Converge: crítica de All We Love We Leave Behind (2012)

Se há um meio musical mais conservador que o do heavy metal, esse com certeza é o do hardcore. É claro que há, como sempre, exceções à regra, mas é fato que a grande maioria dos fãs do estilo acabam sendo pouco abertos a experimentações quando se tratam de grupos do gênero, o que tem levado a quase estagnação do mesmo nos últimos tempos. 

Mas se há uma banda que (felizmente) opta por privilegiar sua liberdade artística ao invés de simplesmente tentar agradar um bando de fanáticos ortodoxos, essa definitivamente é o Converge. Desde o lançamento do fantástico Jane Doe (2001), o grupo vem sido cada vez mais cultuado tanto pela crítica (especialmente a norte-americana) quanto pelo público, graças ao diferencial de suas composições e o talento do quarteto (antes quinteto) para incorporar os mais diferentes estilos junto ao formato habitual do hardcore, como thrash metal, rock alternativo e até mesmo rock progressivo. 

E ao dar o play no mais novo trabalho da banda, All We Love We Leave Behind, todo esse hype acaba ficando cada vez mais justificável. Nele vemos o grupo se consolidar de vez como um dos mais inovadores e originais de sua geração, extrapolando os limites da música pesada e prontos para atingir ainda mais fãs ao redor do mundo. As 14 faixas aqui presentes apresentam uma qualidade invejável e, além disso, mostram que a banda continua capaz de surpreender e fazer mais do que simplesmente pôr o pé no acelerador, como fica claro nas mais cadenciadas, porém não menos agressivas, “Glacial Place” e “Coral Blue”, além da bela instrumental “Precipice”. 

Destaques são difícies de serem apontados, mas não há como não citar as pesadíssimas “Trespasses” e “Sparrow’s Fall”, a acachapante “Sadness Come Home”, que começa com um riff totalmente stoner para depois descambar num hardcore violentíssimo, e a ótima dobradinha no final com a faixa-título e “Predatory Glow”, ambas muito bem arranjadas e trabalhadas, e que fecham o disco com a sensação de que devemos ouvi-lo de novo, e repetidamente.

Se você tem deixado o punk/hardcore de lado nos últimos anos, ou acha que o estilo entrou numa estagnação sem volta como citado no início do texto, esse álbum, assim como os anteriores do prório Converge, tem tudo para fazer você mudar de ideia num piscar de olhos.

Altamente recomendado.

Nota 9


Faixas:
1. Aimless Arrow
2. Trespasses
3. Tender Abuse
4. Sadness Comes Home
5. Empty on the Inside
6. Sparrow's Fall
7. Glacial Pace
8. Vicious Muse
9. Veins and Vells
10. Coral Blue
11. Shame in the Way
12. Precipice
13. All We Love We Leave Behind
14. Predatory Glow

(por Matheus Henrique Pires) 


Comentários

  1. Esse disco me faz lembrar as partes mais rápidas e alucinadas das músicas do mastodon. Mto bom.

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