Review: Night Beats – Myth of a Man (2019)


O Night Beats vem de Seattle. Mas esqueça tudo que você associa à cidade que foi berço do grunge. A banda foi formada em 2009 e sempre apostou em uma sonoridade com clima de garagem e contornos psicodélicos. Até chegar a este quarto disco, lançado em janeiro. Aqui, a coisa muda um pouco de figura.

Myth of a Man é o sucessor de Who Sold My Generation (2016) e traz a mente criativa responsável pelo grupo, o vocalista e guitarrista Danny Rajan Billingsley (também conhecido como Lee Blackwell) apostando em uma sonoridade um tanto diferente dos trabalhos anteriores. Há uma presença maior de ingredientes vindos diretamente do rico vocabulário musical norte-americano, o que significa que aspectos de blues e country, principalmente, permeiam as dez músicas do disco.

A abertura, com a sombria “Her Cold Cold Heart”, agrada de imediato, sensação essa que é intensificada com a faixa seguinte, “One Thing”, que soa como se o The Byrds acabasse de ser formado. “Stand With Me” foi feita para pegar a estrada, uma trilha para rodar sem destino em busca do sol. Já “(Am I Just) Wasting My Time” coloca a meiguice em primeiro plano e não disfarça a influência de grandes tradutores das questões do coração, como o falecido Roy Orbison e até mesmo lado mais sentimental de Buddy Holly.

Além dos nomes já citados, o disco deixa bem claro o quanto Blackwell estava ouvindo lendas como Bob Dylan, The Band e afins durante o processo de composição, traduzindo essas influências para uma nova geração de ouvintes e encaixando-as dentro do seu próprio universo musical.

Myth of a Man está longe de ser um disco que irá cativar a todos e possui um tracklist um tanto irregular, porém, quando acerta a mão, entrega momentos de brilhantismo como a doçura melódica de “Too Young to Pray”, a nostalgia inocente de “Let Me Guess” e o groove despreocupado de “Eyes on Me”, isso sem falar na linda “I Wonder”, que soa como se o Beach Boys de Brian Wilson fosse uma banda folk com grande simpatia pelo country.

Vale a pena ouvir.

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