Tigertailz: crítica de Knives (2013)


O Tigertailz passou por poucas e boas nos últimos dois anos. Não deve ter sido nada fácil para o guitarrista Jay Pepper sustentar o nome sem a figura de Kim Hooker, que apesar de não ser um dos fundadores, era a identidade visual da banda — vide a capa do clássico Bezerk (1990), na qual Hooker aparece sozinho, por exemplo. Em contrapartida, Pepper contou com a volta de Matt Blakout na bateria, assegurando a batida forte semelhante à dos muito bons Bezerk 2.0 (2006) e Thrill Pistol (2007). 

Em outubro do ano passado, com Jules Millis ao microfone e Rob Wylde no baixo, o Tailz lançou Knives, EP que serve não só para provar que a banda está mais ativa do que nunca, mas também para deixar claro quem é que detem os direitos sobre o nome e a marca. O que se ouve nos 21 minutos de música rolando é uma banda rejuvenescida, olhando para frente e buscando que a nova fase seja algo duradouro e rentável mental e financeiramente. A mini-turnê pelo Reino Unido que seguiu o lançamento do trabalho é um indicativo. 

Depois de quase um minuto de nada, o single "Shoe Collector" começa em um andamento mais lento se comparada às típicas faixas de abertura do Tailz. Quando Millis começa a cantar, nota-se uma voz frágil, porém afinada e de timbre jovial — especialistas associarão a Mark Evans, do Heavens Edge. O backing vocal funciona bem, mas a canção se perde em passagens desnecessárias — faltou um produtor linha-dura para impor os cortes. 

"One Life" é a típica balada de escola europeia, com teclado preenchendo as lacunas e camadas e mais camadas de vocais num refrão potente e grudento. Em "Bite the Hand", a boa e velha motoserra que é a guitarra de Jay Pepper é ligada e Matt Blakout finalmente desce o braço. A semelhança sinistra com Crashdïets e afins não surpreende — cedo ou tarde, o hard rock dos anos 2000 se tornará tão homogêneo quanto o do final dos anos 1980. 

"Spit It Out" aponta para uma linha mais festeira, com quiosque à beira-mar e bebida liberada para a mulherada que mostrar os peitos. A letra é meio que um desafio aos possíveis detratores ("Se você tem algo a dizer, bote para fora!"), mas o que dizer a respeito de um som que cativa você logo de cara???! Por fim, "Punched in the Gutz" retoma a porradaria de "Bite the Hand" e não tem como não suspeitar de que a canção existia desde os tempos de Wazbones (1992). 

Knives tinha como intenção mostrar ao mundo que o Tigertailz seguia vivo, mas foi além disso — Knives mostra ao mundo que é melhor ir se preparando, pois o melhor ainda está por vir!!! 

Nota 9,0 

01. Shoe Collector 
02. One Life 
03. Bite the Hand 
04. Spit It Out 
05. Punched in the Gutz 

Jules Millis - vocais 
Jay Pepper - guitarra, vocais 
Rob Wylde - baixo, vocais 
Matt Blakout - bateria 

Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Vocês estão resenhando muita banda de sonoridade clássica. Eu estou sentido falta das surpresas e novidades sonoras!

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  2. Concordo com o Patrick. O Scobar sempre dá uma cutucada, dizendo que a CR mostra somente parte das caras REALMENTE novas do rock e metal, das milhares que existem (segundo ele), e já disse que adoraria ver alguma lista dessas, mas ele não deu sinal de vida hehehe.
    Enfim, da parte da Collectors Room, creio que seria muito interessante alguns "novas caras do metal (nem precisa ser só metal)", com bandas totalmente originais e criativas (na medida do possível). Sem bandas com sonoridades clássicas ou que mesclem sonoridades clássicas. Conheci diversas bandas novas e boas por aqui e em outros lugares, mas acho extremamente difícil apontar poucas que apresentam de fato uma sonoridade totalmente nova. Talvez eu esteja pedindo demais, não sei.

    E não me entenda mal, as dicas de novas bandas, mesmo com sonoridades clássicas, mesmo que não muito originais, porém cheias de grandes músicas é e continua sendo muito bem vinda, pelo menos para mim.

    Tenho a ligeira certeza que repeti demais a palavra "sonoridades", mas vai ficar assim mesmo rsrs.

    Aproveito para tocar em outro assunto. Cadê aquelas matérias excelentes sobre prog que tinham começado e sumiram? Aquelas sobre os lançamentos de cada ano. Tem que voltar urgentemente!!!

    Abraço

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  3. Estamos trabalhando nisso. Porém, jamais deixaremos de mostrar os dois lados, tanto as bandas que julgamos inovadoras quanto as que apresentam sonoridades clássicas. Sendo bom, tem espaço aqui.

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  4. Tem horas que o povo esquece que os redatores do blog tem outras profissões... no fim das contas o blog é um hobby deles (embora não pareça) ...acho que temos que dar esse desconto antes de pensar em cobrar um cobertura TOTAL da cena...isso na verdade é mais obrigação de outras mídias....

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  5. Ora, são apenas sugestões que podem ser ignoradas, obviamente.

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