Pelican - The Cliff (2015)

Riffs torrenciais, explosões de bateria esparsas, sintetizadores melancólicos e evolução sonora gradual; esta é a fórmula base das construções (ou desconstruções) atmosféricas que envolvem o post-metal. Formado em 2001, o Pelican é um dos pilares (ao lado do Isis e Neurosis) desse gênero, graças a álbuns como Australasia (2003). E o que os diferencia é a não utilização de vocais em suas músicas.

Uma das coisas que eu aprecio em canções instrumentais é como elas dão ao ouvinte a liberdade de aplicar as suas próprias interpretações para a música no lugar de letras. Mas em seu novo EP, a banda ousa utilizar vocalizações; antes, haviam feito isto apenas em “Final Breath”, do álbum What We All Come To Need (2009). Assim como há seis anos atrás, o responsável por isso é Allan Epley (Shiner, The Life And Times). Desta vez a banda revisitou a faixa “The Cliff”, do último disco Forever Becoming, e adicionou-lhe as partes do referido sujeito.

A primeira música é tranquilamente épica, construída lentamente e extasiando-se com cada cadência. Bateria hipnótica desce e sobe no decorrer do tempo com seus padrões de exalação, batendo um ritmo convincente que acena para você seguir adiante. As camadas de guitarras, uma marca do Pelican, são motivos de completa fixação e criam ondas cerebrais de esmagamento. Soma-se a isso os vocais de Epley, que tem mais a função de um instrumento adicional para a banda do que qualquer outra coisa. Se você não estiver familiarizado com o seu trabalho, Epley tem uma voz não muito diferente de um jovem Mark Lanegan (Screaming Trees). Sombrio, mas cheio de seriedade, os tons fortes de Epley soam tão pesados que contrastam bem com a emocional estrofe final.

Em seguida, temos um remix da mesma faixa feita por Justin Broadrick (Godflesch, Jesu), que elimina completamente esses vocais e nos leva a um passeio sinuoso, com uma sutileza mecânica, dando-nos um pouco de elementos modernos. Há um aspecto onírico que escapa das guitarras com sintetizadores e um mix de graves mais pesados é acrescentado. Um efeito de eco sobre a bateria dá uma sensação de surreal sonambulismo para o ouvinte.

A outra faixa é remixada por Aaron Harris e Bryant Clifford Meyer, ambos do Palms e ex-membros do finado Isis. Essa faixa acelera o ritmo, e acrescenta um fluxo mais dinâmico do que antes e enfatizando os vocais como uma textura adicional. Aos seis minutos, “The Wait” é uma boa maneira de acabar com o EP – um take melódico e reflexivo sobre tudo o que que define o Pelican, enquanto simultaneamente, lembra-nos o nome deste EP e não tira qualquer parte do foco que deve permanecer com as faixas anteriores.


Nota 9

Por Giovanni Cabral, do Trajeto Alternativo

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