Rotting Christ (Teatro Odisseia, Rio de Janeiro, 16/03/2013)

Na última sexta-feira os gregos do Rotting Christ desembarcaram no Rio de Janeiro para a sexta das sete apresentações em território nacional previstas na turnê sulamericana. Pela primeira vez na Cidade Maravilhosa, os irmãos Sakis (vocal, guitarra) e Themis Tolis (bateria), ao lado de George Emmanuel (guitarra) e Vaggelis Karzis (baixo) deixaram todos os quase 300 presentes no Teatro Odisseia com o pescoço doendo de tanto headbanging!

A apresentação teve início às 19h10, 40 minutos após a hora marcada. O pequeno palco da casa, que dias antes havia recebido os suecos do Crashdïet, ficou ainda menor graças à ornamentação que consistia de duas faixas na vertical com os gárgulas/demônios/o raio que forem que ilustram a capa do mais recente lançamento do grupo, Kata Ton Daimona Eaytoy, que traduzido para o português, nada mais é do que "faça o que tu queres" – o mesmo de Raul Seixas, retirado da máxima de Alesteir Crowley, o satanista-mór do século XX.

Themis foi o primeiro a dar as caras e tomar o posto na bateria purpurinada oferecida pela produção do show. Ainda durante a introdução, George, Vaggelis e, finalmente, Sakis, subiram ao palco para a contagem regressiva para a total insanidade. A clássica "The Forest of N' Gai" abriu o show. Durante sua execução, a guitarra de George desafinou um bocado, mas o músico conseguiu resolver o problema sem perder o embalo da canção. "Athanati Este" veio na sequência relembrando o pouco festejado Sanctus Diavolos, mas teve boa resposta do público.

O primeiro sing-along da noite ocorreu em "Nemecic", quando o Odisseia inteiro foi tomado pelo "ooo ooo ooo" entoado a uma só voz pela multidão de camisas pretas. "King of a Stellar War" manteve todo mundo cantando junto e, a essa altura, o calor era tanto que as camisas começaram a ser tiradas. Uma rodinha pra lá de violenta tomou forma ainda nos primeiros acordes de "The Sign of Evil Existence", diretamente dos primórdios da banda que completa 25 anos de estrada em 2013.

Mais cadenciada, apesar de transpirar peso, "Transform All Suffering into Plagues" serviu para dar aquela descansada e se preparar para os rounds seguintes, pois a partir daquele momento, o lado mais brutal do Rotting Christ se faria presente através de algumas das melhores músicas já registradas pelo grupo. A primeira delas foi "Societas Satanas", originalmente gravada pelo Thou Art Lord... e tome porradaria, como vocês podem ver no vídeo abaixo:


Kata Ton Daimona Eaytoy foi representado por sua melhor canção, a impressionante "In Yumen-Xibalba", que soou ainda mais pesada ao vivo. Aliás, a ausência de teclados torna o Rotting Christ muito mais pesado ao vivo, para a alegria dos fundamentalistas, que acham que teclado em black/death não é "true". A faixa-título do lendário Non Serviam foi acompanhada com fúria: bastou Sakis pedir "make some fucking noise!". Acredito que os cariocas não tenham decepcionado neste quesito.

A reta final trouxe dois sons de Theogonia (2007), que é o meu disco favorito do Christ. "The Sign of Prime Creation" e "Phobos' Synagogue" podem não ter sido escolhas certeiras, mas de fato, mantiveram o nível da apresentação lá no alto. "Noctis Era" fechou o setlist com o relógio batendo exatamente uma hora de show.

Bastou a banda sair do palco para o coro "Rot-ting Christ" começar e só terminar com a volta dos caras a seus postos. O bis, bem como boa parte do setlist, já era do conhecimento de geral, então, não foi surpreendente ver as clássicas "Archon" e "Fgment, Thy Gift" serem cantadas a plenos pulmões com o que ainda restava das vozes dos extasiados headbangers. Às 20h15, o Rotting Christ deixou o palco de vez, com a sensação de dever cumprido por ter oferecido uma noite tão marcante ao tão carente público do extremo do Rio de Janeiro.

Depois do show, Sakis e companhia ainda foram confraternizar com os fãs no bar mais rock n roll da cidade... e, reza a lenda, deram uma conferida nas moças de utilidade pública que fazem ponto na rua de trás...


Por Marcelo Vieira
Fotos por Daniel Croce

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