Grandes Produtores: Rick Rubin

Nascido em 10 de março de 1963 em Long Beach, Nova York, Frederick Jay Rubin é um dos mais conhecidos e respeitados produtores musicais há, pelo menos, 25 anos. Dono de uma carreira recheada de álbuns clássicos, Rick Rubin trabalhou com inúmeros artistas dos mais variados gêneros, demonstrando imensa habilidade e enorme intuição com cada um deles.

A carreira de Rubin teve início em meados da década de 1980, movida pelo envolvimento e pela paixão pela cena nova-iorquina de hip hop. Ao lado do amigo e DJ Jazzy Jay, criou em 1983 a Def Jam Recordings com o objetivo de dar voz e lançar discos dos artistas que faziam parte do então nascente cenário hip hop de Nova York. A primeira gravação da dupla foi “It’s Yours”, do rapper T La Rock. Esse trabalho abriu portas para a Def Jam, principalmente pelo apoio do renomado produtor Arthur Baker, que divulgou bastante a música. As produções seguintes de Rubin foram para artistas como LL Cool J, Public Enemy, Beastie Boys e Run D.M.C., estabelecendo o seu nome de maneira intrínseca ao rap.

Rubin deixou a Def Jam em 1988, mudou-se para Los Angeles e abriu a Def American Records. Na Califórnia distanciou-se do rap e aproximou-se do heavy metal, produzindo álbuns para bandas como Slayer, Danzig, The Four Horsemen, Masters of Reality e até mesmo para os então iniciantes ingleses do Wolfsbane.

Em 1993 decidiu tirar o “def” do nome da sua empresa, rebatizando-a como American Recordings. O primeiro projeto com a nova alcunha foi ao lado do lendário Johnny Cash e fez nascer o primeiro volume da premiada série de álbuns American Recordings, onde Cash gravou novas canções e deu a sua interpretação para composições de outros artistas. A parceria obteve grande sucesso de público e foi aclamada pela crítica, gerando seis discos: American Recordings (1994), Unchained (1996), American III: Solitary Man (2000), American IV: The Man Comes Around (2002), American V: A Hundres Highways (2006) e American VI: Ain’t No Grave (2010). Cash faleceu em 12 de setembro de 2003, mas deixou gravações que foram lançadas de maneira póstuma nos dois últimos discos da série. O trabalho ao lado de Johnny Cash reapresentou o “man in black” para o público e é considerado, de maneira unânime, como o maior feito da carreira de Rubin.



Mas a trajetória de Rick, como já dito, está repleta de discos que fizeram história. A sua parceria com o Slayer, iniciada no mais do que clássico Reign in Blood (1986), foi fundamental para transformar a banda em um dos maiores nomes da história do heavy metal. Rubin assinou a produção de grande parte da discografia do Slayer, incluindo outros discos excelentes e de grande repercussão como South of Heaven (1988), Seasons in the Abyss (1990) e Christ Illusion (2006). A sonoridade crua do Slayer deve muito a Rubin, que foi arquiteto da estética sonora particular do conjunto, diferente de tudo que havia no metal na época.

Outra banda que possui uma relação muito próxima e produtiva com o produtor é o System of a Down, que teve os seus principais álbuns assinados por Rubin. O mesmo vale para o Red Hot Chili Peppers, que virou mega banda sob a tutela de Rick em Blood Sugar Sex Magik (1991).

O estilo de trabalho de Rick Rubin é bastante particular. Como já revelado por vários músicos, ele não é o tipo de produtor que opera a mesa de som literalmente, muito pelo contrário. A atuação de Rubin se dá mais no campo das ideias, traçando um caminho para onde a banda deve seguir e mostrando como vê a sua essência sonora, como ela deve soar. Isso faz com que os discos produzidos por Rubin apresentem uma sonoridade autêntica, “verdadeira”, como se os grupos, ao trabalharem com ele, retomassem suas identidades. Talvez o maior exemplo disso seja Death Magnetic, álbum lançado pelo Metallica em 2008 e que mostrou que a banda ainda tem muito a dar aos fãs.

Vale lembrar que Rubin está produzindo 13, o disco que marca o retorno de Ozzy ao Black Sabbath após mais de 35 anos e é um dos mais aguardados de 2013.



Abaixo está uma discografia selecionada dos melhores e mais importantes discos produzidos por Rick Rubin. Por eles é possível não apenas perceber o impacto do produtor na música moderna, mas também entender as suas particularidades e principais características.

Para degustar o cardápio de Rick Rubin, ouça com atenção os LPs abaixo:

Run D.M.C. - Raising Hell (1986)
Slayer - Reign in Blood (1986)
Beatie Boys - Licensed to Ill (1986)
The Cult - Electric (1987)
Slayer - South of Heaven (1988)
Slayer - Seasons in the Abyss (1990)
Red Hot Chili Peppers - Blood Sugar Sex Magik (1991)
Mick Jagger - Wandering Spirit (1993)
Johnny Cash - American Recordings (1994)
Tom Petty - Wallflowers (1994)
AC/DC - Ballbreaker (1995)
System of a Down - System of a Down (1998)
Red Hot Chili Peppers - Californication (1999)
Johnny Cash - American III: Solitary Man (2000)
System of a Down - Toxicity (2001)
Red Hot Chili Peppers - By the Way (2002)
Johnny Cash - American IV: The Man Comes Around (2002)
System of a Down - Steal This Album! (2002)
Jay-Z - The Black Album (2003)
Slipknot - Vol. 3: (The Subliminal Verses) (2004)
System of a Down - Mesmerize (2005)
System of a Down - Hypnotize (2005)
Metallica - Death Magnetic (2008)
Adele - 21 (2011)
ZZ Top - La Futura (2012)


Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Opa!
    Um salve à mais uma sacada inteligente deste site. Nunca vi essa abordagem dos produtores antes. E eles são responsáveis pelos sucesso das bandas. Ou vc acha que U2 seria algo sem Brian Eno e Metallica sem Bob Rock?

    Muito bom!
    Admiro muito o trabalho de vcs e essas ABORDAGENS INUSITADAS.

    Aquele lance das listas de melhores do ano com convidados já foi puta sinistro ... estamos em março e nem consegui digerir o tanto de informação que aquele trabalho gerou.

    Eu conheci este site porque cai aqui numa busca que fiz à seção de discoteca básica da antiga Bizz e Showbizz, que maníacos como vcs reproduziram 100% delas aqui. Já, naquela época, eu vi que tinha algo diferente de conteúdo.

    Agradeço imensamente por poder participar. Vcs me salvaram do whiplash com notícias do tipo "hoje faz 10 ano, 1 mês e 13h que o cachorrinho de estimação do Axl Rose morreu".

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  2. Ótima iniciativa, adorei a matéria!

    Espero que continue a escrever sobre esses "alquimistas do Som" conhecidos como produtores. Gostaria muito de ler um sobre o Liminha, ex-baixista dos Mutantes e produtor musical, num futuro post.

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  3. FANTÁSTICO CADÃO!! Tchê, sempre quis saber algo a mais sobre os produtores. Essa série promete. RR é foda demais. Sempre antenadíssimo, grande abraço

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  4. Acho que vale recomendar também o Trans-Continental Hustle do Gogol Bordello... outra boa linha de trabalho do Rubin

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  5. Gostei da série. Se não há uma lista de nomes já elaborada, gostaria se ver alguns perfis. Tais como: Martin Birch (Purple, Maiden), Peter Grant (Led), Ted Templeman (Van Halen, Doobie), Rodger Bain (Sabbath, Budgie), Jeff Glixman (Kansas, Gary Moore), Al Kooper (Lynyrd), Tom Allom (Judas), Tom Dowd (Allman, Clapton)... E alguns de jazz, como Orrin Keepnews ou Alfred Lion.

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  6. Muito boa ideia. Parabéns ao Collector's Room.

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  7. Ótima matéria!!

    Abre ótimas discussões de quem poderia ser o próximo, Bob Ezrin, representando as antigas... Andy Sneap, que vem arrebentando ultimamente...

    Fora Kevin Shirley, Sascha Paeth, Bruce Fairbairn, Robert "Mutt" Lange...

    Tem tanta gente pra fazer nessa nova série...

    Esperamos que ela continue!!

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  8. Parabéns pela matéria!! Collector´s Room hoje em dia é o meu site de informações musicais. Esta série com produtores é interessantíssima. A maioria das pessoas não sabe que geralmente é o produtor que molda o som da banda. Já tive o privilégio de trabalhar com Marcos Gauguin (Sepultura, Overdose, Skank, etc) e foi uma experiência única, de muito aprendizado. Sigam em frente com o trabalho de vcs que está cada dia melhor! Grande abraço.

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