Machine Head: crítica de Machine Fucking Head Live (2012)

O Machine Head vive o melhor momento de sua carreira. Formada em Oakland, Califórnia, em 1991, a banda liderada pelo vocalista e guitarrista Robb Flynn atravessa um momento iluminado e de grande inspiração desde 2007, ano de lançamento do seu sexto disco, o ótimo The Blackening. A boa fase foi consolidada com o álbum seguinte, o espetacular Unto the Locust, considerado por diversas publicações especializadas um dos melhores de 2011.

Machine Fucking Head Live é o registro ao vivo de tudo isso. Lançado em 13 de novembro, o álbum duplo traz toda a energia do quarteto para a casa dos fãs. Das 15 faixas, nove vieram direto dos últimos dois discos do grupo. São nada mais nada menos que seis de Unto the Locust - apenas “Pearls Before the Swine” ficou de fora - e três de The Blackening - “Aesthetics of Hate”, "Beautiful Morning" e “Halo”. O CD foi gravado não em um show específico, mas sim trazendo canções registradas em diversas cidades durante a turnê 2011/2012 dos caras.

A violência da música do Machine Head, sempre acompanhada por belos trechos cheios de melodia, perde um pouco do refinamento ao vivo, como acontece com a maioria das bandas, mas isso é recompensado, e com sobras, pela animalesca performance dos músicos. As composições de Unto the Locust funcionam muito bem ao vivo e contam com a participação ativa dos fãs em uma espécie de “thrash metal de arena”, termo que é perfeitamente aplicável aos shows atuais do Metallica e que cada vez mais combina com o Machine Head.

Há de se agradecer aos céus - ou ao senhorzinho lá de baixo - a decisão de Robb Flynn, Adam Duce, Phil Demmel e Dave McClain em abandonar as equivocadas experimentações cometidas aos montes em trabalhos passados e focar na nova cara do Machine Head, que mescla com precisão o thrash ao metal clássico e gerou dois discos fantásticos. Após um início promissor com Burn My Eyes (1994) o grupo se perdeu em álbuns que pareciam querer explorar a onda atual do momento na música pesada, atirando no lixo a identidade do grupo e cometendo baboseiras homéricas como The Burning Red (1999) e Supercharger (2001). Não por acaso, o início da retomada e do ressurgimento do Machine Head se deu a partir da entrada do guitarrista Phil Demmel em 2002, que encaixou de maneira cirúrgica na banda e é um dos principais responsáveis pelo reconhecimento merecido que o grupo ostenta hoje, tanto por parte do público como da crítica.

Entre as faixas de Machine Fucking Head Live, destaque para a dobradinha de abertura do álbum com as ótimas “I Am Hell (Sonata in C#)” e “Be Still and Know” e a catarse coletiva causada pelo trio “Imperium”, “Halo” e “Davidian”. A banda brilha também em “Locust”, “This is the End”, “Aesthetics of Hate” e “Old”, além de brindar os fãs com versões inspiradas de “Who We Are” e, principalmente, da bela “Darkness Within”, uma das melhores composições de sua carreira.

O Machine Head vem fazendo história nos últimos anos. Este álbum duplo ao vivo é mais um capítulo nessa trajetória, um disco que mantém o nível lá em cima que faz esquecer por completo Hellalive, lançado pela banda em 2003. Toda grande banda de heavy metal tem um duplo ao vivo em sua discografia. O Machine Head agora tem o seu!

Se você deixou a banda de lado devido aos equívocos cometidos pelo grupo no passado, essa é a hora de voltar.

Nota 8,5

Faixas:

CD 1
I Am Hell (Sonata in C#)
Be Still and Know
Imperium
Beautiful Mourning
The Blood, The Sweat, The Tears
Locust
This is the End
Aesthetics of Hate
Old

CD 2
Darkness Within
Bulldozer
Ten Tom Hammer
Who We Are
Halo
Davidian

Comentários

  1. Ótimo review, parabéns. Como nada negativo foi citado (exceto a perda do refinamento), gostaria de saber se, na sua opinião, o álbum peca em mais algum aspecto. O texto me levou a pensar em uma nota 9 ou 9.5, por isso minha surpresa e curiosidade :)

    Uma correção: são nove músicas dos dois últimos álbuns (Beautiful Mourning é do The Blackening).

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  2. Leonardo, corrigido. Obrigado.

    E nota pra cima de 9 é algo que não pode ser banalizado, é uma exceção. O disco é excelente, e 8,5 tá bom.

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  3. Só eu acho tanto o "Burning Red" quanto o "Supercharger" (esse menos, mas ainda assim...) um tanto subestimados?

    Óbvio que não estão no mesmo nível do "The Blackening", por exemplo, mas ainda assim há várias boas músicas nesses discos (From This Day, Deafning Silence, Trephination, The Burning Red, Silver, etc.).

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  4. Eu acho que há coisas bem legais nos dois discos, Matheus (a própria Burning Red é linda).

    Mas, pra mim, o ressurgimento do Machine Head já se deu com força total no Through the Ashes of Empires, que é um disco ótimo, a pedra fundamental da qual a banda desenvolveu o estilo dos dois discos seguintes. Os três ão grandiosos, cada um ao seu modo.

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  5. Estou louquinho para ter esse álbum em mãos, e por isso tomara que ele receba uma edição nacional bem caprichada.

    Agora mesmo estava ouvindo o Unto the Locust e só de imaginar as faixas desse álbum tocados ao vivo, a vontade de tê-lo aqui é enorme.

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  6. Eu penso que mesmo os momentos bons dos primeiros discos, não passam apenas de bons momentos. Os dois últimos álbuns são espetaculares do começo ao fim. É isso que faz o diferencial do Machine Head hoje. Aliás, em relação ao thrash, estou ouvindo o novo disco do Destruction e é muito bom. Finzinho de ano ainda reservando coisas legais.

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  7. Também concordo com o Felipe e Thiago Hal. A virada do Machine Head foi com o The Blackening, ótimo do começo ao fim, apesar do Through the Ashes of Empire ser muito bom e antecipar o estilo atual da banda . Achava difícil que pudessem se superar mas o Unto the Locust foi algo incrível! Ainda não consegui comprar o álbum mas pelos trailers só pelo fato de executarem I am Hell e Imperium na pegada atual já deve valer a pena!

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