House of Lords: crítica de Precious Metal (2014)

Não é surpresa para mais ninguém um novo álbum do House of Lords a cada dois ou três anos. Apesar das mazelas volta e meia enfrentadas por algum integrante, o grupo vem mantendo a regularidade em relação aos lançamentos. Mas é justamente aí que mora o problema.

Na bola — ou bolacha — da vez, Precious Metal, a exemplo de bandas como Grave Digger, Hammerfall e muitas outras, o HOL se rende novamente à fórmula do auto-plágio, oferecendo canções que não incorporam nada de novo ou marcante na sonoridade ainda funcional, que até empolga na primeira audição, mas não gruda na mente a longo prazo.

Sobre a banda, sejamos francos: James Christian ainda é um vocalista acima da média e Jimi Bell é um guitar hero por excelência. Em se tratando de qualidade técnica, não tem discussão: a dupla é peso pesado. A produção é detalhista e vislumbra os mínimos detalhes, como se cada canção tivesse sido cuidadosa e demoradamente lapidada — aliás, esta parece ser uma prática comum nos discos de AOR e afins chancelados pela italiana Frontiers.

A abertura com "Battle" já denuncia algo que venho observando há tempos: uma aproximação do HOL com o metal de qualidade europeia. A afinação baixa para assegurar aquele pegadão violento, a sobreposição de instrumentos como se fossem andares de um sanduíche a metro e o teclado sempre lá, estourando agudo nos speakers. Tem também as vocalizações harmoniosas e os solos virtuosos com timbre arredondado que a gente ouve desde World Upside Down (2005).

"I'm Breaking Free" aponta diretamente para os velhos tempos, com um refrão que é pura farofa oitentista. Na bateria, BJ Zampa assegura o backbeat com timing que permite girar a baqueta — bem... eu pelo menos consigo visualizar isso! “Live Every Day (Like It’s the Last)” se arrasta carregando uma mensagem positiva na letra, enquanto “Permission to Die” põe o pé direito fora da zona de conforto com um leve quê de versatilidade.

A faixa-título começa como muitas outras já registradas pelo HOL, na base do violão, com vocal crescendo à medida que a emoção floresce na interpretação ainda inabalável de Christian. Já em "Raw", quem brilha é Jimi Bell, voando baixo nas seis cordas. A música, em si, é ruim. "Action" é o que se pode chamar de canção das antigas com abordagem moderna e divide o caneco com "I'm Breaking Free". O restante, como era de se esperar, é da categoria mais do mesmo.

Entusiastas do melodic rock e das bandas do segundo escalão, obviamente, darão a este disco o tratamento de um futuro clássico, mas, definitivamente, falta potencial para tanto. O que de mais clássico Precious Metal tem a oferecer é, de fato, a mesma espadinha de Sahara (1990) — este sim, um clássico — na capa.

Nota 6,5

1. Battle
2. I’m Breaking Free
3. Epic
4. Live Every Day (Like It’s the Last)
5. Permission to Die
6. Precious Metal
7. Swimmin’ with the Sharks
8. Raw
9. Enemy Mine
10. Action
11. Turn Back the Tight
12. You Might Just Save My Life

Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Eu não conhecia isso, não. Vi no newalbumreleases e resolvi escutar alguma coisa do disco e achei fraco, fraco.

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