Quadrinhos: Spawn - Origem Vol. 1, de Todd McFarlane


Além de extremamente popular, Spawn foi também um dos personagens mais importantes dos quadrinhos nos anos 1990 e 2000. Símbolo maior da Image Comics, a criação de Todd McFarlane tornou viável comercialmente a revolução que uma geração de jovens artistas levou a cabo no início dos anos 1990 contra as grandes editoras do mercado de quadrinhos, Marvel (mais) e DC (nem tanto).

A queixa, justa e histórica, era de que os autores das obras não eram remunerados de acordo com os valores que seus personagens geravam. Jack Kirby, por exemplo, tão pai do universo Marvel quanto Stan Lee, lutou durante anos para ter as suas artes originais de volta e pelo reconhecimento, tanto histórico quanto financeiro, da obra que construiu. 

Na primeira metade da década de 1990, artistas como Todd McFarlane, Jim Lee, Rob Liefeld, Marc Silvestri, Erik Larsen, Jim Valentino e Whilce Portacio eram alguns dos nomes mais populares da indústria, vendendo milhões de cópias com as edições que produziam para a Marvel. No entanto, não recebiam valores condizentes, e isso levou ao desejo de alterar a forma como a remuneração era feita. Como não conseguiram mudar o modus operandi da Marvel, decidiram criar uma nova editora para lançar os seus trabalhos autorais, e assim nasceu a Image. Spawn, Savage Dragon, The WildCATS, Witchblade e The Darkness chegaram às bancas marcando um novo momento nas HQs, conquistando leitores quase de maneira instantânea e garantindo a propriedade intelectual dos personagens aos seus criadores.

No entanto, Spawn era o maior destaque. A criação de McFarlane, um agente do governo dos Estados Unidos morto em uma missão secreta e que volta à vida após realizar um pacto com um demônio, tornou-se um dos personagens mais populares dos anos 1990. O soldado do inferno trouxe histórias descomplicadas e com artes de alto impacto, marcando uma geração de leitores. No Brasil, Spawn teve 150 edições mensais publicadas pela Editora Abril entre 1996 e 2005, e a partir do número 151 passou a chegar às bandas pela mãos da Pixel Media, chegando até o número 178.


Este encadernado foi lançado em junho de 2007 pela Pixel e compila as cinco primeiras edições da revista, que chegaram às bancas brasileiras entre março e julho de 1996. Ele foi lançado justamente no período em que houve a troca de editoras aqui no Brasil, como uma oportunidade para que novos leitores conhecessem o universo de Spawn. São 136 páginas, capa e papel couché, lombada e formato 17 x 26 cm, trazendo a origem do soldado do inferno. Um segundo volume também foi disponibilizado em março de 2008, reunindo os números 6 a 10 da revista original.

Fazia anos que não lia nada de Spawn, e resolvi então pegar este item na minha coleção. Tinha uma boa lembrança da criação de McFarlane, e ela não se perdeu com a releitura. É um quadrinho massavéio ao extremo, com uma trama descomplicada, arte incrível e às vezes até mesmo exagerada, mas que juntas constróem uma história cativante. Trata-se, muito provavelmente, do personagem mais heavy metal dos quadrinhos, tanto pela concepção visual quanto pela própria trama, repleta de demônios e afins.

Não há nada cerebral em Spawn, e esse nunca foi o objetivo. A leitura proporciona diversão sem maiores questionamentos e pretensões, resumindo bem o que os quadrinhos dos anos 1990 eram. As edições iniciais apresentam o personagem, ainda confuso com sua nova encarnação, e vão inserindo as peças que compõe o seu universo, como a esposa e agora viúva Wanda Blake, a dupla de policiais Sam e Twitch, o palhaço demoníaco Violator, o demônio Malebólgia e outros.


É estranho que um personagem com tamanha popularidade esteja atualmente ausente das bancas e livrarias brasileiras. Não sei quem possui os direitos de publicação de Spawn aqui no Brasil, mas me parece que uma grande oportunidade está sendo perdida ao deixar o personagem no limbo em que está. Um projeto de republicação em moldes semelhantes ao que a Panini tem feito com John Constantine em Hellblazer, por exemplo, com o lançamento de encadernados de capa cartão reunindo seis edições, seria bem interessante e extremamente viável para trazer a criação de Todd McFarlane novamente para o Brasil. Com certeza eu ficaria satisfeito em ter toda a saga de Spawn neste formato, e vários leitores também gostariam. É claro que é preciso, como disse, ver qual a situação legal do título em nosso mercado, mas é inegável que um personagem com enorme potencial de venda está mais do que pronto para retornar às bancas deste país tropical. 

E aí, quem vai fazer o favor de relançar Spawn aqui no Brasil?

Comentários

  1. Acho que está ausente porque tudo que é noventista em hq tem fama de porcaria. Eu acho que tem seu charme exatamente por ser datado...e isso é uma qualidade.

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