Review: Deep Purple – Whoosh! (2020)



Ao lado dos Rolling Stones, o Deep Purple é uma das únicas bandas clássicas surgidas nos anos 1960 que ainda seguem produtivas e na ativa. São mais de cinquenta anos de carreira, em uma trajetória que influenciou profundamente a história do rock e que segue sendo escrita com Whoosh!, vigésimo-primeiro álbum do quinteto lançado no início de agosto. No Brasil, o disco foi disponibilizado em duas edições diferentes pela Shinigami Records: CD simples e CD+DVD digipack.

Whoosh! apresenta Ian Gillan, Steve Morse, Don Airey, Roger Glover e Ian Paice trabalhando ao lado do lendário produtor Bob Ezrin, que assinou os três últimos discos do grupo e também clássicos do rock da magnitude de School's Out (1972) de Alice Cooper, Destroyer (1976) do Kiss e The Wall (1979) do Pink Floyd, entre outros. O disco mantém a ótima fase mostrada nos dois trabalhos mais recentes, Now What?! (2013) e Infinite (2017), e forma uma espécie de trilogia do momento atual do Purple. A entrada de Don Airey no lugar do lendário Jon Lord em 2002 gerou dois álbuns irregulares, Bananas (2003) e Rapture of the Deep (2005), porém a estabilização do line-up e o trabalho com Ezrin nos três últimos álbuns mostram que o Deep Purple ainda faz um som que merece a atenção dos fãs.

Formado por canções predominantemente curtas e diretas – apenas duas ultrapassam os cinco minutos -, Whoosh! é um disco extremamente agradável de se ouvir. O alto astral e o clima leve predominam em todo o trabalho e transparecem o quanto a banda vive um momento especial. Faixas como “Throw My Bones” (uma das melhores aberturas de discos do Purple em anos), “Nothing At All”, “No Need to Shout”, “Step by Step” e a regravação da instrumental “And the Address” (primeira faixa do primeiro disco do grupo, Shades of Deep Purple, de 1968) agradam sem muito esforço. Gillan canta com uma majestade e uma classe que ratificam sua posição como uma das grandes vozes da história, enquanto Glover e Paice demonstram o entrosamento sobrenatural construído em décadas tocando juntos. Morse vem com um timbre de guitarra que impressiona e solos belíssimos, enquanto Airey apresenta diversos momentos de brilho.

O resultado é um ótimo disco, despretensioso e que cativa o ouvido de maneira quase imediata. E aqui vai um recado importante: não é preciso comparar Whoosh! com os clássicos do Purple, que já foram gravados e já contaram a sua história. Whoosh! forma ao lado de Now What?! e Infinite uma tríade de altíssimo nível de uma banda que, em grande parte da sua carreira, sempre trabalhou no mais altíssimo nível.

Um disco para se louvar nesse 2020 cheio de momentos para se lamentar.

Comentários

  1. Gillan desde o Born Again 83 n Sabbath perdeu a voz se tornando hj uma sombra do q já foi chamado de Silver Voice !

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    1. De fato ele perdeu a capacidade de dar aqueles agudos extremamente altos e "limpos" mas tirando isso a voz dele continua excelente e única.

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    2. Concordo. É verdade que houve um curto período no qual ele não estava performando bem ao vivo. Mas melhorou muito e voltou a ser um exemplo de voz, inclusive ao vivo. Basta assistir o DVD que acompanha o Whoosh! para conferir.

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  2. Esse disco é fantástico, assim como o Now What?! e o Infinite.
    Parece que o Gillan encontrou a zona de conforto e eficácia para sua voz e a banda esta jogando a favor dessa zona no que diz respeito as composições.
    É um Deep Purple compreensivelmente diferente, mas muito bom. Aqueles que ousarem ouvir essa trinca recente, sem amarras nostálgicas irá se surpreender com essa "nova" banda.

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  3. Cara, mesmo a banda não estando no pique 70s, e um Gillan sem uma voz tão poderosa quanto antes, pra mim é um prazer imenso poder ouvir um álbum novo da banda. Enquanto eles resolverem fazer música estarei prestigiando. Este é um discaço, sem mais.

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