Leia a análise faixa a faixa do novo álbum do Machine Head feita pela Metal Hammer

O aguardado sucessor de Unto the Locust está chegando às lojas, animando nossos ouvidos e nos fazendo sorrir como crianças em idade escolar. Por isso, preparamos uma análise faixa a faixa de Bloodstone & Diamonds para ajudá-lo a decifrar o novo disco de Rob Flynn e companhia.

Now We Die

A menos que você viva em uma caverna isolada e sem eletricidade na Sibéria e possua um gosto musical discutível, já colocou os ouvidos nessa faixa de abertura estrondosa. Sete minutos de Machine Head puro, nobre e aventureiro, um clássico instantâneo que já soa atemporal e emocionante como “Davidian”, “Imperium" e “Clenching the Fist of Dissent”. O metal moderno raras vezes soou mais poderoso e distinto do que em “Now We Die”.

Killers & Kings

A primeira música revelada de Bloodstone & Diamonds, ainda que no formato demo, “Killers & Kings” foi tocada nos shows que o Machine Head realizou recentemente na Inglaterra e foi saudada como uma velha amiga pelo público. Quem mais seria capaz de canalizar a ferocidade e a força de clássicos do thrash de uma forma tão eficaz? A resposta é ninguém , e vem em forma de harmonia, melodia e brutalidade perfeitas.

Ghosts Will Haunt My Bones

Uma das maiores qualidades do Machine Head é a capacidade de manter níveis obscenos de peso enquanto tece grandes quantidades de sutilezas e texturas em suas canções. “Ghosts Will Haunt My Bones” é um exemplo sublime desta habilidade, com versos melancólicos, crescendos monumentais e um coro que exige de imediato a participação do público. São seis minutos de duração, mas parece ser metade disso. Excelente.

Night of Long Knives

Se você vai cantar sobre Charles Manson e seu legado assassino, é melhor fazer algo feio e violento. Felizmente, o Machine Head faz isso muito melhor do que a maioria e “Night of Long Knives” contém, indiscutivelmente, os sete minutos mais grotescos e escabrosos da carreira da banda até o momento. Há uma abundância de thrash em alta velocidade aqui, mas também grooves enormes e uma performance vocal de Robb Flynn que soa como se ele estivesse cuspindo sangue e dentes aos pedaços pelo microfone.

Sail Into the Black

O maior épico e também o momento mais emocionante do disco. A faixa começa com um coro sinistro de tons graves ressonantes, na linha dos cantos dos monges budistas, antes de se transformar em uma tempestade de neve em câmera lenta, repleta de backing vocals que mais parecem corais e uma mudança de andamento de arrepiar no meio. É difícil imaginar qualquer outra banda tentando fazer algo como isso, e muito menos com tamanha arrogância.

Eyes of the Dead

Outro emocionante momento de peso e fúria speed metal, “Eyes of the Dead” soa como outra faixa que se transformará em uma das favoritas ao vivo, até porque suas inúmeras mudanças de ritmo e fluxo funcionam de maneira sublime. O vocal irritado e convincente de Flynn é a cereja do bolo.

Beneath the Silt

Jesus, que riff!!! Vista um colar cervical e deixe a sua barba crescer o máximo possível! O Machine head nunca havia bebido diretamente na fonte do grande Black Sabbath antes, mas o riff de abertura de “Beneath the Silt” bate a grande maioria das bandas de stoner e doom. O que se segue é uma introdução avassaladora, com versos profundamente sinistros se transformando em pontes furiosas e um refrão brutalmente infeccioso, que faz o ebola parecer apenas uma leva fungada.

In Comes the Flood

Uma das piores coisas do metal moderno é a falta de bandas com algo significativo para dizer. O Machine Head nunca foi vítima disso, e em “In Comes the Flood” proclama orgulhosamente a sua recusa em soltar seus corações e cérebros. Um manifesto contra uma realidade rasa, agarrada ao dinheiro, com letra inteligente, sincera e incisiva, grande performance de toda a banda e repleta de orquestrações e peso que conspiram para fazer a coisa toda soar esmagadoramente potente.

Damage Inside

Um momento sombrio, atmosférico e amorfo de trégua entre “In Comes the Flood” e o esmagamento que virá a seguir, “Damage Inside” mostra uma semelhança com o mau humor de ex-viciado presente em The Burning Red - e, deve ser dito, a cura pela desintegração, que Flynn tem elogiado em várias ocasiões. Uma faixa breve mas com grande impacto, uma introdução perfeita para a faixa seguinte.

Game Over

Meu deus! O Machine Head pode não ser capaz de falar publicamente sobre as consequências da saída de Adam Duce, mas não existem tabus na letra de “Game Over”. Sobre riffs serrilhados e um dos refrãos mais fortes já gravados pela banda, Flynn derrama desprezo e sarcasmo em seu ex-colega e deixa totalmente claro que tratava-se de uma divisão que ele próprio cortou até o âmago. Mesmo sem a letra, seria um clássico banhado a ferro. Tente ouvir sem quebrar alguma coisa. Aposto que você não irá conseguir.

Imaginal Cells

Uma faixa instrumental maravilhosamente sutil e intrincada, coberta por um diálogo fascinante que, imaginamos, foi retirada dos filmes Zeitgeist da internet que Robb Flynn citou como fontes de inspiração para as faixas de Bloodstone & Diamonds. Aqui mais uma vez vemos o desinteresse do Machine Head em favorecer os gostos estreitos e limitados da geração metalcore. Essencial para o fluxo do disco como qualquer outra faixa, é a preparação cintilante para o grande final.

Take Me Through the Fire

Uma canção de ritmo médio que traz para Bloodstone & Diamonds um fim adequado e substancial, “Take Me Though the Fire” é outra faixa feita para agradar o público, com riffs atraentes e momentos de força melódica que não são encontrados na maioria dos discos (e nas próprias carreiras) de um grande número de bandas. Há também um trecho pra lá de emocionante no meio da faixa, onde toda a banda ataca com riffs voando de um lado para o outro e prováveis danos permanentes ao pescoço dos ouvintes. Tal como tudo que compõe este álbum extraordinário, soa como o Machine Head e só como o Machine Head. E ninguém chega, mesmo que remotamente, perto.

(Tradução de Ricardo Seelig)

Comentários

  1. Cara, que pancada! Puta som do cacete! Que tesão esse álbum!

    Sem essa de melhor ou pior, mas ouvindo de primeira, esse disco me impactou mais que Unto the Locust!

    Sail Into the Black
    Eyes of the Dead
    Beneath the Silt

    Que trinca é essa?!?!
    Se tivesse só essas três como EP, já seriam as melhores coisas que ouvi em 2014.

    Preciso me acalmar, estou feito besta ainda...

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  2. Ouvi uma vez e achei inferior aos dois últimos..vou ouvir mais

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  3. Sei lá, talvez seja essa coisa de estado de espirito. No meu caso foi certeiro; ouvi e me libertei. Estava precisando. Estou curtindo bastante.

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