Espaço do Leitor: O blues, o jazz, e por que não é apenas música que nós compramos


Olá Ricardo e pessoal da Collectors.

Já faz um bom tempo que o site se tornou meu favorito no assunto música. Descobri muitas bandas bacanas por aqui, li muitas matérias maravilhosas, com senso crítico e a cabeça aberta que tanto prezo musicalmente. Vejo que o foco do site atualmente é mais sobre rock e metal de forma geral, o que é compreensível, pois talvez a equipe esteja ouvindo mais isso atualmente. Mas sinto muita falta de mais matérias sobre blues, soul, jazz, entre outros estilos. Existem discos maravilhosos sendo lançados desses estilos, e seria muito bacana se vocês voltassem a dar mais atenção para esses estilos.
Também falar de discos famosos e indispensáveis de cada estilo, por aí.

Outra sugestão é que façam uma coluna, mensal ou com a freqüência que acharem melhor, mostrando quais as melhores edições de discos e DVDs lançadas naquele mês. Afinal, cada vez mais a mídia física tem que ter bons atrativos para justificar a compra. E pra quem coleciona, isso é importantíssimo. Eu adoro ler encartes, ter os discos bonitinhos originais, mas quando vem em uma embalagem diferenciada, com algum conteúdo extra (pode ser DVD ou livreto) isso agrega valor ao produto, com certeza. Uma dica de Blu Rays e DVDs interessantíssimos são os do Joe Bonamassa, que em praticamente todos os seus últimos lançamentos (e não são poucos), trazem extras muito bacanas e um livreto falando sobre a produção do show em questão, com depoimento do próprio artista. Enriquecedor, não?

Quero agradecer pelo espaço, que achei uma grande idéia dos colaboradores do site. Espero que na medida do possível, possam atender minhas expectativas. Acho que outras pessoas também curtiriam as idéias e se beneficiariam disso também. Vida longa ao Collectors Room!

Grande abraço!
Maurício Silva
Porto Alegre (RS)


Saudações, Maurício! Nós que agradecemos pelo seu e-mail. É realmente gratificante saber que o objetivo de apresentar novas bandas tem sido atingido. De fato, o foco da Collectors Room acaba se voltando um pouco para os lados do rock e heavy metal exatamente por esse fator que você mencionou: basicamente são estes estilos, em suas infinitas e variadas personificações que acabam entrando prioritariamente em nossas audições diárias. Claro, de forma alguma isso quer dizer que não gostamos dos demais, seja blues, jazz, soul ou qualquer outro, que com certeza também merecem espaço por aqui. E mesmo sem intenção sempre acabamos esbarrando neles, afinal de contas são as influências primordiais até mesmo para as bandas mais novas que as carregam em seu próprio código genético, às vezes sem nem saber (e puxando nos arquivos do site, você pode encontrar várias matérias bem legais sobre os estilos!).

Muito boa a ideia sobre as edições especiais! Interessante notar que recentemente, raros são os lançamentos que não vêm acompanhados de algum material ou disponibilizado em versões limitadas, além de formatos diferenciados (seguindo a onda do vinil, várias bandas têm lançado seus álbuns em fita K7 – que já estava enterrado há anos e tornou-se um item legal de memorabilia). Isso não apenas agrega valor percebido ao produto, como você disse, mas também catalisa a experiência de ouvir a música, tornando-a algo sensorialmente mais completa, muito além da audição. Seja com a arte, com itens extras ou informações complementares (como no caso do Bonamassa), o conjunto da obra acaba se tornando decisivo para que mesmo um fã ocasional adquira – e ainda mais no caso de nós, colecionadores. Enriquecedor, no mínimo, mesmo!

Porém, ao mesmo tempo chega a ser triste notar como o próprio mercado brasileiro está à milhas de distância dessa tendência. Aparentemente temos recebido cada vez menos álbuns em edições nacionais, sempre das mesmas bandas (apenas copiando o que está em evidência lá fora – vide os grupos indie, por exemplo), e sempre em versões extremamente simples ou básicas, para não dizermos preguiçosas, com impressões tortas, em péssima resolução e sem nenhum bônus além do preço abusivo. Dois bons exemplos recentes foram os últimos discos do Ghost (lançado em papersleeve relaxadíssimo e sem encarte) e do Stone Sour (que ganhou versão caprichada lá fora e aqui disponibilizada apenas em jewelcase). Licenciar edições completas pode de fato acarretar um custo extra – e possivelmente inviável – para as gravadoras independentes, mas um trabalho desleixado disponibilizado por grandes distribuidores é no mínimo desconsideração com os fãs.

Muita gente prefere comprar em lojas de outros países e ficar sujeita aos possíveis meses de espera e taxações a níveis absurdos, em um cerco que parece estar se apertando cada vez mais. Tudo isso deixa a questão: a situação do mercado brasileiro está assim por acreditarem que as pessoas não consomem mais música desta forma, ou as pessoas que não consomem mais o formato físico por conta da pobreza do que é acessível e acabam desestimulando um trabalho mais cuidadoso por parte das gravadoras? Um ciclo vicioso, aparentemente, com opções cada vez mais limitadas.

Enquanto isso, continuamos a luta por algo que preencha nossas estantes.

Um grande abraço! (Rodrigo Carvalho)

Participe você também do Espaço do Leitor enviando críticas, sugestões, pedidos e o que mais imaginar para o e-mail falacollectorsroom@gmail.com

Comentários

  1. E aí, pessoal. Bom tema esse abordado pelo Maurício e continuado por vocês. Sou um apreciador das edições físicas especiais também e, como tal, naturalmente, compro tudo de fora. A impressão que fica pra mim é a de um entendimento raso desse nicho de consumidores por parte das gravadoras ou mesmo das produtoras e distribuidoras de filmes. Pra mim, parece muito simples: se tem gente que compra de fora e paga caro, mesmo correndo o risco da taxação, é lógico que as mesmas pessoas pagariam pelo mesmo produto aqui, se o preço fosse menor ou ao menos equivalente ao que pagamos trazendo de fora. Os engravatados, os mandachuvas precisam largar seus charutos, copos de uísque e as "pesquisas" de entendimento do consumidor, do número de vendas e olhar um pouco pra fora da janela pra ver as pessoas de verdade. Outra coisa que parece muito evidente pra mim é que faltam boas ideias, tanto por parte das gravadoras quanto por artistas menores. Vou dar um exemplo: essa semana comprei um vinil de uma cantora americana chamada Sierra Swan. Custou $60 + frete, mais ela fez algo muito legal: quem comprasse em vinil, ganhava uma letra de uma música do álbum (a escolher) escrita a mão por ela e assinada. E só haviam 50 exemplares do vinil prensado. Ideia simples, barata, com grande apelo junto aos fãs. É disso que o mercado precisa, de boas ideias, que sem sempre implicam em custos altos. Sei que é um exemplo simples e bastante segmentado, mas no final das contas, serve para ilustrar que as possibilidades estão por aí, é só botar a cabeça pra funcionar pra proporcionar bons materiais para os apreciadores da música. Grande abraço, pessoal.

    André Timm

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  2. Recentemente comprei pela net a edição nacional em CD de 40 anos do "Ziggy Stardust" do Bowie. Um clássico que sempre quis ter físico. Edição da Universal, o preço tava ok. Fiz o pedido. Nessas edições de aniversário sempre esperamos por um produto bem acabado graficamente, com faixas bônus, etc. Putz, a edição nem encarte com as letras tem. Um papersleeve fosco bem pobre mesmo. Tava querendo o "Aladdin Sane" também mas vou pensar melhor.

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  3. Queria reforçar o pedido do Marcelo.

    Também descubro várias bandas ótimas pelo site, mas gostaria de descobrir bandas de outros estilos também. Não só de jazz e blues, mas até mesmo um pop, mpb, folk, etc... Um dos discos que mais gostei no ano passado foi o do Justin Timberlake, que eu consigo ouvir em sequência com o novo do Carcass sem nenhum problema.

    Uma idéia que talvez seja possível é colocar mais uma pessoa na equipe da Collectors para falar de assuntos fora do rock e metal.

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  4. Grande Rodrigo,
    Como mais recentemente passei a apreciar também jazz, soul, blues e também porque adoramos listas com os melhores...
    Sugiro uma lista semelhante a que vocês fizeram sobre rock dos 70, 80, 90, 2000, rock nacional, etc...
    Talvez uma lista com os 100 melhores discos dos outros estilos seria legal...poderia misturá-los que já valeria a pena.

    Abraço !!!

    Vagner NC - Brasília, DF

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