Review: Amy (2015)



Amy, dirigido por Asif Kapadia (o mesmo cara que fez Senna, lançado em 2010), é um documentário denso e pesado. O filme conta, sempre através de cenas reais, a trajetória da cantora inglesa Amy Winehouse, um dos maiores talentos que a música viu surgir na última década, falecida em 2011.

O filme constrói um retrato bastante revelador da inglesa. Dona de uma voz poderosa e um temperamento irregular, Amy desde cedo sentiu os efeitos da separação dos pais, ocorrida quando ela tinha apenas 9 anos. Desde então, aliou a frágil personalidade com a busca incessante por uma figura masculina forte, refletida em seu primeiro empresário, nos produtores, no próprio pai (que só se reaproximou quando ela já era uma artista conhecida) e no marido, Blake Fielder. 

Alcoólatra e bulímica, Amy desceu ladeira abaixo ao se apaixonar por Fielder, que a apresentou ao mundo da heroína e do crack. Então, basta puxar na memória e relembrar a descida vertiginosa da cantora até a sarjeta. Descontrolada e totalmente fora da realidade, Amy teve a sua intimidade e o seu pior momento retratados minuciosamente pela imprensa inglesa, que cercava cada um de seus passos como urubus famintos em volta de uma carcaça.

No meio disso tudo, vemos a enorme capacidade de Amy em compor canções arrebatadoras, donas de uma beleza dolorida e versos confessionais. Não à toa, Back to Black, seu segundo (e sensacional) disco, transformou-se em um dos álbuns mais conhecidos destes tempos recentes.

O documentário acompanha de maneira extremamente próxima e com cenas de arquivo vindas de amigos, da própria Amy e de pessoas próximas, o seu declínio e mergulho na dependência química. Uma jornada perturbadora, que impacta o espectador de maneira profunda, tornando ainda mais dolorida e sentida a perda de uma artista dona de um talento raro.

Indicado ao Oscar, Amy é um documento impressionante sobre uma das maiores vozes do nosso tempo. Como bem afirma o lendário Tony Bennett em certo ponto: “Amy está no mesmo patamar de Ella Fitzgerald e Billie Holiday, e é assim que deve ser lembrada por todos”. Quem somos nós para discordar?

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