Michael Sweet: crítica de I'm Not Your Suicide (2014)


Quando um grupo se encontra em atividade — em alguns casos, a todo vapor —, é normal que nos perguntemos o porquê de um de seus integrantes lançar um álbum solo. Na maioria das vezes, basta apertar o play para obtermos a resposta. Foi exatamente o que eu fiz. Em I'm Not Your Suicide, Michael Sweet incorpora elementos-chave da música do Stryper a canções que, definitivamente, não se encaixariam no repertório de sua banda principal. O ouvinte mais atento notará boas e velhas progressões de acordes descendentes, solos dobrados e vocalizações que remetem à música sacra, mas a vibe geral é bem o oposto. A presença maciça de pedal steel e algumas forçadas de barra no fator emoção não me deixam mentir. 

Para dar vida a essa ideia de fugir um pouco das raias do metal, Sweet contou com uma turma para lá de gabaritada, que inclui, entre outros, o batera multiuso, Kenny Aronoff. O time de estrelas que o acompanha na empreitada inclui ainda Tony Harnell (TNT), Chris Jericho (Fozzy) e a filha de Dave Mustaine, Electra, com quem realiza um dueto no bônus de mau gosto que é o remix de “Heart of Gold”. As letras, obviamente, não desviam do foco: fé cristã como meio de combate aos medos contemporâneos. Felizmente, o messianismo não se exacerba a ponto de tornar-se um desconforto para a audição. 

Deus e o tempo foram generosos com Sweet, provendo-lhe mana vocal extra para gastar e este segue entre os melhores cantores de rock e metal por aí. Além de exímio vocalista, toca uma senhora guitarra que, muitas vezes, supera em diversidade e bom gosto os solos de seu colega Oz Fox no Stryper. Aqui, ele só divide a tarefa em “Anybody Else”, que conta com performance monstruosa de Doug Aldrich e tem lugar garantido entre as melhores do disco. Um respiro metálico dá às caras em seguida em “Unsuspecting”, um belo desvio de trajeto nos acréscimos do segundo tempo. 

Quem ansiava por algo no molde musical de No More Hell to Pay, provavelmente saiu decepcionado e, ainda mais provavelmente, deu stop no primeiro minuto de “This Time”, música devagar, quase parando que, na tentativa de despertar um momento de reflexão, acaba soando como uma balada ruim do Foreigner. Aos sobreviventes, algumas ml de soro glicosado na veia com a faixa-título, que vale pela explosão de seu refrão. Na sequência, um engavetamento de sons genéricos que, com o perdão pela piadinha… Deus me livre! 

Nota: 4 

01. Taking On The World Tonight 
02. All That's Left (For Me To Prove) 
03. The Cause 
04. This Time 
05. I'm Not Your Suicide 
06. Coming Home 
07. Miles Away 
08. Strong 
09. How To Live 
10. Heart Of Gold 
11. Anybody Else 
12. Unsuspecting 
13. Heart Of Gold (remix) 

Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. A carreira solo do Michael Sweet é muito irregular. Ele tentou levar um pouco dessa influência pop de reflexão para o Stryper, quando mudou a roupagem da banda em Reborn. Ainda bem que o Stryper voltou as origens.
    Sou um grande admirador do Michael Sweet, mas dispenso essas cafonices.
    "Anybody Else" realmente é um puta som! Umas das melhores da carreira solo dele; e "Unsuspecting" caberia facilmente em No More Hell to Pay.
    Mas convenhamos, o desempenho como guitarrista é cada vez melhor. Ele está excelente.

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