As 15 melhores HQs de 2017 segundo a Collectors Room


Li muitos quadrinhos em 2017. Na verdade, li mais HQs do que ouvi discos, em um processo que começou há alguns anos e deve se intensificar nos próximos. 

Sempre colecionei quadrinhos, assim como sempre colecionei discos. Mas a chegada do streaming mudou a forma como eu ouço música. Nos quadrinhos, no entanto, isso não acontece. O Brasil vive o seu melhor momento em termos de HQs, com dezenas de editoras e uma enxurrada de ótimos títulos chegando às bancas e livrarias todos os meses.

Assim como não ouvi todos os discos lançados em 2017, também não li todos os quadrinhos lançados durante o ano. E você também não leu. Então, caso algum título não conste na lista a seguir, pode ser por dois motivos: porque eu não peguei o mesmo ainda ou porque realmente não gostei. 

A lista abaixo traz os 15 melhores quadrinhos lançados no Brasil este ano, entre títulos inéditos e relançamentos que eu ainda não havia tido o prazer de ler. A ideia é dividir essa paixão pelas HQs com vocês, mostrando que os quadrinhos são muito mais do que um hábito de leitura infantil e podem trazer discussões profundas e interessantes sobre os mais diversos temas.

Boa diversão!


15 Superman Renascimento, de Peter Tomasi e Patrick Gleason (Panini Comics)

O principal destaque do Superman de Tomasi e Gleason é o foco na família do primeiro dos super-heróis. Mensalmente somos apresentados ao cotidiano de Kal-El, Lois Lane e seu filho Jonathan, que está descobrindo os seus poderes. Poder ler histórias onde vemos a relação entre pai e filho do Superman com o seu pequeno garoto é um presente, principalmente pelos inspirados roteiros de Peter Tomasi. Se você é um nerd das antigas como eu e tem um filho para fazer tudo na sua vida tomar uma dimensão muito melhor, ler Superman será uma diversão em conjunto e uma dádiva para o coração.


14 O Velho Logan, de Jeff Lemire e Andrea Sorrentino (Panini Comics)

É difícil definir o que mais se destaca em O Velho Logan: o roteiro de Lemire ou a arte incrível de Sorrentino. Lançada mensalmente pela Panini, a revista (que traz também as histórias da X23, a nova Wolverine) conta a jornada do velho mutante em um mundo diferente do seu e no qual ele mal reconhece a realidade. Espécie de Mad Max dos quadrinhos, O Velho Logan é um dos melhores títulos atuais da Marvel.


13 The Wicked + The Divine, de Kieron Gillen e Jamie McKelvie (Geektopia)

Esta é uma série aclamada mundo afora e que chegou ao Brasil em 2016 pela Geektopia. Este ano o segundo volume foi lançado, reafirmando a ótima impressão que a história já havia deixado nos leitores. O que temos aqui é um roteiro que reinventa o mito dos deuses milenares, que neste universo encarnam de 90 em 90 anos em jovens adolescentes. Entre as ótimas sacadas de Gillen, como o uso de ícones pop como modelo para os seus jovens deuses (Daft Punk, Kanye West, Rihanna, David Bowie), merece destaque também a arte de cair o queixo de McKelvie. Pop até a medula, The Wicked + The Divine é um ótimo exemplo do quão rico é o universo dos quadrinhos e de como existem ótimas histórias (e aos montes) além dos universos da DC e da Marvel.


12 Wytches, de Scott Snyder e Jock (Darkside Books)

Scott Snyder atualiza o mito das bruxas em Wytches, criando uma história cheia de elementos sobrenaturais e de terror. A arte personalíssima de Jock deixa a experiência ainda mais intensa, com páginas de enorme impacto visual e que tornam a leitura ainda mais surpreendente. A linda edição lançada pela Darkside valoriza ainda mais o trabalho da dupla, o que torna Wytches uma belíssima indicação de leitura.


11 Beasts of Burden - Rituais Animais, de Evan Dorkin e Jill Thompson (Pipoca & Nanquim)

Ganhadora de vários prêmios Eisner, o Oscar dos quadrinhos, Beasts of Burden estava inédita no Brasil até a editora Pipoca & Nanquim trazer o título para cá. E foi uma enorme bola dentro do trio formado por Alexandre Callari, Bruno Zago e Daniel Lopes. O que a princípio parece ser apenas uma inocente história onde os personagens são animais de estimação, revela-se com a leitura uma obra repleta de sentimento e com roteiros ao mesmo tempo assustadores e profundos. Uma das grandes surpresas do ano, e que já tem o lançamento do próximo volume previsto para 2018.


10 Akira - Volume 1, de Katsuhiro Otomo (JBC)

Um dos grandes clássicos dos quadrinhos retornou às bancas e livrarias brasileiras em 2017 em uma edição à altura de sua importância. A JBC fez juz à obra de Katsuhiro Otomo e entregou uma edição linda, que traz o grande primeiro arco da história de forma completa. Serão mais cinco volumes semelhantes a este, com previsão de lançamento para os próximos meses. Confesso que não sou o maior fã de mangás do mundo, mas Akira é uma obra de arte e uma leitura obrigatória pra quem diz gostar de quadrinhos.


9 Universo DC: Renascimento, de Geoff Johns, Gary Frank e Ethan Van Sciver (Panini Comics)

O reboot Os Novos 52 em 2011, apesar de ter apresentado boas ideias para o universo DC, não foi bem aceito por uma parcela considerável dos leitores. Pessoalmente, eu gostei do que li em séries como Batman, Mulher-Maravilha, Esquadrão Suicida e Arqueiro Verde (dizem que Aquaman é ótimo, mas ainda não li). Essa resistência refletiu nas vendas, o que levou a DC a fazer uma espécie de novo recomeço, batizado como Renascimento. Escrita por Geoff Johns, um dos principais nomes da DC atualmente, Universo DC: Renascimento resgata elementos do passado e personagens a muito largados no limbo como o Superman clássico e o Flash de Wally West em um roteiro inspiradíssimo, repleto de referências e pra lá de emocionante. E que, ainda por cima, insere a realidade de Watchmen dentro do mundo da DC. Clássico instantâneo.


8 Saga, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples (Devir)

A Devir lançou em 2017 mais dois volumes da aclamada série de Brian K. Vaughan e Fiona Staples, vencedora de inúmeros Eisner Awards nos últimos anos. Uma espécie de Romeu e Julieta com elementos de Star Wars e Game of Thrones, Saga é uma delícia de se ler e guarda surpresas de cair o queixo a cada virada de página, reviravoltas essas que ficam ainda mais incríveis com a bela arte de Staples. Se você gosta de quadrinhos, tem que ter na coleção.


7 Providence, de Alan Moore (Panini Comics)

Um dos trabalhos mais recentes e festejados de Alan Moore, finalmente em uma edição brasileira. Em Providence o mago dos quadrinhos recria o universo de H.P. Lovecraft, colocando literalmente centenas de referências a um dos maiores mestres da literatura de horror em uma história que traz personagens dos livros do escritor para um universo próprio e cheio de surpresas. Denso e repleto de easter eggs, Providence prova que Moore ainda merece o título de maior escritor de quadrinhos de todos os tempos.


6 Paper Girls, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang (Devir)

Em tempos de Stranger Things e do ressurgimento da obra de Stephen King, Paper Girls é mais uma história que revisita o passado e explora temas recorrentes aos universos citados, como a presença de seres estranhos, alienígenas e muito mistério. Com os roteiros sempre bem desenvolvidos de Brian K. Vaughan e a arte cheia de personalidade de Cliff Chiang, o título ficou ainda melhor com a excelente edição nacional lançada pela Devir. Se não leu, leia!


5 Batman Renascimento, de Tom King (Panini Comics)

Um ex-agente da CIA escrevendo as histórias do Batman. Tinha como dar errado? Não, não tinha. Tom King chuta bundas em seu run do Cavaleiro das Trevas dentro da iniciativa DC Renascimento, com roteiros inspirados, muito bem escritos e extremamente corajosos, que não tem medo de inserir novos elementos ao universo do Batman. O arco Eu Sou Suicida, por exemplo, é fenomenal e mostra um novo ângulo para entender as motivações e os objetivos de um dos mais conhecidos personagens das histórias em quadrinhos.


4 Moby Dick, de Chabouté (Pipoca & Nanquim)

O francês Chabouté é um dos destaques do atual quadrinho europeu, e a adaptação para o clássico Moby Dick é a sua primeira obra publicada no Brasil. O livro chegou em uma belíssima edição do Pipoca & Nanquim que faz jus ao excelente trabalho do artista. Com uma arte deslumbrante somada à uma narrativa gráfica de tirar o chapéu, Chabouté renova a centenária batalha entre o homem e a imensa baleia branca em um épico dos quadrinhos. Obrigatório!


3 Superman - Entre a Foice e o Martelo, de Mark Millar (Panini Comics)

O que aconteceria se o pequeno Kal-El tivesse caído na Ucrânia e não nos Estados Unidos após ser mandado para o espaço devido ao apocalipse de Krypton? Essa é a pergunta que Mark Millar responde em Entre a Foice e o Martelo, quadrinho que foi republicado este ano no Brasil em uma edição de luxo. Eu nunca tinha lido a história, então por isso ela está incluída aqui entre as melhores do ano. O exercício imaginativo de Millar é sensacional e garante uma leitura incrível, cheia de surpresas e easter eggs. Uma das melhores HQs do Superman que você lerá na vida, fácil.


2 Black Hole, de Charles Burns (Darkside Books)

Uma grande metáfora para as transformações físicas e psicológicas que vêm com a adolescência, lindamente ilustrada por Charles Burns. Um dos principais quadrinhos da última década, Black Hole finalmente ganhou a sua edição definitiva no Brasil pelas mãos da sempre incrível Darkside Books. Uma história para ler, ler mais uma vez para entender ainda mais e guardar para a vida. Clássico é isso!



1 Meu Amigo Dahmer, de Derf Backderf (Darkside Books)


Jeffey Dahmer foi o mais emblemático serial killer moderno norte-americano. Seus crimes chocaram o mundo no início da década de 1990, quando a polícia foi até o seu apartamento após uma denúncia anônima e encontrou um cenário terrível e chocante. Esta HQ foi escrita por Derf Backderf, quadrinista que foi colega de aula de Dahmer, e é focada na época em que ambos estavam na escola. Ela não mostra nenhum crime, mas isso não significa que o roteiro seja menos perturbador. Derf mostra a lenta degradação de Dahmer, vindo de uma família desestruturada e cheia de problemas, e seu contínuo mergulho nos aspectos mais sombrios de sua personalidade. Quase um estudo psicológico, a história apresenta os diversos pontos que foram conduzindo um garoto tímido, passo a passo, na direção do homem adulto que se tornaria um dos assassinos seriais mais tenebrosos do nosso tempo. Leitura obrigatória, status esse realçado pela belíssima edição nacional lançada pela Darkside Books.



Além dos títulos acima, também gostei muito das HQs abaixo:

A Realeza, de Rob Williams e Simon Coleby (Panini Comics)
Alex + Ada, de Jonathan Luna e Sarah Vaughn (Geektopia)
Arqueiro Verde: Máquina Mortífera, de Jeff Lemire e Andrea Sorrentino (Panini Comics)
Batman: Ano Zero, de Scott Snyder e Greg Capullo (Panini Comics)
Batman: Louco Amor e Outras Histórias, de Bruce Timm e Paul Dini (Panini Comics)
Cannon, de Wallace Wood (Pipoca & Nanquim)
DPF: Departamento de Polícia da Física, de Simon Oliver e Robbi Rodriguez (Panini Comics)
Espadas & Bruxas, de Steban Maroto (Pipoca & Nanquim)
Faith, de Jody Houser, Francis Portela e Marguerite Sauvage (Jambô Editora)
Future Quest, de Jeff Parker e Steve Rude (Panini Comics)
Gotham D.P.G.C., de Ed Brubaker e Greg Rucka (Panini Comics)
Hinterkind, de Ian Edginton e Francesco Trifogli (Panini Comics)
Homem-Animal, de Jamie Delano (Panini Comics)
Injustiça, Deuses Entre Nós, de Tom Taylor (Panini Comics)
James Bond 007 - Vargr, de Warren Ellis e Jason Masters (Mythos)
John Constantine: Hellblazer - Demoníaco, de Paul Jenkins (Panini Comics)
John Constantine: Hellblazer - Origens, de Jamie Delano (Panini Comics)
Lendas do Universo DC - Mulher-Maravilha, de George Pérez (Panini Comics)
Marvels, de Kurt Busiek e Alex Ross (Panini Comics)
Mulher-Maravilha - Os Novos 52, de Brian Azzarello e Cliff Chiang (Panini Comics)
Mulher-Maravilha Renascimento, de Greg Rucka (Panini Comics)
O Divino, de Asaf Hanuka, Tomer Hanuka e Boaz Lavie (Geektopia)
O Xerife da Babilônia, de Tom King e Mitch Gerards (Panini Comics)
Super Crooks - O Assalto, de Mark Millar e Leinil Yu (Panini Comics)
Superman/Batman: Os Melhores do Mundo, de Dave Gibbons e Steve Rude (Panini Comics)
Tom Strong, de Alan Moore (Panini Comics)
Um Pequeno Assassinato, de Alan Moore e Oscar Zárate (Pipoca & Nanquim)
Unfollow, de Rob Williams e Michal Dowling (Panini Comics)
Xampu, de Roger Cruz (Panini Comics / Stout Club)
Y: O Último Homem, de Brian K. Vaughan e Pia Guerra (Panini Comics)

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