Review: Behemoth – Opvs Contra Natvram (2022)


É inegável que Nergal, o vocalista, guitarrista e líder do Behemoth, possui uma queda pelo exagero e pela megalomania. Essa característica foi demonstrada inúmeras vezes ao longo da carreira da banda polonesa e levou o grupo a construir uma sonoridade própria, uma espécie de black metal barroco, que deu ao mundo discos como Demigod (2005) e The Apostasy (2007). Nergal também foi perspicaz ao perceber que o caminho que o Behemoth estava seguindo começava a dar sinais de estagnação, e o resultado foi uma limpeza geral nos arranjos pretensiosos e intrincados e o surgimento de uma sonoridade mais direta. Os dois últimos álbuns da banda, os excelentes The Satanist (2014) e I Loved You At Your Darkest (2018), revitalizaram a música do quarteto ao seguir essa nova abordagem.

Opvs Contra Natvram vai por outro caminho. O novo álbum do Behemoth, lançado em uma belíssima edição nacional pela Shinigami Records, equilibra aspectos de The Satanist e leva o som do grupo para um lado ainda mais teatral. Isso funciona e não funciona. “Post-God Nirvana”, por exemplo, abre o disco e é uma espécie de “não música”, no sentido de que só funciona no contexto do álbum e não isoladamente. No outro lado da moeda, a banda acerta a mão em canções como a violentíssima “Malaria Vvlgata”, a grudenta “The Deathless Sun”, a técnica absurda apresentada em “Desinheritance”e principalmente em “Off to War!” e “Once Upon a Pale Horse”, as duas melhores músicas do álbum.

O equilíbrio surge em faixas como “Ov My Herculean Exile”, onde o andamento mais cadenciado privilegia o peso e, em certos aspectos, chega a retomar a atmosfera de The Satanist. Essa sensação se repete em “Neo-Spartacvs”e também em “Thy Becoming Eternal”, com coros meio sacros que contrastam com a violência tanto musical quanto lírica. A longa “Versvs Christvs” encerra o disco de forma grandiosa e é um dos pontos altos do trabalho, com Nergal conseguindo unir de forma redonda toda a grandiosidade e pretensão do Behemoth em uma música que está entre as melhores já gravadas pela banda.

Opvs Contra Natvram não alcança o nível estratosférico de The Satanist e I Loved You At Your Darkest, mas segue comprovando através de um álbum muito bom porque o Behemoth é uma banda pra lá de diferenciada e que está fazendo história no metal extremo.


Comentários

  1. Infelizmente dps do The Satanist, indiscutivelmente um dos melhores álbuns da última década, eles não lançaram nada impressionante.
    O anterior é praticamente um pop black metal e esse é uma tentativa de um The Satanist 2. Mas impressiona mesmo como decaíram mto nas letras, algumas nível Belphegor de tosqueria e o problema é que eles se levam a sério (eu achava que Dog = God era o máximo de tosquice que poderiam fazer, mas nesse álbum chegam perto).
    N é horrível, mas nada de especial.
    Fora que não consigo levar mto a sério banda de um vocalista que é contra movimento antifa.

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    1. O movimento Antifa tem de ser analisado com cuidado cara, porque eles generalizam tudo que é relacionado ao BM. Quanto as letras, BM é misantropia e satanismo, e as vezes acaba de fato resvalando na infantilidade, como o próprio metal né? Acho que vale pelo espírito de inconformidade, já que esses temas são arquétipos que representam aquele espírito. Letras interessantes? Tente Rex Infernus, banda brasileira! Abraço!

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    2. Vazio é outra baita banda nacional.

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