Testament: crítica de Dark Roots of Thrash (2013)

Dark Roots of Thrash é um dos grandes álbuns ao vivo da história do thrash metal e, por extensão, do próprio heavy metal como gênero musical. As razões para essa afirmação são muitas. A qualidade e força das dezoito faixas presentes no disco são de deixar qualquer fã do estilo não apenas embasbacado, mas, sobretudo, com o pescoço dolorido. A formação que gravou o play - Chuck Billy (vocal), Alex Skolnick (guitarra), Eric Peterson (guitarra), Greg Christian (baixo) e Gene Hoglan (bateria) - é provavelmente a melhor e, certamente, a mais técnica da história do quinteto norte-americano. E o trabalho que o grupo estava promovendo, Dark Roots of Earth (2012), é certamente um dos mais sólidos discos da carreira do Testament.

Gravado no The Paramount Theatre em Huntington, Nova York, no dia 15 de fevereiro de 2013, Dark Roots of Thrash foi lançado em 22 de outubro do mesmo ano em CD duplo, DVD e LP duplo. Com um setlist que equilibra canções mais recentes com clássicos do passado como “Practice What You Preach” e “Disciples of the Watch”, o disco prima pela energia e precisão com que as faixas são executadas. Capturando um momento especial na carreira da banda, Dark Roots of Thrash atesta não somente o poder sonoro e criativo do Testament atual como também faz justiça a um dos maiores e mais importantes nomes do thrash metal.

Tenho uma teoria, e queria dividi-la com vocês: o Testament dos últimos anos, de discos como The Formation of Damnation (2008) e Dark Roots of Earth, soa aos meus ouvidos de uma maneira similar como a que eu imagino que o Metallica estaria soando hoje em dia se seguisse na trilha do thrash. Explico: talvez isso se dê pela semelhança que sinto entre o timbre de voz de Chuck Billy e James Hetfield, ou pelo desejo utópico de ouvir Lars Ulrich tocando no nível de excelência exibido por Gene Hoglan. Ou, sendo mais prático e pés no chão, talvez eu faça essa associação pelo fato de que o Metallica sempre foi, desde o início, uma das maiores inflências do Testament. Seja como for, o fato é que canções como “Dark Roots of Earth”, “Rise Up” e outras entram pelos meus tímpanos e vão direto para as memórias afetivas relacionadas ao Metallica, por mais estranho que isso possa parecer para quem, por ventura, não tenha a mesma percepção que a minha.

Enfim, voltando ao Testament, o que temos é um álbum duplo sensacional, onde o desfile de boas composições é constante. Há ótimos momentos em abundância, como “Burnt Offerings”, “Native Blood”, “True American Hate”, “Into the Pit” e muitos outros, que só comprovam o momento especial da banda. A participação do público é marcante, e entre os músicos o nível é nivelado por cima, com performances inspiradas de todos, ainda que Hoglan acabe se destacando pela sua infinita capacidade técnica. Chuck Billy também merece menção, com excelentes interpretações.

Em suma, Dark Roots of Thrash é uma pedrada. É um bálsamo. É um presente. É um disco ótimo, que transborda metal de alto quilate em todas as suas faixas. E é, acima de tudo, o documento definitivo da força, importância e influência do Testament.

Não dá pra deixar passar!

Nota 9

Faixas:
CD 1
1 Intro
2 Rise Up
3 More Than Meets the Eye
4 Burnt Offerings
5 Native Blood
6 True American Hate
7 Dark Roots of Earth
8 Into the Pit
9 Practice What You Preach

CD 2
1 Riding the Snake
2 Eyes of Wrath
3 Trial by Fire
4 The Haunting
5 The New Order
6 D.N.R. (Do Not Resuscitate)
7 Three Days in Darkness
8 The Formation of Damnation
9 Over the Wall
10 Disciples of the Watch

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Me amarro no Live in London!

    Se for na mesma pegada, certamente é um ao vivo excelente!

    Quanto ao lance do Metallica, é bem isso mesmo. O som do Testament sempre teve muita coisa inspirada em James Hetfield e cia.

    Além disso, acho que Eric Peterson e Alex Skolnick formam a única dupla do thrash capaz de rivalizar, em termos de técnica, com James e Kirk...

    ResponderExcluir
  2. "Além disso, acho que Eric Peterson e Alex Skolnick formam a única dupla do thrash capaz de rivalizar, em termos de técnica, com James e Kirk..."

    Isso foi sério ? Você tá de brincadeira, né... Só para citar um exemplo... Marty Friedman vendado, com as mãos algemadas sola mais que o Kirk Hammett.

    ResponderExcluir
  3. Thiago M., tens razão.

    Por algum motivo, Mustaine e Friedman me passaram batido na hora em que escrevi.

    O melhor seria: 'uma das únicas duplas do thrash...'

    Os dois realmente têm técnica para rivalizar com James e Kirk.

    Agora, no conjunto da obra, em termos de feeling, composição, pegada, etc, etc, acho que não há a menor comparação. Mustaine e Friedman podem ser virtuosos o quanto quiserem, mas não amarram o cadarço de James e Kirk.

    ResponderExcluir
  4. Excelente ao vivo, e o DVD é animal, tbm. Pra ser sincero, acho o Testament um pouco subestimado no Thrash Metal.

    Sobre a "discussão" de guitarristas, Marty Friedman é o guitarrista mais técnico e criativo que já passou pelo Thrash Metal, ao lado do Jeff Waters do Annihilator(My opinion).

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.