Os Oito Odiados, a nova obra-prima de Quentin Tarantino


Oitavo filme de Quentin Tarantino, Os Oito Odiados (The Hateful Eight no título original) foi lançado no dia de Natal nos Estados Unidos e está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil. Como o título dá a entender, trata-se de um filme de western, uma homenagem do diretor a um dos mais populares gêneros cinematográficos.

Trabalhando novamente com atores com os os quais possui uma relação bastante forte como Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Michael Madsen e Tim Roth (completam o elenco principal Jennifer Jason Leigh, Walton Goggins, Demián Bichir, Bruce Dern, James Parks e Channing Tatum), Tarantino entrega uma obra repleta de referências não apenas ao cinema (característica onipresente em sua filmografia), mas também ao teatro. 

Filmado praticamente em apenas uma locação (a estalagem onde 95% da história se passa), Os Oito Odiados é marcado fortemente por uma das marcas registradas do diretor: os diálogos. O foco está sempre nos personagens e na interação entre eles, com interpretações excepcionais de Samuel L. Jackson, Walton Goggins e Tim Roth (este último praticamente incorporando Christoph Waltz, o inesquecível Coronel Hans Landa de Bastardos Inglórios). 

Dividido em oito capítulos (um recurso já utilizado anteriormente por Tarantino e que continua eficaz), o filme é praticamente uma peça de teatro filmada. A estalagem onde se passa a história é um grande salão sem divisórias, transmitindo para o espectador a experiência de estar em uma sala presenciando a trama. Os planos e cortes, sempre longos e bem feitos, reforçam ainda mais essa sensação. Fato que se torna pra lá de evidente quando, em um flashback, o próprio Quentin Tarantino surge em uma locução em off e um dos personagens repassa o texto e os papéis dos personagens, para em seguida esconder-se no sótão em uma metáfora que remete ao diretor que se esconde na coxia.

A economia de locações pode dar a impressão de que Os Oito Odiados possa ser um filme menor de Tarantino, sem a riqueza de cenários e situações de títulos como Bastardos Inglórios e Django Livre, mas basta começar a assistir o filme para perceber o quão inspirado e rico é o roteiro. Com grande presença de violência visual (outra das características do diretor, e que nesse caso levou a película a ser classificada como imprópria para menores de 18 anos), Os Oito Odiados mantém-se na área de domínio de Tarantino e é um grande exercício de estilo do diretor.

A cereja do bolo é a trilha sonora, a cargo do icônico Ennio Morricone, autor de trilhas para Um Por Punhado de Dólares, Três Homens em Conflito e outros clássicos do western spaghetti.

Os Oito Odiados é mais um grande filme de Quentin Tarantino, afirmação que cada vez mais soa como um pleonasmo de redundância. Sorte nossa!

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