As Novas Caras do Metal 20: Especial Bandas Suecas - Parte 2

A quantidade de boas bandas na Suécia impressiona. O país escandinavo transborda novos nomes que surgem em escala industrial e que se destacam, sobretudo, por aquilo que é primordial na música: qualidade. Tanto que decidimos iniciar uma série especial dentro de um espaço nobre que já destacava os grupos recentes mais promissores da cena mundial, desta vez privilegiando exclusivamente os suecos e tendo o ótimo Witchcraft como 'cabeça de chave'.

Após o
pontapé inicial dado por Ricardo Seelig, coube a mim, Guilherme Gonçalves, dar sequência a esse prazeroso trabalho. Nesta segunda parte, tentei passear por vários gêneros. Logo, há na lista um pouco de tudo: heavy, death, thrash, NWOBHM, stoner, hard rock e por aí vai. Critérios? Apenas dois, basicamente: ser bom e ter surgido depois do ano 2000.


Aumente o som e boa leitura!



Witchcraft


Uma consulta rápida no Metal Archives aponta pelo menos 13 bandas com a alcunha Witchcraft. A maioria, na verdade, até já acabou. Algumas mudaram de nome. Pouquíssimas seguem na ativa. Uma delas, e certamente a melhor, vem de Örebro, na Suécia, e foi fundada em 2004 por Magnus Pelander. Antes guitarrista, atualmente o cara concentra-se apenas nos vocais e parece ter encontrado sua melhor forma. Tanto que, apesar de três bons discos nas costas, foi com
Legend (2012), o primeiro após hiato de cinco anos, que o grupo virou um quinteto, alcançou outro patamar sonoro e roubou a cena no último ano. Um dos principais atrativos do Witchcraft é incrementar sua musicalidade doom com elementos do psicodélico inglês dos 70's. Se ainda não conhecia, não se preocupe. Tens a chance de fazê-lo com a banda no auge.


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Maim

Dois discos apenas já foram mais do que suficientes para alçar o Maim ao posto de uma das bandas novas mais fiéis ao velho death metal sueco dos anos 90. A estreia com
From the Womb to the Tomb (2009), principalmente, teve papel fundamental nesse processo. A sonoridade do grupo remete a uma continuação natural dos primeiros trabalhos de nomes como Dismember, Entombed e Grave, só que com o privilégio de contar com produção/gravação de qualidade muito superior. Por outro lado, nada se perde, já que os timbres mantêm intactos os preceitos básicos dessa escola tão peculiar e representativa da música extrema. Som que, como o próprio nome Maim sugere, "mutila" os ouvidos da melhor maneira possível. Cadenciado quando precisa esmagar, veloz e sem escrúpulos quando tem que apavorar. Tudo na medida certa.


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Skraeckoedlan

Stoner com timbres e vocais similares a algumas coisas já feitas pelo Baroness, mas não tão intrincado quanto. Mais direto, mais redondinho. Essas são só algumas das características rapidamente identificadas no Skraeckoedlan, formado em 2006 na cidade de Norrköping. A banda tem apenas um disco completo até o momento: o interessante
Äppelträdet (2011). Como se nota, os caras investem mesmo no idioma sueco. Desde o próprio nome, passando pelos títulos do álbum, demos e EP's, bem como nas letras. Algumas são em inglês, mas a maioria esmagadora vai na língua pátria dos caras. Destaque total para as guitarras de Robert "Poncho MF" Lamu e Henrik "Hank the Tank" Grüttner. Melódicas quando precisam ser, mas sem perder uma dose fundamental de peso. Os dois dividem também os vocais. Vale conferir!


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Captain Crimson

O nome, claro, suscita dois ícones dos anos 70 logo de cara: Captain Beyond e King Crimson. O som, porém, trata de afastar rapidamente a fusão sugerida. A música desses quatro suecos, também naturais de Örebro, restringe-se muito mais às influências do hard rock da banda de Rod Evans e Lee Dorman. Pouco ou quase nada tem de progressivo, excluindo qualquer possível semelhança com o grupo de Robert Fripp. Fundado há bem pouco tempo, em 2011, o Captain Crimson lançou em 2012 seu álbum de estreia, o ótimo
Dancing Madly Backwards, um primeiro disco muito maduro e que mostrou que o quarteto tem um futuro promissor pela frente. Outros paralelos sonoros podem ser traçados com os saudosos Mountain e Cactus. Ou seja, procedência e qualidade mais do que garantidas. Ouça sem medo de errar.


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Year of the Goat

O Year of the Goat é uma banda peculiar. Os caras conseguem ser obscuros com melodias que beiram o pop. O que mais chama a atenção é a suavidade que preenche cada pedaço do som do grupo, formado em 2006. Tanto pelas linhas de guitarra como pelo mellotron, o que se ouve são notas carregadas de emoção. Para acentuar ainda mais tudo isso, por cima vem o vocal sempre limpo de Thomas Sabbathi. Dessa leva occult rock que explodiu de uns anos para cá, talvez seja um dos nomes com a sonoridade mais acessível. O Ghost também tem algumas dessas características, mas traz momentos até mais densos do que o Year of the Goat, que se pauta bastante pela leveza e objetividade. Depois de dois EPs, chegou ao primeiro disco completo em 2012,
Angels Necropolis, elogiado mundo afora também pelas influências setentistas.


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Corrupt

Tudo começou para o Corrupt com a demo Born of Greed, em 2004. Três músicas intensas e que já mostravam o poderio desses quatro suecos de Arvika, donos de um thrash metal intenso e com várias boas sacadas. Na linha das bandas alemãs do gênero, o Corrupt tem uma sonoridade obscura e que engloba também alguns aspectos do black metal, sobretudo no vocal de Joseph Tholl. Depois de um split com o Necrovation e um EP, chegaram ao primeiro álbum completo em 2012. Intitulado
Slavestate Serenades, o trabalho comprova a grande evolução do grupo em termos de composição. A produção, entretanto, peca um pouco e não tem lá um grande salto de qualidade, mas é compensada pelos riffs cortantes de Joseph e também do guitarrista Olof Wikstrand. Altamente recomendado aos amantes do thrash old school e sem quaisquer firulas.


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In Solitude

O In Solitude está por aí há mais de dez anos, mas só em 2008 lançou seu primeiro álbum completo. Depois disso, vieram mais duas pedradas, sendo
Sister (2013) a mais recente e que tem sido extremamente aclamada. Na sonoridade, nenhum segredo: heavy/doom metal que fica exatamente no meio do caminho entre os conterrâneos do Candlemass e o vizinho Mercyful Fate, da Dinamarca. De certa forma, a banda acaba tendo uma identidade muito forte, principalmente pelo vocal de Pelle Åhman, identificável até debaixo d'água. Musicalmente, há algumas partes mais 'dançantes' que são interessantes e ajudam a diferenciar o som dos caras, o que é sempre salutar. Vez ou outra, há também alguns exageros que superestimam o In Solitude. Mas, no fim, é sim uma boa banda.


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Horisont


Basta alguma banda fazer um heavy/hard rock 70's com pitadas de doom e logo vem uma leva de gente classificando como a nova cria do Pentagram. Sim, grande parte realmente tem esse lance Bobby Liebling wannabe, mas ficar preso nisso é reduzir demais. Vejamos, pois, o Horisont. Para muito além da influência do grupo americano, esse quinteto sueco formado em 2006 está mais para um amálgama de UFO, Thin Lizzy e tudo que tiver guitarras gêmeas em abundância. Amantes da NWOBHM, sintam-se em casa. Os três álbuns lançados por eles trilham justamente essa cartilha. O mais recente é
Time Warriors, que saiu agora em setembro. Antes de cair de cabeça, porém, um aviso: pra curtir o Horisont, tem que curtir Rush. O vocal é Geddy Lee total. Até mais agudo, talvez. Eu me amarro. Espero que você também.


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Great Mammoth

Assim como o som que pratica, o Great Mammoth parece estar situado décadas atrás em termos cronológicos. Não é fácil encontrar informações sobre a banda. Data de formação, discografia e outros aspectos acabam ficando um tanto quanto nebulosos quando adentramos no universo do Grande Mamute. Porém, tudo acaba recompensado quando ouvimos a música poderosa desse quinteto de Kumla, uma cidade minúscula com não mais do que 20 mil habitantes. Cenário propício para um grupo obscuro, esfumaçado e introspectivo? Sim, é bem por aí. Guardadas as devidas proporções, o Great Mammoth se assemelha bastante aos conterrâneos do Graveyard. Proximidade que, aliás, qualquer banda gostaria de ter. Se facilitar as coisas para quem deseja conhecê-la, a banda tem tudo para ser ainda mais cultuada.


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The Crystal Caravan


Que salada musical faz o Crystal Caravan. Impossível classificar a banda em um único gênero, já que a mesma passeia por hard rock, folk, blues, rock psicodélico e mostra um vasto leque de opções quando o assunto é criar sem impor barreiras. Niklas Gustafsson é um vocalista gordão e peculiar. Consegue transitar bem por vários estilos e traz consigo algo de Ian Anderson. A barba, talvez. Mas não é só isso. De certa forma, há muito de Jethro Tull neste combo de sete integrantes e que foi formado em 2002. De lá para cá, três discos, sendo With Them You Walk Alone, lançado em 2013, o mais recente. Quem gosta de Jefferson Airplane certamente irá se deleitar. Os vocais da percussionista Annika Bränberg em muitos momentos lembram a saudosa Grace Slick. Encantador.

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Witchgrave

Há algum tempo, surgiram com o termo New Wave of Traditional Heavy Metal (NWOTHM). Trata-se de uma alusão ao prolífico NWOBHM, boom de bandas inglesas que readaptou o gênero na virada da década de 70 para 80, só que agora aplicado a grupos de todo o mundo que resgatam essa sonoridade. Em outras palavras, uma bobagem um tanto quanto inútil. Mas quem está por trás disso, tem a obrigação de incluir o Witchgrave como um dos melhores expoentes desse "movimento". Formado em 2008, o quarteto estreou com o EP The Devil's Night (2010) e voltou em 2013 com um full lenght homônimo. Além das influências óbvias de Maiden, Priest e Saxon, o Witchgrave tem uma pegada muito identificada com o Venom, o que deixa tudo muito melhor. Joakim Norberg canta com sotaque carregado e bem na linha Cronos. Não tem como não gostar.

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Por Guilherme Gonçalves

Comentários

  1. Valeu, Guilherme.. baitas dicas! Já to correndo atrás pra conhecer o Maim..! \m/

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  2. Muito bacana a matéria! Alguns comentários instigaram bastante.
    Do Witchcraft, eu só conheço o último álbum, que é encantador.

    O do Year of the Goat é outra delícia de se ouvir. As canções são simplesmente louvores satânicos, tamanha a melodia desse álbum de 2012.

    Quanto ao In Solitude, eu sempre me deparo com exageros rs. Até agora a banda muito pouco me agradou. Quase nada mesmo, na verdade...

    Há pouco tempo conheci o Horisont, com seu último disco, e achei bacana.

    Sobre o Crystal Caravan, quando li a crítica do Ricardo (se não me engano) aqui no site, me entusiasmei bastante, mas, ao ouvir algo do disco, me decepcionei. Recentemente voltei a escutar as poucas músicas que baixei, e a minha sensação foi totalmente diferente. Preciso baixar o disco inteiro, pois me empolguei.

    Quanto às outras bandas, me chamaram atenção os comentários a respeito de Great Mammoth, Skraeckoedlan e Captain Crimson, dessa última principalmente.

    Valeu pelas dicas!

    Ah, na primeira parte dessa matéria, eu comentei sobre algumas bandas novas - uma delas o Noctum, que acabou de lançar um álbum chamado Final Sacrifice. Pesquisando, eu soube que, para variar, eles também são suecos. É uma banda que merece a atenção de vocês. Esse disco que lançaram ficou ótimo.

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