Crítica de AC/DC - A Biografia, de Mick Wall


Mick Wall é o melhor biógrafo do rock. Tá, tá bom, é o meu preferido, talvez você prefira os livros de outro escritor. Minha predileção pelo trabalho do jornalista inglês se dá principalmente pelo que ele fez em Quando os Gigantes Caminhavam Sobre a Terra, livro de quase 600 páginas que detalha a trajetória do Led Zeppelin, e também pela excelente biografia que Wall escreveu sobre o Metallica. Há deslizes: Run to the Hills, por exemplo, livro que conta a história autorizada do Iron Maiden, achei bem fraquinho e chapa branca em demasia.

Com duas dezenas de obras nas costas, Mick Wall está no jornalismo musical há décadas e no ramo das biografias desde 1986, ano em que o seu primeiro livro foi publicado - a saber: Diary of a Madman - The Official Biography of Ozzy Osbourne.

A boa notícia é que o aquecimento do segmento de biografias musicais no mercado editorial brasileiro fez com que, ao contrário do que acontecia há não muito tempo atrás, diversos títulos de qualidade fossem lançados em edições nacionais. É o caso de Hell Ain’t a Bad Place to Be, biografia sobre o AC/DC assinada por Wall publicada originalmente em 2012 e que ganhou versão brasileira este ano através da Globo Livros.

As 456 páginas de AC/DC - A Biografia apresentam uma banda extremamente fechada ao redor dos seus integrantes, notadamente os irmãos Malcolm e Angus, fundadores e líderes do grupo. Discretos e nada alinhados com a figura do rock star egocêntrico e faminto por holofotes, os integrantes do grupo mantém suas vidas privadas longe do alcance dos tabloides - ou pelo menos tentam, vide o recente caso do baterista Phil Rudd. A dupla de irmãos divide com Brian Johnson os rumos da carreira da banda, enquanto Rudd e o baixista Cliff Williams são quase coadjuvantes neste processo.

O AC/DC não se reinventa, não precisa disso, e uma renovação está longe de ser algo que os milhões de fãs do grupo desejem. A banda sabe disso, e entrega exatamente o que o seu público deseja. 

Marcada pela morte trágica do vocalista Bon Scott, a trajetória do AC/DC é contada com o detalhismo habitual de Wall, tendo como base para isso dezenas de entrevistas realizadas pelo escritor com os músicos e pessoas próximas ao grupo.

Não há grandes revelações em AC/DC - A Biografia, e isso é uma boa notícia. O livro explica como a banda cresceu sempre ao redor da família Young, e como esse modo de gerir a sua carreira foi fundamental não apenas para o crescimento do grupo mas, sobretudo, para superar momentos complicados como a morte precoce de Scott e o alcoolismo de Malcolm Young.

Assim como as músicas e os discos do AC/DC, o livro é uma ótima dica pra quem curte o bom e velho rock and roll. E isso, como você bem sabe, é mais do que suficiente.


AC/DC - A Biografia custa cerca de 30 reais nas livrarias, e vale cada real investido.

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