Ricardo Seelig conta como conheceu o som pesado para o pessoal do Wikimetal

O Wikimetal é não apenas o principal podcast brasileiro dedicado ao heavy metal, mas também um grande ponto de encontro e troca de ideias entre quem surte som pesado em nosso país.


Por essa razão, fiquei muito contente quando o Nando Machado, um dos caras por trás do Wikimetal, me convidou para participar da seção Tribuna de Honra contanto como eu conheci o metal.


Procurei ser bem sincero, buscando na memória quando conheci o estilo e em como ele mudou a minha vida. Espero que vocês curtam não só o texto, mas também o Wikimetal, pois o trabalho dos caras é demais e vale a pena ser acompanhado de perto!


Você pode ler a matéria diretamente neste link ou abaixo: 


O Heavy Metal entrou na minha vida em 1985, através do Rock in Rio. Havia recém feito 12 anos quando, do nada, me vi sendo bombardeado por dezenas de bandas que eu nunca havia ouvido falar. Sempre gostei de música, mas o rock ainda não havia me fisgado nessa época – e, vale dizer, época essa bem diferente dos dias de hoje, onde a informação chega de maneira muito mais fácil às pessoas.

As bandas que mais me chamaram a atenção foram Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne e Scorpions. Lembro de assistir os shows pela TV e acompanhar a cobertura da Rede Globo sobre o festival. Fiquei fascinado, enfeitiçado e absolutamente apaixonado por tudo o que vi – e ouvi. 

O Iron Maiden foi a banda que mudou a minha vida. Lembro de, logo depois, ouvir a faixa “The Number of the Beast” em uma fita k7 de um primo mais velho e ficar boquiaberto. Porém, meus primeiros discos de rock não foram da Donzela, mas sim do AC/DC. Lembro de o meu padrinho me levar em uma loja de departamentos no interior do Rio Grande do Sul e me mandar escolher um presente. Saí com o ’74 Jailbreak e o For Those About to Rock, ambos do AC/DC, embaixo do braço. Em relação ao Maiden, o meu primeiro disco foi o Live After Death, que ouvi tanto, mas tanto, que cheguei a decorar as falas de Bruce Dickinson entre as músicas.

Tudo isso foi há quase 30 anos. Nesse tempo todo, descobri diversos outros gêneros e bandas que marcaram profundamente a minha vida. Se fosse listar um top 5, diria que Iron Maiden (a banda que me mostrou o heavy metal e até hoje a minha preferida de todos os tempos), Led Zeppelin (que me mostrou que tudo era possível), Beatles (eles mudaram tudo), Metallica (eles tocavam o heavy metal do jeito que eu imaginava que deveria ser tocado) e Wilco (companheira de todas as horas e das mais variadas emoções) são os grupos mais importantes e que mais ouvi na vida.

Tudo isso me fez entender que a música é muito mais do que apenas um estilo. O heavy metal é espetacular, mas outros gêneros também são. Miles Davis é genial. O jazz é inquietante. O blues é a base de tudo, e o funk setentista sempre me surpreende. Porém, por mais longe que eu já tenha ido em minhas investigações sonoras – e acreditem, vivo pesquisando novos sons e isso nunca irá parar -, o meu porto seguro sempre é o heavy metal, o estilo musical que é a base do que eu sou como ouvinte. 

Como diz Troy Sanders, baixista do Mastodon: “Porque resumir 300 anos de música em apenas um estilo, se podemos ter todos?”. É assim que eu penso. Viva o heavy metal, mas viva também o rock, o pop, o jazz, o blues e o que mais der na telha. Afinal, existem apenas dois tipos de música: a boa e a ruim.

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