Crítica do livro Iron Maiden Run to the Hills: A Biografia Autorizada,de Mick Wall

Talvez eu tenha lido muito sobre o Iron Maiden, afinal sou fã da banda inglesa desde a adolescência. Talvez Mick Wall, o jornalista inglês autor desta biografia sobre o grupo inglês, já tenha escrito o trabalho de sua vida em Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, onde conta a história do Led Zeppelin. Não sei qual destes dois motivos, mas a conclusão é bem clara: Run to the Hills, a biografia autorizada do Maiden escrita por Wall, é um livro que não alcança alta expectativa esperada. Não chega a ser um livro ruim, mas é bastante decepcionante.

Pode ser obra da tradução da edição brasileira, mas o fato é que o texto não engrena em nenhum momento. A narrativa é cansativa e amarrada, o que é inexplicável em uma história com tantas reviravoltas quanto a do Iron Maiden. Não li a edição inglesa, então não possuo parâmetros para comparar a original com a versão nacional, mas é inegável que chegar ao fim das 400 páginas desta biografia foi um trabalho árduo.

Uma possível explicação para isso talvez esteja na data do lançamento original de Run to the Hills, o livro. Uma das primeiras obras de Mick Wall, chegou às lojas no já longínquo ano de 1998, e não traz a personalidade e identidade do texto que encontramos em outros livros do jornalista inglês, como a já citada obra dedicada ao Led Zeppelin e na também excelente Metallica: A Biografia. Ao comparar estes três livros, percebe-se que Mick Wall ainda não havia encontrado a fórmula que desenvolveu para narrar a trajetória de seus heróis. Não há nada épico e surpreendente aqui, ao contrário dos títulos dedicados ao Led e ao Metallica. E, convenhamos, não encontrar elementos atraentes para contar a história de uma das maiores bandas de todos os tempos é, no mínimo e na falta de uma palavra mais apropriada, um balde de água fria (poderia optar por "incompetência", mas Wall já provou a sua capacidade em vários outros títulos).

Há problemas estruturais também. O texto ocupa quase metade do livro para contar a formação da banda e o seu período com Paul Di'Anno, enquanto a outra metade é dedicada aos tempos com Bruce Dickinson e Blaze Bayley. Quem conhece a história da banda sabe que a época áurea do Maiden foi justamente com Bruce, e os fatos praticamente imploram por mais espaço. Além disso, o livro cobre a linha do tempo do Iron Maiden somente até o álbum Dance of Death, lançado em 2003. O livro acaba em 2003, deixando dois discos de estúdio e dez anos de história no limbo. Por mais que a obra original não tenha recebido uma atualização, lançar a biografia da banda de heavy metal mais popular entre os brasileiros ignorando a última década de sua vida soa quase amador. Um apêndice exclusivo para o mercado nacional com capítulos contando esse período seria o apropriado, como, inclusive, já foi feito por várias editoras. Uma imensa falta de senso comercial salta aos olhos nesse aspecto.

A obra não é de toda ruim e tem seus méritos, mas a sensação, ao final da leitura, é que poderia ser muito melhor. Por todos esses aspectos, Run to the Hills acaba sendo um livro dedicado apenas para os fãs mais apaixonados do Iron Maiden, parcela do público que sabe de cor e salteado praticamente todo o conteúdo que ele carrega em suas páginas.

Tinha tudo para ser um dos lançamentos do ano, mas acabou se tornando uma enorme decepção.

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Este livro é bem chapa-branca, feito pelo Mick Wall na época do Virtual XI, quando o Bruce estava fora da banda. Por isso o livro é bem a visão / versão do Steve Harris. O adendo do texto, do Brave New World até o Dance Of Death, foi feito pelo Dave Ling, outro jornalista amigo dos caras do Maiden. Enfim, apesar de existirem muitos livros sobre o Maiden, nenhum ainda chegou lá, especialmente quando o assunto são os golden years e os anos 90 dos caras.

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  2. Biografia autorizada vale menos que uma caixa de mariola, não serve para nada, tanto faz de quem seja, banda de rock, ator, cantor, político, jogador de futebol, etc.

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