Quatro discos para conhecer Leonard Cohen


Recentemente, perdemos um dos maiores poetas que a humanidade conheceu. O bardo Leonard Cohen nos deixou órfãos. E sua poesia intimista, multi-temática e incisiva continua ecoando por aí, como uma lembrança de que seu legado permanecerá para sempre. 

Com objetivo de prestar minha homenagem ao canadense e também para guiar pessoas que queiram se aprofundar em sua obra discográfica, escrevi esse texto com dicas de álbuns do Cohen para os que não o conhecem. Coloquei os discos em ordem do que julgo ser mais fácil de ouvir e compreender, até chegando ao mais difícil.


Popular Problems (2014)

Escolhi esse disco para encabeçar a lista por ser moderno, mais fácil de entender as nuances e ainda assim manter a essência do bardo. Um fato sobre ele: mesmo buscando diferentes influências, sempre soou original e único. E aqui, ouvimos o som de um cantor que amadureceu com o tempo. O Cohen de Popular Problems é ainda mais minimalista e preza por andamentos mais lentos e arrastados. Sua voz, que ficou ainda mais grave com o tempo, é um dos destaques do álbum. Outro fator que chama a atenção é a produção esmerada. Tudo se encontra no seu devido lugar, aparece onde deveria, não temos sobra de nada - dos instrumentos às vozes de fundo, todos os elementos aparecem em momentos bem pensados e contribuem significativamente com as faixas. A timbragem também é muito boa, ressalta o aspecto moderno do álbum, enquanto reafirma o velho jeito Cohen de soar. 


Various Positions (1984)

Para segunda posição, resolvi colocar esse disco oitentista que possui o melhor trabalho de melodias da discografia do cara, resultado da parceria com a cantora Jennifer Warnes, que já tinha trabalhado no anterior, Recent Songs (1979). Uma vez que você já conheceu o som do canadense, irá agora se aventurar por escolhas melódicas fantásticas, aliadas ao minimalismo instrumental de sempre. Falando em instrumental, aqui, ele começa a experimentar sintetizadores e elementos eletrônicos. O trabalho de vozes é fantástico, seja em uníssono com a voz cansada e pesada do Cohen, ou em destaque com melodias diferentes. Além disso, esse disco possui algumas das melhores músicas do cantor, como "Hallelujah", "Dance Me to the End of Love" e "The Law".


I'm Your Man (1988)

Esse trabalho é considerado um dos melhores do Cohen. Muitos não o classificam como folk, estilo de origem do cara, mas sim como synthpop, devido ao aumento dos experimentos com sintetizadores e bateria eletrônica. Mas se você já conheceu Various Positions, pode embarcar sem medo na incursão dele pelo eletrônico. Aqui temos um Cohen compositor em seu auge, com algumas de suas melhores letras como "I'm Your Man", "Ain’t No Cure For Love" - que além de soar como uma música do Cohen, soa também como uma boa faixa romântica dos anos 1980 -, "First We Take Manhattan" e "Tower of Song". Vale destacar que mesmo soando datado, o disco ainda possui o som típico de Cohen, sendo mais uma interpretação pessoal do estilo eletrônico do que uma incursão total. 


Songs of Leonard Cohen (1967)

Se você chegou até aqui, já passou e compreendeu outras fases importantíssimas de Leonard, está pronto pra conhecer o seu fantástico primeiro trabalho. Em 1967, o canadense era um escritor já consagrado que decidira gravar algumas canções. O resultado foi um conjunto de faixas solitárias, depressivas, românticas e envolventes. Neste disco, o mundo conheceu os primeiros clássicos do poeta/compositor/cantor: "Suzanne" e "So Long, Marianne". A primeira demonstra a paixão platônica do Cohen por uma mulher casada. Já a segunda é uma carta de amor à sua namorada, Marianne Jenson. Aqui estão registradas algumas das melhores nuances de melancolia e ultrarromantismo na história da música pop. Sem dúvidas, o melhor disco de Leonard Cohen.

Bônus: se depois de ouvir esses discos várias vezes você continuar ávido por mais do poeta canadense, ouça o seu último álbum, You Want It Darker, no qual ele reflete sobre a morte em um tom sombrio e pessimista. É importante para saber o quanto o cara era genial até mesmo para prever quando estava próximo a deixar esse mundo rumo ao céu musical.




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