALIDADE acima de tudo... em detrimento do mero "legal", "bem trampado" do "dar liga"...

    Olhem o caso do ótimo Jess and The Ancient Ones. Eu curto? Não tanto. Posso mudar a opinião, mas não foi uma banda que me encantou, não. Agora, posso falar MAL? Falar que é clichê?

    Ora, MUITO MENOS! Bela banda! Não deixa de estar no time de Primal Rock Rebellion ou Adrenaline Mob, por ex, bandas inovadoras no sentido de NÃO beber numa única fonte. Não têm uma mente fechada, Exploram sua musicalidade, de modo dinâmico. Interessante.

    REPITO: nem tudo que é original é bom, mas para ser bom tem que ser ORIGINAL! Se SUBJETIVAMENTE não é minha 'banda dos sonhos', OBJETIVAMENTE sei reconhecer qualidade numa banda que traz SANGUE NOVO para a cena, e NÃO apenas REPETE o que já foi feito. Ouvindo bandas como as citadas, não consigo, de cara, remeter a outra de imediato. Isso é pra lá de positivo!

    Banda para evoluir ainda mais, amadurecer, pode vir a produzir algo ainda mais interessante. Algo como o HAMMERS OF MISFORTUNE... os trabalhos iniciais mostravam uma banda que já tinha algo para mostrar. Foram melhorando absurdamente. Fatalmente, atingiram a excelência no "17th Street".

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Aliás, perceba, RICARDO, a "polêmica" com as notas...

    quando você dá nota para uma boa banda como essa, apenas 0,5 ou 1,0 pontinho acima da mesmice de bandas como 3 Inches Blood, Steelwing ou mesmo o Huntress, você ajuda a BANALIZAR. Fica parecendo que são tudo do mesmo nível.

    E aí você mantém o "mais do mesmo" muito perto de bandas mais inovadoras como essas, como Flying Colours, como o solo do Jack White, só para citar uns que vc resenhou com notas elevadas recentemente. Torche, Adrenaline, Primal Rock tb receberam notas a princípio altas, mas banalizadas QDO COMPARADAS a bandas SEM este mesmo quesito 'diferencial'!

    Fica parecendo que são todos do mesmo "time", de propostas muito próximas, o que NÃO é verdade. Pelo contrário, bandas como essas deveriam ser PREMIADAS com um "9,0", como o que vc deu (eu nem sei se EU daria "9,0", isso é de cada um... mas seria coerente no meu ranking, de dar uma nota bem mais alta ao que daria a uma banda "comum").

    Logo, PREMIADAS, e NÃO banalizadas para figurar ao lado de bandas que bebem da nwobhm, do power, do mais do mesmo...

    ...no mais, bela dica! Siga assim!

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Suas críticas são bem-vindas, Scobar, que isso fique claro. Porém, continuo achando que você só enxerga um ponto de vista, e não está muito aberto a discutir o que não está alinhado com o que você pensa.

    As minhas notas e resenhas expressam o que eu sinto em relação a cada disco. Eu tenho uma maneira de avaliar cada disco, e essa maneira, como de qualquer crítico, é particular e foi desenvolvida ao longo dos anos. Você pode concordar ou não com ela, porém acho que questionar o ponto de vista de um crítico sobre determinada obra, sendo que esse ponto de vista está expressado no texto da resenha, passa um pouco do ponto.

    Pessoalmente, acho que você me pegou para Cristo, já que raramente vejo um comentário elogioso a algum texto aqui do blog. Ou, talvez, você seja como a maioria das pessoas que comenta em redes sociais, que se manifesta apenas quando não concorda.

    De novo, e mais uma vez: este blog expressa a minha, e somente ela, visão sobre a música. Ele foi criado para isso e cresceu assim. Não há problema algum no debate de ideias, mas criticar praticamente TODAS as resenhas me soa como perseguição.

    Resumindo: o modo como você vê as coisas é válido, porém não é o único.

    ResponderExcluir
  7. rs estamos em completo DESCOMPASSO então, já que EU é que me sinto perseguido neste blog. Dizer que eu "não estou aberto a discussão", para mim, é o que passa do ponto, vez que só posto JUSTAMENTE para ABRIR à discussão! Você que tende a se omitir, não curtir debates, tornando a condução do blog um tanto arrogante, o que julgo ser um dos POUCOS pontos fracos do blog - uma pena, pois torço por seu sucesso.

    Outra, você JAMAIS me viu proferir palavras de baixo calão por aqui, ser agressivo ou vomitar opiniões rasas ou SEM A DEVIDA motivação (no caso, por ex, do Bianchi e Falaschi, o APOIEI totalmente, vez que seu texto em relação a eles não era violento, se baseava em fatos e tinha extensa argumentação, tudo o que DEFENDO!).

    E acho que vc está em confundindo. Já deixei claro, em inúmeros comentários, que SÓ COMENTO por aqui JUSTAMENTE por ver neste blog um diferencial, um veículo que tende a ser promissor no mundo da mesmice de outros canais, mesmice essa (muito bem) criticada POR VOCÊ MESMO!!! Aliás, é a dedução óbvia: se eu faço críticas aqui e ali, é porque leio e acompanho, acesso até com certa frequência.

    Mas quando você posta um video do Mastodon, sei lá, não vou comentar "pô, legal!"... pq aí não instiga qualquer nova discussão. Dou o meu "muito bom" ali e pronto. O debate é saudável quando dele NASCEM IDEIAS! O 'mero elogio', o que até já fiz muito aqui, acho sem propósito.

    Por fim, PERCEBA que ELOGIEI a resenha, e apenas disse a usei de exemplo para retomar aquela recente discussão sobre "notas em resenha", da qual muitos participaram. Pena que vc ODEIA discutir saudavelmente.

    abço!

    ResponderExcluir
  8. Scobar
    É que resenhas exprimem opiniões, as quais constituem um campo indissociavelmente ligado à subjetividade. Não dá pra definir um critério objetivo de originalidade, pois em outro post, por exemplo, você disse que considera o Adrenaline Mob uma banda extremamente original, o que não é a opinião do Ricardo, ou a minha. Da mesma forma, eu também daria notas menores para o Huntress e 3 Inches of Blood. Mas essa é a minha opinião, baseada na minha formação. Não vejo muito sentido em tentar impor isso como um padrão objetivo, portanto. No mais, agradeço a dica, em outro post, sobre o Diablo Swing Orchestra, é uma ótima banda realmente. E acho que reside aí a riqueza dos blogs: podemos compartilhar idéias, indicar bandas, de um jeito que não seria possível em outras mídias. No mais, estou curtindo aqui o Jess And The Ancient Ones, outro som de altíssima qualidade!
    Abraço

    ResponderExcluir
  9. Acredito que cada álbum ocupe um lugar na própria história do estilo que faz parte. Se representa um passo à frente, mínimo que seja, merece ser privilegiado em relação aos que não apresentam. "Gosto" é um OUTRO fator, indissociável até, concordo, mas que não poderia refletir TANTO, derrubando quaisquer critérios.

    Não acho Adrenaline "extremamente" original (já disse, foi um ex. isolado). Esse seria o caso do DSO, por ex. Apenas reforço que são bandas que, ao ouvir, não podemos dizer que são bandas limitadas, de influências óbvias, que remetm imediatamente a outras bandas do mesmo estilo. ISSO é que é LOUVÁVEL! De resto, se gostamos, adoramos ou odiamos, AÍ SIM é de cada um...

    (como disse, o Jess And the Ancient nem me encantou absolutamente, mas percebi neles a tentativa de fazer algo diferente, logo não posso negar ser uma BOA e promissora banda, até merecedora da nota! Eis que ELOGIEI a resenha!).

    Minha crítica ao RICARDO é essa recusa de discutir saudavelmente essas questões, inerentes ao blog e ao estilo de que somos todos fãs, e que apenas aproveita a ele (Heavy Metal)! Mas entendo o Ricardo, por outro lado, ele trava uma guerra constante contra uma galera sem caráter e arrogante no resto da cena (vide post sobre a saída do Falaschi), então enxerga qq crítica de uma maneira intransigente.

    Não precisava ser assim, pois ele tenta combater a arrongância alheia, com justiça... mas aí, por equívoco, acaba sendo arrogante com os PRÓPRIOS fãs do site e que pensam como ele!

    abço!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.