MaYaN: crítica de Antagonise (2014)

Projeto de Mark Jansen (After Forever, Epica), o MaYaN segue um caminho interessante, explorando liricamente a mitológica civilização maia enquanto, musicalmente, turbina o seu death metal com elementos sinfônicos. O resultado já havia surpreendido no primeiro disco, Quarterpast (2011), e consolida a sua qualidade com Antagonise, segundo álbum, lançado no final de janeiro pela Nuclear Blast.

Há mudanças significativas em relação aos dois discos. Em Quarterpast, Jansen contava com a participação de Simone Simmons, sua companheira no Epica, como convidada especial. Em Antagonise, Simmons, que se tornou mãe recentemente, não participa. Sua substituta é Laura Macri. Completam o line-up Henning Basse (vocal, ex-Metalium), Frank Schiphorst (guitarra, ex-Prostitute Disfigurement), Jack Driessen (teclado, ex-After Forever), Rob van der Loo (baixo, Epica) e Ariën van Weesenbeek (bateria, Epica). Como convidados especiais, Floor Jansen (Nightwish, ReVamp), Marcela Bovio (Stream of Passion) e o violinista Dimitris Katsoulis.

O MaYaN se sai indubitavelmente melhor quando investe no metal extremo, caso da ótima “Human Sacrifice”, com participação de Floor Jansen. Trata-se de uma música excelente, o mais próximo que podemos chegar de como soaria o Nightwish se fosse uma banda mais agressiva. Outros destaques são “Bloodline Forfeit”, “Burn Your Witches”, “Paladins of Deceit”, “Faceless Spies” e “Insano”, essa última muito próxima de uma ária de ópera e que serve como uma espécie de interlúdio postada estrategicamente no meio do disco, e onde Laura Macri brilha intensamente com a sua bela voz.

Ainda que o timbre de Henning Basse soe meio fora de lugar em alguns momentos - um vocalista com um tom mais grave me parece que casaria melhor com a proposta do MaYaN, ao invés do tom agudo de Basse -, isso não chega a comprometer o trabalho, apesar da inegável estranheza inicial. Os riffs de Jansen caminham pelo universo do death e são encorpados pela ótima performance da cozinha do Epica, que faz um trabalho irretocável, notadamente Weesembeek, que demonstra dominar a opressiva arte da bateria extrema, repleta de blast beats. Mais uma vez, como já havia ocorrido em Quarterpast, o trabalho de composição é inspirado, com ótimas ideias colocadas na mesa e exploradas com criatividade pelos músicos. As intervenções sinfônicas tornam as faixas mais épicas, e funcionam muito bem, contrastando com os momentos mais extremos.

Antagonise é um belo disco, que consegue unir em um mesmo universo duas sonoridades antagônicas: o death metal e o metal sinfônico. E faz isso sem apelar para o manjado esquema “a bela e a fera” tão comum em um grande número de bandas, onde o contraste entre uma bela voz feminina e o gutural masculino é explorado à exaustão. Na verdade, acontece justamente o contrário com o MaYaN: o protagonismo, sempre, é da voz gutural de Jansen, que, dependendo da canção, tem como contraponto Basse ou as vozes femininas presentes.

Mais uma bela bola dentro.

Nota 8

Faixas:
1 Bloodline Forfeit
2 Burn Your Witches
3 Redemption
4 Paladins of Deceit
5 Lone Wolf
6 Devil in Disguise
7 Insano
8 Human Sacrifice
9 Enemies of Freedom
10 Capital Punishment
11 Faceless Spies

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Gostei demais do primeiro álbum, e lembro q saiu muito rápido no Brasil, já este estranhei um pouco o vocal do Basse no início, mas depois da segunda audição já melhorou bastante. O negócio é esperar sair por terras tupiniquis (espero que não demore).

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.