Impressões sobre o primeiro final de semana do Rock in Rio


Queen + Adam Lambert - Primeiro ponto: Freddie Mercury é insubstituível. Segundo: Adam Lambert faz um tributo ao falecido cantor. Terceiro: a participação do público colocou a apresentação em um nível mágico e arrepiante. Não era o Queen, era um show tributo em homenagem à banda e com a participação de Brian May e Roger Taylor. E Adam Lambert não é Freddie Mercury, mas é um excelente vocalista.

Noturnall - Um dos shows mais constrangedores que o Rock in Rio já presenciou. De fazer a desastrosa apresentação do Angra, em 2011, parecer brilhante. Zumbis ridículos ao redor do palco, o vocalista se esvaindo em um figurino três números menor e mais apropriado para a Sibéria do que para o calor do Rio de Janeiro. A participação de Michael Kiske foi um contraste positivo, elevando um pouco o nível, mas não salvou muita coisa. O estereótipo levado pelo Nocturnall ao palco, com figurinos de couro, gritinhos agudos em cada música e o discurso de sempre de apoio ao “metáu nassionau” na entrevista pós-show concedida ao Multishow só depõe contra a imagem dos fãs de metal nascidos aqui no Brasil. Ouço heavy metal há mais de 30 anos e não penso, não ajo e não me visto nada parecido ou próximo ao que Thiago Bianchi e sua turma mostraram no palco. O que é uma pena, pois os dois discos lançados pelo Noturnall são bem interessantes e valem uma escutada.

Angra - O Angra fez um show excelente, apagando totalmente a desastrosa apresentação de 2011. Banda afiada - o novo baterista é excepcional -, repertório escolhido a dedo e um grande respeito pelos fãs, representado através do anúncio, ao vivo e diante do público, de Marcelo Barbosa como substituto de Kiko Loureiro. Como cereja do bolo, a presença de Dee Snider mandando ver em dois clássicos do Twisted Sister.

Ministry - Apesar de Al Jorgensen estar visivelmente alterado antes do show, a apresentação do Ministry foi muito boa. Não curto, e nem nunca curti, o som dos caras, mas o line-up atual do grupo é excelente e isso se refletiu na qualidade apresentada em cima do palco.

KoRn - Como esperado e como sempre, um ótimo show, com alta performance técnica de todos os músicos e grande participação do público. O KoRn é ótimo, todo mundo já sabe disso.

Gojira - Uma das melhores apresentações deste primeiro fim de semana. Os franceses colocaram o Palco Mundo abaixo com um grande show, tecnicamente perfeito. Pra quem não conhecia virar fã!

Royal Blood - O grande show deste primeiro final de semana do Rock in Rio, na minha opinião. A dupla inglesa deixou todo mundo boquiaberto com sua performance avassaladora. Sem uma guitarra no time, somente baixo e bateria, com o baixo sendo tocado com uma abordagem de guitarra, não como instrumento rítmico, mas como solista. O Rock in Rio tem tradição de trazer bandas relativamente desconhecidas, e geralmente elas roubam a cena. Em 2015, o Royal Blood fez esse papel.

Mötley Crüe - Uma celebração ao legado da banda norte-americana, com um setlist muito bem escolhido. Ótima performance instrumental, pirotecnia e um final emocionante com a linda “Home Sweet Home”. Mas não dá mais pro vocal de Vince Neil, como ficou claro durante todo o show.

Metallica - Uma banda burocrática e sem vontade no palco, fria e distante do público. Sensação que só se intensificou com a pane de som logo no início da apresentação, que causou uma pausa no concerto. Na volta, o Metallica entregou uma versão terrível de “Unforgiven” - nem banda cover tocaria daquela maneira. Os músicos podem ter ficado chateados com a produção devido aos problemas de som, mas o público não teve nada a ver com isso. O pior show dos norte-americanos em todas as edições do Rock in Rio e, devido à expectativa que sempre acompanha o Metallica, o pior show do festival até o momento.

Baby do Brasil e Pepeu Gomes - Uma deliciosa apresentação na tarde de domingo, marcando a reunião do casal que fez história nos Novos Baianos. Comandando a festa, Pedro Baby, filho de Baby e Pepeu, e que estava na barriga da mãe no Rock in Rio de 1985. Depois do Royal Blood, o show que mais curti neste primeiro fim de semana do festival.

Elton John e Rod Stewart - Dois dos maiores nomes do rock e do pop, com catálogos repletos de sucessos. Não tinha como dar errado, e não deu. Ótimos, como esperado.



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