Top 2013 Collectors Room: os melhores do ano segundo Daniel Silva, do Rifferama

Todo fã de música e colecionador de discos é um pesquisador, um curioso, por natureza. Eu sou assim, e acredito que você também deva ser. No entanto, poucos tem essas caracterísitcas tão acentuadas como o Daniel Silva. Conheci o cara há alguns atrás através do Rate Your Music, e depois pessoalmente. Sempre cercado de centenas de discos, ouvindo mil coisas ao mesmo tempo e (seu grande diferencial) traçando relações entre os artistas e sons, Daniel é uma enciclopédia musical em formação.

Em 2013, todo esse talento e inquietude sonoras encontraram o seu lugar no blog Rifferama, projeto capitaneado por Daniel Silva dedicado à música produzida em Santa Catarina e aos bons sons de todos os lugares do mundo.

Um cara assim não poderia ficar de fora do nosso Top 2013, e abaixo você conhece quais foram os melhores discos do ano na sua opinião.


Black Sabbath – 13

O primeiro da lista não poderia deixar de ser esse. Não só pela qualidade, mas por sua importância. Ouvindo 13, nem parece que Ozzy, Iommi e Geezer estiveram 35 anos sem entrar em estúdio para fazer um disco juntos. A química entre eles ainda existe. Melhor seria se Bill Ward pudesse gravar, mas Brad Wilk (RATM) quebrou tudo na bateria. Acho pouco provável que o Black Sabbath lance outro álbum, então 13 é uma despedida em alto estilo da banda mais importante do heavy metal em todos os tempos.

 
Carcass – Surgical Steel

O guitarrista Michael Amott é um dos meus preferidos, muito por conta do clássico Heartwork (1993), um marco na história do metal moderno. Depois da gravação desse disco, ele formou o Spiritual Beggars e hoje lidera o Arch Enemy. A falta que ele faz em Surgical Steel, primeiro álbum do Carcass em 17 anos, é enorme, mas não ofusca o brilho desse trabalho, que coloca todas as bandas de death metal hoje no chinelo. Jeff Walker e Bill Steer continuam fazendo um som intrincado e brutal. Fantástico.


The Winery Dogs – The Winery Dogs

Tinha como dar errado um projeto envolvendo Richie Kotzen, Billy Sheehan e Mike Portnoy? Nunca. Dono de uma ótima (e extensa) carreira solo, Kotzen é lembrado mais pelas suas participações no Mr. Big e Poison do que pelo seu talento. Grande guitarrista, que já gravou até disco instrumental, é o destaque do álbum de estreia do Winery Dogs, apesar da poderosa cozinha. E dizer que o cara entrou na banda para substituir John Sykes ... Espero que agora Kotzen tenha o reconhecimento que merece como grande artista que é.


City and Colour – The Hurry and the Harm

Aos 33 anos, o músico canadense Dallas Green tem oito discos gravados, quatro deles com o Alexisonfire, banda que encerrou as atividades em 2012, e outros quatro com o City and Colour, seu projeto solo. Em vez da gritaria e distorção do post-hardcore que tocava com seus amigos em Ontário, The Hurry and the Harm é essencialmente acústico, assim como os trabalhos anteriores. Dallas Green tem uma voz belíssima e escreve canções de amor como ninguém. Está no auge da sua carreira e, pela idade, ainda tem muito a oferecer.


Scalene – Real/Surreal

A Scalene passou por uma grande transformação para chegar a Real/Surreal. Se com a vocalista Alexia eles soavam comuns, como um quarteto, a banda de Brasília passou à sensação do rock brasileiro. Gravado de forma independente, o primeiro disco do grupo é ambicioso. Duplo e conceitual, Real traz a faceta mais acessível da Scalene, com refrãos pegajosos e ótimas letras, mas é em Surreal que estão as melhores composições do álbum. Real/Surreal tem riffs que beiram o metal, com destaque também para o vocalista Gustavo Bertoni.


Queens of the Stone Age - ... Like Clockwork

… Like Clockwork não é nem de longe o melhor disco do Queens of the Stone Age, mas é melhor do que a maioria do que é feito atualmente no rock mainstrean. Josh Homme caprichou. Após seis anos de inatividade, o QOTSA apresenta algumas das suas composições mais brilhantes, como “The Vampire of Time and Memory”, “I Sat by the Ocean” e “I Appear Missing” (que baixista!). As participações especiais no álbum também merecem destaque: Dave Grohl, Elton John, Mark Lanegan, Alex Turner, Trent Reznor, entre outros.


Mayer Hawthorne – Where Does This Door Go

A estreia de Mayer Hawthorne, em 2009, com A Strange Arrangement foi tímida, mas o cantor, produtor, DJ, rapper, etc., evolui a cada disco que grava. Where Does This Door Go?, o terceiro, é o seu melhor até o momento. São 15 (duas vinhetas) ótimas canções pop com forte influência da soul music da década de 70. O produtor Pharrell Williams divide a autoria de três composições. Como se não bastasse ser um bom cantor, Hawthorne ainda tocou baixo, bateria, guitarra, percussão, piano e outros instrumentos no álbum.


Soilwork – The Living Infinite

O In Flames sempre foi uma das minhas bandas preferidas, mas não posso negar que o Soilwork hoje é um grupo infinitamente superior. The Living Infinite não tem uma música mais ou menos. Mesmo sendo duplo, sua audição não cansa. Pelo contrário, é muito empolgante. Com a exceção de Sworn to a Great Divide (2007), o Soilwork sempre foi uma banda que manteve a regularidade, seja em relação ao tempo de um disco para o outro (nove em 15 anos) ou à qualidade mesmo. Grande banda, grande álbum. Um dos melhores lançamentos do death metal melódico, sem dúvida.


Oficina G3 – Histórias e Bicicletas (Reflexões, Encontros e Esperança)

A temática cristã da Oficina G3 afasta muita gente, infelizmente. Devo dizer que às vezes as letras das músicas me incomodam, sendo ateu, mas é impossível e injusto não reconhecer o talento desses caras. Quantas bandas no Brasil se dão ao luxo de ter um guitarrista como Juninho Afram? A “onda” heavy metal atingiu a Oficina em 2005 com Além do Que os Olhos Podem Ver, atingiu o seu auge três anos depois, com Depois da Guerra, pesadíssimo e progressivo. O equilíbrio entre o lado mais pesado, sem deixar de ser acessível, foi encontrado em Histórias e Bicicletas, que foi gravado em Londres. Deixe o preconceito de lado e dê uma chance para esses caras.


Justin Timberlake – The 20/20 Experience – The Complete Experience

Após sete anos de dedicação ao cinema, com participação em bons filmes como A Rede Social e Alpha Dog, Justin Timberlake voltou para mostrar quem é o cara na música pop. No espaço de seis meses lançou dois discos, batizados como The 20/20 Experience. A diferença desses álbuns para FutureSex/LoveSounds, que saiu em 2006, é gritante. O que não mudou foi a duração das músicas, quase todas acima dos cinco minutos de duração. Apesar dos excessos (se fosse apenas um CD seria uma obra-prima), Justin Timberlake gravou dois ótimos trabalhos que exaltam a sua maturidade como o artista completo que é. Que não demore tanto para gravar o próximo.


Comentários

  1. Uma honra participar dessa lista com tanta gente bacana e com um conhecimento acima da média. Agradeço pelas palavras e pela força ao Rifferama. Tô à disposição do pessoal pra trocar ideia.

    Abraços

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  2. Legal o City and Colour ter sido lembrado. O Dallas lançou um disco bem bacana.

    Já haviam me falado pra dar uma escutada no Oficina 63, mas ainda não conferi, pelo preconceito, provavelmente. Pelos comentários dessa lista, está na minha hora de checar.

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  3. Que lista rica e variada: Carcass e Justin Timberlake.

    Muito bom!!!

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  4. Ricardo,
    podia colocar o rocklist de link do CR.

    http://www.rocklistmusic.co.uk/

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  5. Que lista interessante!

    Já que falou do Oficina G3, digo que o único trabalho dispensável dos caras, é o terrível "Humanos". Mas se ainda há preconceito devido as letras, saibam que até nisso eles fogem a regra e não fazem letras datadas do "mercadinho gospel". Você pode até não concordar, mas elas não incomodam.

    O Surgical Steel do Carcass, ta parecendo o Unto The Locust do Machine Head em 2011, está em quase todas.

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  6. Boa, Arthur! o "Unto the Locust" é fantástico!

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  7. Bacana a lista do Daniel. Como no caso do Rroio, nao concordo nos que eu conheço e os que eu não ouvi, vou dar uma olhada hehehe :)

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  8. Caramba, passei batido por esse disco do City and Colour (nem sabia que já tinha material novo dele!). Correndo atrás neste momento.

    Legal a inclusão do álbum do Scalene, um dos mais interessantes nacionais de 2013, com certeza.

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  9. O Pop é uma zona muito complexa: de pastiche ou ousadia, dependendo da pessoa.

    Você vê o Michael Jackson, que nasceu na Disco, indo pro Pop.
    Você vê a Madonna, que nasceu na Disco, indo pro Pop.
    Você vê o Peter Gabriel, que nasceu no Progressa, indo pro Pop.
    Você vê o Phil Collins, que nasceu no Progressa, indo pro Pop.
    Você vê o Damon Albarn, que nasceu no Britpop, indo pro Pop.
    Você vê a Gwen Stefani, que nasceu no Ska, indo pro Pop.
    E o inverso: uma Alanis Morissette que veio do Pop Seal-feminino pro rock, tendo no seu primeiro disco gente do Jane's Addiction e Red Hot Chilli Peppers dando suporte.

    Muito interessante a trajetória do Justin: no solo, fazendo coisas ótimas.
    O ex-N'Sync que nasceu do Pop mais pastiche-padrão possível, mas faz um Pop fino e ousado. Disco mais do que top, em 2013.

    No Pop atual, os homens estão experimentais e ousando com cérebro (e não com o pau: Bruno Mars, Cee Lo Green). As mulheres estão GAGAguejando e se repetindo num pop sem vida, apenas com apelo sexual. Já tá manjado! É sempre aquela coisa: raspando o tcham na tela do vídeo e fazendo aquelas caras de xvideos e redtube.

    Gosto de putaria, mas também gosto de música.

    http://en.wikipedia.org/wiki/The_20/20_Experience_%E2%80%93_The_Complete_Experience

    Faltou uma resenha desse disco por aqui, esse ano.

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