Thiago Vakka, editor do Intervalo Banger, participa do nosso Top 2013 e revela quais foram, na sua opinião, os melhores discos do ano.
O October Tide era um projeto do Fredrik Norrman e do Jonas Renske do Katatonia, mas foi por conta do Marten Hansen, vocal do A Canorous Quintet, que os descobri no Gray Dawn, quando era moleque. Na época, eu era maluco por death/doom da primeira leva do My Dying Bride, Paradise Lost, Anathema e o próprio Katatonia, mas todas as bandas mudaram pra cacete e o October Tide era feito pra manter aquele chorume vivo. A banda nunca foi levada à cabo pelos caras, até quem em 2010, onze anos depois do Gray Dawn, o Norrman assumiu a bagaça, deixou o Katatonia pra focar nessa aqui. Acabaram lançando o A Thin Shell, um disco excelente, pesado e poderosíssimo.
Eis que esse ano saiu o Tunnel of No Light. Um disco épico. Para mim ele saiu do forno direto pro hall dos maiores discos de doom da história. As músicas são densas, pesadas, arrastadas, melódicas na medida, pelo menos pra quem curte essa escola antiga de doom que o próprio Norrman participou com o Katatonia. Disco do ano de longe, pelo menos foi o que eu mais ouvi. Destaque para o trabalho vocal do Alexander Högbom, do encaixe de voz ao timbre do cara, tudo funciona perfeitamente, especialmente em “Emptiness Fullfilled”.
O Facada é hoje a maior banda de grindcore do mundo pra mim. Tem tudo ali: velha escola, nova escola, hardcore bruto e tudo mais. Só que tudo melhor e mais bem feito que todas os grandes deste estilo hoje. Pega qualquer uma como exemplo, eles quebram. Juro que queria ver esses caras dentro do mesmo estúdio que gravam Rotten Sound, Brutal Truth, Napalm Death, Pig Destroyer e qualquer outra com a mesma grana disponível. Se os caras já fazem esse estrago que fazem sendo tudo "no pelo". Destaque pra "Amanhã vai ser Pior".
Colored Sands é um disco colossal, monstruoso e torto de uma forma sem precedentes até pro próprio Gorguts, um dos ícones do death metal técnico dos anos 90. Aliás, uma época que death metal técnico não ERA sinônimo de punhetação ultra técnica e a 7.000 bpm. Outra banda que passou anos dormindo, foram 11 desde o lançamento do From Wisdom to Hate pra esse álbum. E como a banda tomou forma esse tempo. Achei foda que tem muita coisa nesse play que lembraria bandas da NOEVDIA, só que com a pegada única que o Gorguts consegue deixar o ouvinte sufocado e angustiado com o clima tenso que cria, do timbre aos temas mais inesperados. Foda!
O Mike Scheidt tem se mostrado um Rei Midas nos últimos anos. O trampo dele no YOB já é perfeito como é, mas de um tempo pra cá ele tem dedicado mais tempo a alguns projetos, seja os shows que tem feito solo ou com o Vhöl, a banda de death/black com o Aesop Dekker, e agora saiu esse último, o Lvmbar. Pra tentar explicar de um jeito rápido: sabe aquela cara pantanosa nojenta no timbre que ele consegue colocar no YOB? Aqui isso sai umas 10x mais imundo. Sludge/doom monolítico, épico, cantado com aquele vocal clássico dele emulando uma bruxa velha cozinhando umas feitiçarias pra satanás no caldeirão.
Eu tive a chance de entrevistar o Jamie St. Merat (batera) quando eles tinham acabado de lançar o The Destroyers of All. Lembro que ouvi pra kct esse disco e uma dessas vezes, eu acho que tava muito louco voltando pra casa no metrô e fiquei brisando em "Pra onde esses caras vão depois disso?". O Everything is Fire já era um puta disco criativo, aí veio o Destroyers que deixou a proposta deles ainda mais sólida, com um death metal brutalíssimo mas com muita referência ao Neurosis do Through Silver in Blood e do Times of Grace. Bom, eu não esperava que a coisa ficasse mais interessante, pelo contrário, achei que ia cair na mesmice. Aí veio essa patada de elefante, de cima pra baixo no meio do córtex setentrional (parte até hoje não descoberta pela medicina). Vermis é um disco espetacular, sem descanso e mostrando como esses caras são de fato geniais.
Postei recentemente no Facebook do blog o poster que saiu do festival Roadburn 2014 e eles vão tocar. O Ari, guitarrista do Facada, comentou: "Fodíssima e com uma puta personalidade, problema de 90% das bandas atuais." E completou "Podiam ter seguido o caminho mais seguro e tradicional do The Horror (que é foda, né?), mas fizeram um puta disco complexo indo bem além de qualquer fronteira de gênero". Não tenho o que acrescentar. O disco é exatamente isso.
Eu demorei pra dar uma chance pra essa banda. Na real só fui ouvir o som dos caras esse ano, quando eles tavam no palco do Roadburn tocando. O show foi impressionante, um clima horroroso, blasts que pareciam eternos, o batera parecia que ia morrer porque não tem um minuto pra pegar fôlego. Bom, acabei pegando o outro show da tour que fizeram com o Ash Borer e virei devoto dos caras, ao vivo realmente é uma das coisas mais tensas que tem por ae! E o Regunum Saturni não fica atrás. Black metal monolítico, o tempo todo fica uma massa sonora preenchendo os espaços, sem pausa pra riffs espetaculares ou firulas ou qualquer demonstração de técnica... O disco coloca o ouvinte praticamente dentro de um enxame nessas 3 músicas, cada uma beirando os 20 minutos cada uma.
Essa é nova banda do ogríssimo vocal do Clinging to the Trees of a Forest Fire, uma banda de grind que, acredite, usa MUITOS elementos de sludge. Aliás, eram tantos que o mano resolveu montar o Primitive Man só pra dar luz ao lado mais sombrio do Clinging. Uma dos motivos que sou fã do trampo do Ethan é que ele, de longe, é um dos vocais mais animais hoje em dia, sou realmente fã do trampo dele. Parece um animal raivoso babando pronto pra morder umas bundinhas por ae.
Não consigo imaginar uma banda chegar num nível tão asqueroso, podre, fétido, seboso, lodento, pantanoso, nojento e o que mais achar de adjetivo ~do bem~ pra isso aqui nos próximos anos. Bom, você já percebeu nas bandas citadas que sou fã de gravação podre e acho que o Abyssal realmente é a personificação do que melhor representa a mistura batida no liquidificador de Incantation, Blasphemy, Skepticism, Evoken, Beherit, só que tudo com o grave no talo e o vocal gravado pelo próprio Abismo, se um dia ele tomasse vida e virasse vocal de banda de death metal. Quando conheci essa banda, fiquei tão maluco, pedi os dois CDs no Bandcamp e lá só tinha escrito que eram "handmade". Achei que era alguma edição especial, e nem era. Era o play gravado em CD-r com os encartes completos, porém, xerocados hahahah. A banda não tinha selo ainda. Vieram essas versões mesmo e uma semana depois de quando eu recebi em casa, saiu uma nota na Profound Lore que eles ia lançar o play. Fiquei com a edição tosca, mas pelo menos apoiei a cena hehehe
Aqui eu fiquei na dúvida entre esse disco e o Sister do In Solitude, mas como passei os últimos dias ouvindo esse, vai ele mesmo, e sim, Aura tem só três músicas, mas as três valem por um monte de disco cheios de música que tem por aí. Ouça "Entranced by the Wolfshook" e você vai entender o que eu quero dizer. Um dos riffs mais fodas que ouvi nos últimos tempos. Absurdamente viciante. Bom, tem nego do Witchrist envolvido então tá tudo certo.
nuss velho, muito boa essa atmosfera do Bölzer!! só conhecia Carcass dessa lista! agora vou correr atras dos outros!!
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