Black Star Riders - The Killer Instint (2015)

Carregando toda a herança do Thin Lizzy, o Black Star Riders é uma banda nova com cara de velha. E isso às vezes funciona, em outras não. Contando com o veterano dos tempos do Lizzy, Scott Gorham, na guitarra, o grupo se completa com Ricky Warwick (vocal e guitarra), Damon Johnson (guitarra), Marco Mendonza (baixo) e Jimmy DeGrasso (bateria). Ou seja, um line-up experiente, técnico e com bagagem nas costas.

A questão é que é impossível dissociar o BSR do Thin Lizzy. Pra começo de conversa, a banda surgiu da última formação do Thin Lizzy e optou por mudar de nome para não misturar as coisas, saindo, teoricamente, do guarda-chuva de influências do lendário grupo irlandês liderado pelo saudoso Phil Lynott.

Só que as coisas não funcionam de maneira tão simples. Esteticamente, o Black Star Riders segue aquele hard grudento, repleto de guitarras gêmeas e alto astral. E é justamente este o problema. A banda parece pouco disposta a se arriscar fora deste terreno seguro, e essa falta de ousadia acaba gerando um som que varia, na maior parte do tempo, entre o genérico e o mediano.

The Killer Instinct, lançado no último dia 20 de fevereiro, é o segundo trabalho do BSR e traz dez faixas inéditas. Essas composições variam entre reprises requentadas - bem feitas, mas requentadas - do que o Thin Lizzy fazia em seus tempos áureos (a faixa-título, “Soldierstown”, “Turn in Your Arms), canções fracas construídas sobre melodias derivativas (“Finest Hour”, “Through the Motions”) e alguns poucos acertos. Neste último grupo, merecem menção a deliciosa “Charlie I Gotta So” e “Sex, Guns & Gasoline”, justamente por apresentarem novos caminhos para o Black Star Riders, saindo do esquema refrão cheio de melodia e baldes de guitarras gêmeas tão característico do Thin Lizzy.

Entendo que o crescimento do mercado classic rock e a consequente demanda por sonoridades que se adaptem a essa procura acabe moldando determinados nichos, mas acho um desperdício que uma banda que conta com os talentos do Black Star Riders se contente em soar como se fosse uma mera cópia de sua maior inspiração. É quase como se o grupo pudesse ser classificado como uma espécie de “banda cover que faz músicas inéditas”, se é que isso faz algum sentido.

Com dois discos nas costas, o Black Star Riders entra naquele espaço ocupado por nomes que, ao ouvirmos as canções, acabam agradando os nossos ouvidos pela familiaridade inconsciente que geram, mas que, ao serem submetidas a uma análise mais crítica, não se saem tão bem.

Se você quer um som só pra se divertir e sem maiores pretensões, pode ser que curta. Agora, se procura música com personalidade própria, criativa e com algo a dizer, passe longe.

Nota 5

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