Aerosmith: crítica de Music From Another Dimension! (2012)

Há muito tempo o Aerosmith deixou de ser uma banda de rock. Pra falar a verdade, desde o final da década de 1970, época em que o consumo industrial de drogas implodiu o grupo. Após um breve intervalo para recuperar as energias e dar uma limpada nos organismos dos músicos, a banda retornou com tudo no final da década de 1980 com novo fôlego e nova imagem impulsionada pela parceria com o Run DMC na inspirada releitura da clássica “Walk This Way”. Desde então, o Aerosmith aproximou o seu som cada vez mais do pop e, sem maiores pudores, se transformou em um dos maiores vendedores de discos dos anos 1990, superando todas as marcas obtidas pelo próprio grupo durante a década de 1970.

Ou seja, a receita comandada por Steven Tyler e Joe Perry deu certo, e em time que está ganhando, teoricamente, não se mexe. Certo? Nem tanto. Os últimos anos do Aerosmith foram bastante conturbados. Divergências públicas entre Tyler e Perry tornaram-se comuns, culminando com o vocalista assumindo o posto de jurado no programa American Idol enquanto o guitarrista proclamava aos quatro ventos que estava à procura de um novo cantor. Enquanto isso, os discos recentes do grupo beiram a mediocridade, com álbuns abaixo da média como Nine Lives (1997) e Just Push Play (2001).

Todos esses fatores geram uma enorme desconfiança em relação ao novo disco do quinteto, Music From Another Dimension!. O décimo-quinto álbum do Aerosmith, que chega às lojas nos próximos dias, no entanto, surpreende positivamente. Tudo levava a supor que seria mais um trabalho questionável, como a banda vem gravando nos últimos anos - o adiamento em quase seis meses do seu lançamento oficial aumentou ainda mais essa desconfiança -, mas o que se ouve na maioria das suas quinze faixas é justamente o contrário. Music From Another Dimension! está longe de ser uma obra-prima, mas também está a milhas de distância de ser um desastre, como muitos imaginavam.

O som segue a linha adotada pela banda nessa sua segunda fase - ou seja, muito mais pop do que rock, e sem a menor vergonha disso. As canções são propositadamente grudentas, feitas para ouvir em alto volume e sem maiores preocupações. Tyler segue cantando com a sua maneira peculiar, enquanto Perry é o maestro da parte instrumental. O baterista Joey Kramer também se destaca bastante, com uma performance pra lá de energética.

As faixas se dividem em dois grupos. Há chicletes sonoros como “Oh Yeah”, “Legendary Child”, “Street Jesus” e “Lover Alot" na mesma proporção em que existem baladas ora interessantes como “Tell Me”, ora pra lá de desnecessárias como as terríveis “What Could Have Been Love”, “We All Fall Down” e “Another Last Goodbye”. E a crítica aqui não vai para o número excessivo de baladas - afinal o Aerosmith tem tradição no assunto -, mas sim para a péssima qualidade da maioria delas.

Entretanto, há um clima de diversão em Music From Another Dimension! como há um bom tempo não se ouvia em um álbum do grupo. Várias das composições são ensolaradas e para cima, com fortes refrões e melodias interessantes. A banda saiu do ponto-morto, da letargia, que marcou os seus últimos discos, e deu uma respirada reconfortante em seu novo álbum, mostrando que, apesar das eternas desavenças, discussões e brigas que fazem parte desde sempre da sua carreira, ainda sabe fazer bons sons quando foca no que realmente interessa: a música. Ou pode ser que o combustível que mantém o Aerosmith vivo e produzindo seja justamente a faísca, as labaredas, que surgem fortes e reluzentes toda vez que os músicos se encontram.

Teorias e divagações a parte, o fato é que Music From Another Dimension!, apesar de alguns deslizes pelo caminho, vale o play. Não vai mudar o mundo - aliás, como nenhum disco do Aerosmith mudou ou quis mudar -, mas garante momentos de boa diversão. Só por isso já vale a pena!

Nota 7





Faixas:
1. Lux XXX
2. Oh Yeah
3. Beautiful
4. Tell Me
5. Out Go the Lights
6. Legendary Child
7. What Could Have Been Love
8. Street Jesus
9. Can’t Stop Lovin’ You (Feat. Carrie Underwood)
10. Lover Alot
11. We All Fall Down
12. Freedom Fighter
13. Closer
14. Something
15. Another Last Goodbye

Comentários

  1. Os excelentes "discos de rock" Permanent Vacation e Pump foram lançados quando? Que papo é este de que desde o final da década de 70 os caras não são uma banda de rock? Na verdade isso aconteceu a partir da década de 90 quando eles foram "obrigados" pela gravadora a produzirem baladinhas para a MTV, culminando com o fundo do poço em I Don´t Wanna Miss a Thing. Não espero nada deste novo disco, mas quero ouví-lo nem que seja para compará-lo com o novo do Kiss, já que as bandas andam se alfinetando muito ultimamente...

    ResponderExcluir
  2. To achando que vc deu uma nota bem alta até viu Ricardo, estou na segunda audição estou achando o disco bem chato, to achando até pior do que os ultimos. abraço

    ResponderExcluir
  3. Nota 7 é muita generosidade. O disco é terrível!

    ResponderExcluir
  4. Eu achei o disco legal, mas fiquei decepcionado, é praticamente um disco pop!

    Eu sou fanático por KISS e Aerosmith há milhares de anos, mas agora acho que entendi o motivo de Steven Tyler e Joe Perry estarem tão fulos da vida com o KISS e terem feito as declarações recentes; inveja!

    Paul Stanley e Gene Simmons têm uma simbiose perfeita. Mantiveram o KISS até hoje, com todas as dificuldades e continuam unidos, amigos, inseparáveis e livres das drogas! Gravaram um dos melhores discos do KISS e estão colhendo os louros desse trabalho.

    Steven Tyler e Joe Perry quase acabaram com o Aerosmith por causa das drogas. No fim dos anos 70, Perry saiu e acabou voltando 5 anos depois. Recentemente, quis arrumar outro vocalista para banda. Sem falar que Steven Tyler tem seu próprio empresário, aparte da banda.

    Se eles não são unidos e pelo jeito, não são amigos e parecem estar juntos por causa do show busine$$, como podem fazer um grande disco, apesar de serem uma puta banda? Falta conexão, coesão.

    Uma pena, pq o Aerosmith tinha tudo pra fazer um puta disco de rock n roll. Quem sabe daqui a 8 anos né?





    ResponderExcluir
  5. Muito inocente de nós, roqueiros velhos, de acharmos que uma banda pós-reality show aí American Idol (geração Z) teríamos um disco feito pra nós e não pra essa adolescentada.

    Vendas do Aerosmith sobem 250% com Steven Tyler no 'American idol'
    http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/02/vendas-do-aerosmith-sobem-250-com-steven-tyler-no-american-idol.html

    Se até a música tosca da J.Lo (lixo) com o Pitbull (o cara é foda!) com sampler do Kaoma estourou em todos os charts só porque é música que vem da TV, imagine o que não pensou o Aerosmith em relação a mesma estratégia com o seu disco novo.....

    O Seeling tá certo e o do Kiss é infinitamente superior. Hard Rock este ano tá bom com Kiss, Cult, Slash ... o novo Soundgarden eu achei fraquíssimo, assim como esse Aerosmith aí.

    ResponderExcluir
  6. Ah, achei o álbum dahora, mas tem umas músicas beeem fracas, tipo Lover Alot, We All Fall Down e Can't Stop Loving You... São as baladas que estragam o CD, mas Beautiful, Luv XXX, Legendary Child, Street Jesus são ótimas... Eu dou nota 6 pra esse álbum!

    ResponderExcluir
  7. Vcs sao um bando de ze buce.......vcs ja eaqueceram qual banfa norte americana vendeu mais discos ate hoje. O que e kiss?uma bandinha que se fantasia que nem quadrinho de gibi!fala serio bando de ze buce..........

    ResponderExcluir
  8. Posicao numero 3 como melhor vocalista.uma das bandas que mais venderam discos na historia do rock.um dos melhores guitarristas da historia.nao se conquista de uma hora pra outra.todas as bandas ja passaram por dificuldades e passam. Quantas passaram por dificuldades e resistiram ao tempo. Poucas. Mas respeito pela banda. o aerosmith ja influenciou muitas bandas incluse metallica.

    ResponderExcluir
  9. O disco foi elogiado, mas teve os seus pontos fracos apontados. Onde está o desrespeito pela banda?

    ResponderExcluir
  10. pra mim e um otimo album que conciliou todos os estilos sonoros da banda ate hj do rock in roll puro dos anos 70,indo pelo ritmo dos anos 80 de permanent vacation e pump,passando pelos anos 90 com muitas baladas de get a grip e nine lives e o pop rock herdado do just push play,na minha opiniao o disco quase inteiro tem influencias setentistas ja influenciados pelo atual produtor que produziu dois discos da banda na decada de 70.traduzindo esse disco e uma especie decresumobdos 40 anos da banda agregando-se todos os elementos ao longo desses quarenta anos realmente deixa os fas confusos pois tem musicas com estilos totalmente diferntes nesse disco e acaba decepcionando os fas mais novos quem nem conhecem os dez primeiros anos da banda e soa como se fosse o ultimo evum otimo trabalho da banda sim nao 10 estrelas mais pelo menos oito e um trabalho cosistente e bem feito e que so quem tem um bom ouvido critico vai concordar comigo.simplismente a banda quis agradar a toda sua geracao de fas de todos os anos mesmo que uma musica setentista tocada com elementos modernos dos ultimos discos vale a pena o disco e muito bom!!!....

    ResponderExcluir
  11. Sou muuuito fã de Aerosmith, minha banda preferida de Rock. Mas esse álbum é muito pop mesmo. Comprei para completar a coleção mesmo. Mas gostei mais pelo fato de eles estarem gravando juntos ainda em estúdio.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.