Como foi a ComicCon Floripa 2018


A segunda edição da ComicCon Floripa aconteceu neste final de semana na capital catarinense e poderia ser definida com uma frase: maior e melhor. Pra começar, ao contrário do primeiro ano, desta vez foram dois dias de um encontro muito legal em um ambiente amplo e super organizado. A mudança do local, com o evento indo para o Centrosul, um dos mais tradicionais centros de convenções da cidade e que fica localizado bem na entrada de Florianópolis, com vista para o mar, foi um dos maiores acertos da organização.

Tudo tomou uma escala muito mais abrangente na ComicCon Floripa 2018. Vamos começar pelo Artists Alley, a tradicional área reservada para os artistas venderem e apresentarem os seus quadrinhos e artes para os visitantes. Em um local amplo, dezenas de artistas nacionais trouxeram seus trabalhos e foram muito bem recebidos. O bate-papo e a troca de informações entre autores, ilustradores e leitores foi intensa, com a paixão pela nona arte dando o tom. Artistas dos mais variados pontos do Brasil estiveram presentes, mostrando a força de uma comic con que está apenas começando, mas que possui um público imenso. Destaque para a presença dos simpáticos irmãos Aldo e Camilo Solano, Vitor Cafaggi e seu incrível trabalho, Ibraim Roberson (atual desenhista de Old Man Logan), Ale Presser, Alice Monstrinho, Felipe Parucci e muitos outros.


Localizada na área central da Comic Con, o Artists Alley foi cercado por inúmeras lojas oferecendo os mais diversos produtos “nerds”. De action figures a camisetas, passando por quadros, Funkos, lojas especializadas em itens de Star Wars e inúmeros outros atrativos, praticamente tudo que interessava aos leitores de quadrinhos e aos fãs de cultura pop estava disponível. Destaque para o grande stand da Jorelli, principal banca de quadrinhos de Florianópolis e que levou grande parte do seu acervo para a CCFloripa, incluindo descontos bem interessantes.

Outra grande atração foi uma área exclusiva destinada à Comix, principal loja de quadrinhos do Brasil. Os caras vieram de São Paulo trazendo literalmente um caminhão de HQs. A presença da Comix foi especialmente atrativa para quem mora em Floripa por possibilitar o acesso a títulos que não chegam até o nosso mercado e também pelo acervo da loja conter inúmeras edições atrasadas e quase esgotadas no mercado. Foi literalmente um paraíso para quem coleciona quadrinhos.

Os painéis também foram destaque. A presença de alguns dos principais tradutores brasileiros de quadrinhos - o quarteto formado por Jotapê Martins, Mário Luiz Barroso, Carlos Henrique Rutz e Érico Assis - foi uma atração à parte, com cada um dos quatro presentes em diversas discussões. Sidney Gusman, editor da Maurício de Sousa, e Leandro Luigi Del Manto, editor de Sandman, contaram como foi a experiência de publicar a obra clássica de Neil Gaiman no painel Vivendo um Sonho: A História de Sandman no Brasil. Sidão também dividiu o palco com Vitor Cafaggi em um relato bem informativo sobre como é dar vida a uma Graphic MSP.



Como na primeira edição, a presença de alguns dos principais canais brasileiros sobre quadrinhos também achou a atenção. Estavam no evento o pessoal do Pipoca & Nanquim - Daniel Lopes, Bruno Zago e Alexandre Callari -, o Vinícius do 2Quadrinhos, o Gabriel Gnann do Entretenimento Ácido e o Fernando Bedin do Central HQs. A troca de informações com todos foi bastante produtiva e acessível, além de proporcionar para diversas pessoas que foram até a CCFloripa o encontro com indivíduos que são referência em quadrinhos e que só estavam disponíveis antes através da internet. 

A presença da Darkside Books em painéis também foi um destaque do evento, com os editores Raquel Moritz e Bruno Dorigatti falando sobre a editora carioca, que trouxe para o mercado títulos focados no terror com acabamento gráfico diferenciado e caiu no gosto do público, com um crescimento constante nos últimos anos e uma enorme aceitação dos leitores. A Darkside também apresentou as novidades que lançará nos próximos meses, tanto em livros quanto HQs, além de títulos destinados ao público infantil.

A ComicCon Floripa 2018 foi uma experiência muito gratificante. Durante o sábado e o domingo, eu e o Matias passamos momentos muito bons em um ambiente tranquilo, agradável e repleto de coisas que amamos. Meu filho, do alto dos seus 10 anos, teve o primeiro contato com uma Comic Con e ficou maravilhado. Apaixonado por desenhos e leitor assíduo de quadrinhos, ele curtiu demais o contato direto com os artistas e todo o universo que cerca um evento como esse, incluindo os sempre divertidos cosplayers. Tenho certeza que tudo o que ele viveu durante esses dois dias ficará guardado em um lugar especial da sua memória por muitos anos, trazendo ótimas recordações.

Em relação à minha experiência, também foi muito gratificante. Pude rever o Daniel do Pipoca & Nanquim, com que converso há anos via internet e fiz questão de presentear, no ano passado, com diversos discos de vinil, já que dividimos também a paixão pela música. Nesse ano não deu pra levar nada, mas aconteceu justamente o contrário, já que acabei recebendo em primeira mão e ainda quente da gráfica o próximo lançamento da PN, o mangá Guardiões do Louvre. Foi muito legal também encontrar e trocar ideias com o Vini, de quem o Matias é um grande fã. O Vinícius faz um trabalho excelente e é, ao lado do pessoal do Pipoca, o principal YouTuber especializado em quadrinhos do Brasil. Além disso, como ajudo na moderação do grupo do 2Q no Facebook, foi legal estar lado a lado com quem converso muito de maneira online. 


Outro ponto bem gratificante foi conhecer os irmãos Aldo e Camilo Solano. Sempre ouvir falar do trabalho de ambos, mas nunca tinha lido nada deles. Então, ao encontrá-los no Artists Alley, fiz questão de levar pra casa as HQs Badida, Desengano e Semilunar. Foi muito bom conversar com a dupla durante um bom tempo e descobrir que a paixão pela música também é algo que temos em comum. São dois caras muito gente boa e com um trabalho incrível, que faço questão de acompanhar de perto a partir de agora e gostaria de encontrar novamente no futuro. E, além disso, já está mais do que na hora de termos uma Graphic MSP com o Camilo Solano, né?

Falando em Graphic MSP, foi muito especial ter a oportunidade de conversar com o Sidney Gusman, editor da Maurício de Sousa e provavelmente a maior referência brasileira em histórias em quadrinhos. Em nosso primeiro encontro, no sábado, vi que ele estava com uma cópia de Jeremias, a nova Graphic MSP, embaixo do braço, e comentei que o Matias adorava os títulos dessa inciativa. Então ele, de maneira surpreendente e muito legal, deu a HQ nas mãos do Matias e pediu para ele folhar e dizer o que achava. Depois, pediu para que trouxéssemos no domingo todas as Graphics MSP que temos em casa, já que ele fazia questão de autografar uma a uma. Voltamos então com todos os títulos e o Sidão pegou um por e fez uma dedicatória diferente e personalizada para o meu filho em cada uma das edições. Isso foi incrível, o Matias estava radiante e é algo que vamos guardar para sempre. Uma atitude vinda de uma pessoa que eu acompanho há mais de dez anos, nunca pensei em conhecer pessoalmente e que é de uma simpatia incrível e contagiante. Além disso, temos a paixão pela NBA em comum, o que tornou o papo mais legal ainda.


Deu pra trocar ideias também com o Érico Assis, um dos principais tradutores do mercado de quadrinhos brasileiro e um cara que eu admiro muito. Falamos de HQs, da vida pessoal (ambos residimos um período em Chapecó e ele também passou um tempo aqui em Floripa), amigos em comum, filhos e muito mais. O Érico é um cara que todo mundo que lê quadrinhos e não vive sem um bom livro deveria acompanhar de perto, porque ele é referência e uma sumidade nessa área.

Pra encerrar, gostaria de fazer um grande e merecido agradecimento a todo o pessoal da organização da ComicCon Floripa, em especial ao Thiago Soares, que é com quem tenho e sigo tendo mais contato. A iniciativa que vocês tiveram, e a capacidade e dedicação de todos para tornar realidade uma comic con aqui em Florianópolis, é digna de muitos aplausos. A evolução apresentada, em todos os níveis, entre a primeira edição e a segunda, só mostra a capacidade e a paixão de todos que estão envolvidos com a CCFloripa, trazendo um evento único e que a Ilha da Magia nunca viu. Eu e o Matias - e tenho certeza de que todos que estiveram nesses dois dias - vivemos um final de semana incrível, cheio de surpresas e experiências divertidas e recompensadoras, onde pudemos dividir o amor pelos quadrinhos e pelo universo geek de maneira intensa. Tenham certeza de que eu e meu filho jamais esqueceremos tudo que vivemos na ComicCon Floripa 2018. E que mais e mais edições venham pela frente!

Comentários

  1. Obrigado pelas palavras gentis e amizade, Ricardo. Sempre bom revê-lo. Ótimo texto, captou bem o espírito do que rolou do evento, que já é um dos melhores do país, e sem dúvida, o mais divertido.

    Abração e até a próxima.

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