1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer: o guia definitivo para quem vive cercado de música (2007, Sextante)
Há livros que servem como simples listas. E há livros que se transformam em bússolas. 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer, organizado por Robert Dimery, pertence ao segundo grupo. Publicado no Brasil pela Sextante, o volume é daqueles tijolos que ocupam metade da estante e prometem ocupar o resto da vida de quem o abre pela primeira vez.
Com quase mil páginas e textos escritos por dezenas de jornalistas e críticos musicais, o livro cobre praticamente toda a história da música gravada, dos anos 1950 até hoje. O recorte segue a linha das grandes publicações britânicas: muito rock, pop e soul, uma boa dose de jazz e folk, pitadas de punk, metal e música eletrônica. Cada verbete traz informações básicas sobre o disco, o contexto da gravação e a importância cultural daquele lançamento, acompanhadas de capas e fotos que despertam o colecionador que existe em cada leitor.
Para quem cresceu folheando encartes e montando listas de álbuns essenciais, o livro é uma delícia. Ele funciona como um mapa de descobertas: cada página indica um novo caminho, uma banda para revisitar ou um título esquecido que merece ser redescoberto. Ler o 1001 Discos é como passear por uma gigantesca loja e ter a sensação de que cada prateleira guarda uma surpresa diferente.
Mas é importante ajustar as expectativas: a seleção é fortemente centrada no eixo Reino Unido–Estados Unidos. Isso significa que boa parte da produção latino-americana, africana e asiática ficou de fora, inclusive muitos discos fundamentais da música brasileira. A edição nacional até inclui alguns títulos daqui — Os Mutantes (1968), Clube da Esquina (1972), Caetano Veloso (1968), África Brasil (1976), Arise (1991) e Roots (1996) —, mas ainda assim o recorte reflete a visão de mundo da crítica anglo-saxã.
Mesmo assim, é impossível negar o valor do livro. Para o colecionador, ele cumpre dois papéis: serve como uma enciclopédia portátil da música moderna e como um gatilho para novas aquisições. É o tipo de obra que faz você levantar da cadeira, abrir o Discogs ou correr para o sebo mais próximo em busca de um álbum que nunca ouviu, mas que agora precisa ter na coleção.
No fim das contas, 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer é um convite para mergulhar na história do som, descobrir clássicos esquecidos e revisitar aqueles discos que nos lembram por que começamos a colecionar. Um livro essencial para quem vive entre capas, encartes e memórias, e sabe que sempre haverá espaço para mais um disco na prateleira.

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