Top 2013 Collectors Room: Anderson Oliveira, do Passagem de Som e da Revista Som, e seus melhores do ano

Seja à frente do Passagem de Som ou da Revista Som, Anderson Oliveira demonstra conhecimento de causa quando o assunto é música de qualidade. E essa característica é comprovada em sua lista de melhores do ano, um mergulho ao mundo dos bons sons.

Gov't Mule - Shout!

Shout! é o décimo registro do Gov’t Mule, banda liderada pelo incansável Warren Haynes, seguramente uma das maiores referências das seis cordas na atualidade. Mesmo dividindo o tempo entre sua banda e o Allman Brothers, onde substitui nada menos que o lendário Duane Allman, Warren surpreendeu em 2013 com um disco que beira a perfeição até mesmo para quem já era fã do Gov’t Mule. Com a união entre melodia, técnica e o mais puro feeling, Warren Haynes apresenta a essência de alguns dos maiores nomes da história do blues em um trabalho grandioso. Dividido em dois discos, Shout! reserva para sua segunda metade a participação de uma verdadeira constelação de artistas como Elvis Costello, Dr. John, Glenn Hughes e Steve Winwood.


Tedeschi Trucks Band - Made Up Mind

Em seu segundo álbum de estúdio, a Tedeschi Trucks Band segue vivendo totalmente alheia às tendências da indústria pop e avança ainda mais em relação ao seu trabalho de estreia, o já sensacional Revelator. Contando com uma linha de frente que inclui a belíssima e talentosa Susan Tedeschi, além do brilhante guitarrista Derek Trucks (que ao lado de Warren Haynes forma a dupla de guitarristas do Allman Brothers), o grupo americano traz em seu novo registro ingredientes capazes de tornar Made Up Mind um clássico do gênero. Transitando com facilidade pelo blues e o soul, a Tedeschi Trucks Band cria melodias de rara beleza e caminha com a certeza e confiança de quem ainda tem uma longa estrada pela frente.


Rock Candy Funk Party - We Want Groove

Joe Bonamassa construiu na última década uma carreira ligada diretamente ao blues para depois expandir seu horizonte musical e fazer parte de um dos supergrupos mais aclamados dos últimos tempos, o Black Country Communion. Depois de lançar três álbuns e ver o grupo implodir após divergências com o baixista Glenn Hughes, JoBo não encontrou tempo para lamentar e surprendeu mais uma vez com seu novo projeto, o Rock Candy Funk Party, que em sua formação conta com o tecladista brasileiro Renato Neto (Kid Abelha, Prince, Stevie Wonder). We Want Groove mergulha de cabeça no funk revelando uma nova face do guitarrista; e embora sua capa seja inspirada na de We Want Miles, lançado na década de 80 por Miles Davis, sua música tem identidade própria e impressiona pela técnica e diversidade.


Moby - Innocents

Desde que lançou o seminal Play, ainda no fim do século passado, o produtor francês Moby fez com que a linha tênue que separa a música eletrônica da chamada world music fosse rompida de uma vez por todas. Ao agregar o rock, o blues, a música gospel e tudo o que desejasse ao seu trabalho, se tornou um artista imprevisível e aclamado, mas se perdeu nesse mar de possibilidades nos lançamentos seguintes, se encontrando novamente em Innocents, disco lançado quase 15 anos após seu principal trabalho. Produzido por Mark 'Spike' Stent, responsável por trabalhos ao lado de nomes que vão de Bjork até U2, o novo registro de Moby é o passo que deveria ser dado após o lançamento de Play. Melancólico, denso e com participações pontuais, Innocents encontrou seu lugar dentro do universo pop sem deixar de ser intimista.


Ghost - Infestissumam

Proporcionar uma renovação dentro de uma cena tão conservadora como o heavy metal não é das tarefas mais fáceis, mas o Ghost conseguiu. Se nos últimos anos nomes como Rammstein, Slipknot e Korn ainda geram desconfiança por parte de um público que vê no novo uma ameaça, o grupo liderado pelo sinistro Papa Emeritus passa por cima dessa situação ao não se afastar dos principais elementos que fizeram do metal objeto de culto para seus fãs. Composições profanas e riffs bem desenhados colocam o grupo distante de qualquer vertente específica do heavy metal e fazem de seu segundo trabalho um disco para ser ouvido do início ao fim.


Buddy Guy - Rhythm & Blues

Uma das maiores lendas do blues em atividade, os últimos anos pareciam apontar para uma aposentadoria de Buddy Guy. Depois de conquistar o Grammy em 2010 – com o ótimo Living Proof – e rodar o mundo celebrando clássicos do gênero, novamente o guitarrista da Louisiana comprova sua relevância no mundo da música com um lançamento de tirar o fôlego. Chamado simplesmente de Rhythm & Blues, o disco duplo segue caminhos diferentes e bem definidos. Enquanto Rhythm se dedica ao soul, Blues mostra o por quê de Buddy Guy ser considerado um dos maiores nomes do chamado Chicago Blues, vertente que consagrou nomes como Freddie King, Magic Slim e Otis Rush. Cheio de participações, traz duetos que incluem integrantes do Aerosmith, a revelação Gary Clark Jr, a cantora Beth Hart e uma enormidade de artistas dispostos a manter viva a chama do blues.


Deep Purple - Now What?!

Construir um legado como o realizado pelo Deep Purple muitas vezes pode ser um fardo difícil de ser carregado. Now What?!, 19º álbum do grupo, não tem o impacto de um Machine Head ou Burn, mas faz bonito. Coeso, é um disco que caminha dentro da realidade do grupo e explora suas melhores qualidades. Como um bom dinossauro, o Deep Purple ainda mostra sua relevância no mundo do rock com muita categoria.


Manuche - Livre

Rock é um termo tão simples que deveria ser identificado sem a necessidade de transitar por tantas vertentes e públicos diferentes. Livre, disco de estreia do Manuche, tem todos os ingredientes que um bom disco deve ter: bebe do blues em músicas recheadas de boas melodias. Sem firulas e com solos pontuais, o grupo formado por Tom Gil e Feuu Moucache também contou com a participação de Andreas Kisser nas gravações. Altamente recomendável.


Booker T Jones - Sound the Alarm

Não é necessário explicar o tamanho da importância de um artista como Booker T Jones, um dos maiores músicos da história. Dono de clássicos e parcerias antológicas na carreira, o artista americano lançou em 2013 um disco tão grandioso quanto sua história. Sound the Alarm marca o retorno do tecladista à Stax Records e é um álbum digno de elogios do início ao fim. Booker T Jones se mostra em plena forma e proporciona uma verdadeira aula em faixas que contam com participações de nomes como Mayer Hawthorne e Gary Clark Jr.


Black Sabbath - 13

Confesso que no início não esperava muito desse álbum e talvez não tenha nem me surpreendido tanto com o lançamento de seu primeiro single, a longa e pesada “God is Dead?”, mas 13 é digno da história do Black Sabbath. Pesado, inspirado e um dos mais soturnos álbuns da carreira do grupo, mostra como a química entre seus integrantes ainda funciona perfeitamente tantos anos depois. Fica a parte triste da ausência do baterista Bill Ward, ainda que tenha sido muito bem substituído por Brad Wilk. De qualquer forma, me senti diante de um disco que será lembrado em alguns anos, sendo posicionado ao lado dos maiores clássicos do Black Sabbath.

Comentários

  1. Melhor lista até agora. E ainda falta o Days are gone do Haim.

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  2. Eu só conheci o Gov't Mule por uma música publicada aqui no CR deste álbum e achei muito bom. O disco deve estar mesmo do caralho, inclusive por conta das participações.

    Nem fazia ideia desse Rock Candy Funk Party! Bonamassa é inquieto demais mesmo, hein. Ainda bem.

    Do Moby eu tentei alguma coisa logo que saiu o disco, pela capa, pelo vício no disco do Daft Punk, mas não rolou.

    Sou, praticamente, totalmente ignorante em blues. Buddy Guy eu só ouvi esse ano, com algumas faixas de cada um desse disco duplo. Coisa fina...

    Lista bem interessante!

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