Especial: 7 canções para Jeff Hanneman


Apesar dos problemas de saúde decorrentes da picada de aranha que o obrigou a ficar afastado do Slayer nos últimos anos, a morte de Jeff Hanneman, há sete dias, pegou a todos de surpresa. Ainda novo, lutando para voltar a tocar e tendo muito a fazer, Jeffrey John Hanneman partiu aos 49 anos deixando um imenso legado.

Natural de Oakland, California, Jeff levou consigo os méritos de ser fundador de uma banda ímpar no heavy metal. Com o Slayer, gerou uma discografia praticamente imaculável e fundou, ao lado de Metallica, Exodus e outras poucas bandas, o thrash metal que varreu a década de 80. Pavimentou uma sonoridade mais extrema, que seria pilar também do death e do black metal. Além disso, - e talvez seja esse seu maior mérito -, atingiu níveis de agressividade até então impensáveis quando agregou ao metal elementos do punk/hardcore em uma época em que os dois gêneros eram equivocadamente vistos de forma dissociada.

A morte de uma cara como Jeff Hanneman não pode passar em branco. É preciso saudar a obra de um dos músicos mais influentes de sua geração, ainda que sua produção esteja em um nicho bastante específico. Na Collectors Room, todos têm profundo respeito pela obra de Jeff. É por isso que novamente fazemos um post especial, a seis mãos, no qual Guilherme Gonçalves, Rodrigo Carvalho e Rodrigo Simas tecem comentários sobre Jeff e Slayer por meio de uma música especial para cada um. A elas, foram acrescentadas outras quatro que moldaram a música praticada pela banda e que julgamos sintetizar sua obra.

E pra você? Qual música do Slayer tem sabor especial? Participe com seu comentário.

Guilherme Gonçalves - "Evil Has No Boundaries"

Ouvi Slayer pela primeira vez no fim dos anos 90. Um fitinha k7 com Reign In Blood gravado a partir do disco de algum amigo. A impressão não poderia ser outra: que banda animal! Ninguém jamais conseguiria fazer algo sequer parecido. Porém, como na época não tinha nem dez anos, pensei que logo descobriria vários exemplos daquele som que saía do aparelho como um coquetel molotov de riffs perfeitos, distribuindo insultos e raiva de espírito. Ledo engano. Passaram-se quase 15 anos, hoje tenho 23, e ainda não há nada similar. Apesar de Reign In Blood ser, indiscutivelmente, o suprassumo quando o assunto é Slayer, fico com uma música do Show No Mercy, que é NWOBHM puro e, alguns anos depois, foi o primeiro que realmente comprei e pude vivenciar aquele ritual de abrir o disco, ver o encarte, acompanhar as letras e sentir a veia fervendo. "Evil Has No Boundaries", com Hanneman riffando alucinado e Tom Araya personificando a desgraça, é imbatível.



Rodrigo Carvalho - "Playing With Dolls"

Não vou mentir e dizer que sempre fui um grande fã do Slayer, desde que comecei a ouvir. Muito pelo contrário, aliás, foram anos até acostumar com o extremismo de seus discos e passar a gostar da sua música (apesar de continuar ignorando solenemente o Show No Mercy e, admito que foi apenas com o caos sonoro de World Painted Blood, de 2009, que tive a vontade de explorar a fundo toda a discografia. Sendo assim, nada mais justo que escolher “Playing With Dolls”, uma música desse que pode ser o último álbum da carreira do Slayer, composta por Hanneman e que foge ligeiramente do padrão da banda, com indecifráveis mudanças de andamento, trechos arrastados e uma letra terrivelmente psicológica.



Rodrigo Simas - "Seasons In The Abyss"

É um pouco surreal ler que um músico que você ouviu pela sua vida inteira morreu. Sempre achei que me acharia velho quando meus ídolos de adolescência começassem a falecer, mas que seria o curso natural da vida e ela mesmo se encarregaria de seguir pra frente, com nossas rotinas demandando mais um dia trabalho. Não é bem assim. Como muitos da minha geração, conheci o Slayer com o clipe de "Seasons In The Abyss" que - pasmem - passava sempre nos idos tempos da MTV. Anos após anos acompanhei a carreira da banda, às vezes mais atento, outras mais distante, mas sempre com um profundo respeito pelo que eles representam. Ouvindo sua música mais uma vez e com tantas - boas - recordações que ela me traz, descobri que estava completamente enganado: me sinto muito mais jovem. Obrigado Jeff Hanneman, vá em paz.



A espinha dorsal da sonoridade do Slayer









Por Guilherme Gonçalves, Rodrigo Carvalho e Rodrigo Simas

Comentários

  1. Seasons in the Abyss é a minha preferida. Depois, vêm Divine Intervention e Dead Skin Mask.

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