Foghat - Live (1977)


Por Ben Ami Scopinho
Whiplash
Marca de Caim

O Foghat é mais uma das grandes bandas setentistas que muita gente desconhece. Apesar do visual do quarteto ser típico daqueles fazendeiros texanos bigodudos saídos desses filmes enlatados do velho-oeste norte-americano, os caras são ingleses, sendo que Dave Peverett e Roger Earl fizeram parte do famoso Savoy Brown. Depois de formado o Foghat, que foi ignorado em terras inglesas, os caras se mudaram em definitivo para os EUA, fazendo bastante barulho por lá.

"Foghat Live” é o sétimo álbum e o primeiro registro ao vivo do grupo. O trabalho foi produzido por Nick Jameson e capturou a banda na melhor fase de sua carreira. Contanto somente com voz, duas guitarras, baixo e bateria, o grupo é um rolo-compressor de energia, esbanjando criatividade em suas composições e muita competência na hora de tocar.

Lembrando que na década de 70 ainda não existiam os hoje famosos
overdubs (correções em estúdios de falhas na gravação original), recurso que atualmente muitas bandinhas e até mesmo feras consagradas por aí usam para suprir sua deficiência ao vivo (alguém aí já escutou o “Ressurrection Live” do Halford? Pois é ...). Naquela época os músicos realmente tinham que tocar na raça, e é o que Foghat fez, e muito bem feito, nesse seu trabalho, que chegou a ganhar platina dupla pelas vendagens na época. O único ponto fraco desse álbum é sua quantidade de músicas: somente seis faixas, todas clássicas, sendo que duas são covers.

O álbum começa com o sucesso “Fool for the City”, com o vozeirão de Dave Peverett mandando muito bem e ótimos solos de Rod Price, principalmente no final da música, bem longo, contagiante e com muito feeling. Aliás, o que esse Rod sola é brincadeira. Mesmo após mais de vinte anos seu trabalho na guitarra ainda mantém um frescor e tanto. Em todas as músicas do disco ele se sai muito bem, com a cozinha correndo atrás. 

Segue-se “Home in my Hand”, entre assovios e muita agitação da platéia. A terceira é “I Just Want to Make Love to You”, um cover de Willie Dixon que acabou saindo bem mais pesado que o blues original. Já “Road Fever” é um verdadeiro arrasa-quarteirão com pitadas de blues, com os solos mais animais de Dave e Rod no disco, inclusive com slide guitar. 

Em "Honey Hush" o Foghat novamente transforma blues em puro peso, com muitos solos e animação da platéia. Pobre baixista e baterista, os caras devem ter se acabado nesta canção para acompanhar as guitarras ... E o disco termina em grande estilo com “Slow Ride”, um verdadeiro registro de uma apresentação animada e com muita participação do público.

Nos lançamentos seguintes o Foghat começou a se render a um som mais comercial, colocando no mercado álbuns bem aquém de seus antecessores e, como sempre acontece, caindo em descrédito com os fãs. 

Para encerrar, um último toque: se vocês apreciam “Made in Japan” do Deep Purple, "Tokio Tapes" do Scorpions ou “Live 73” do Uriah Heep, que são considerados por muitos como sendo a nata dos discos ao vivo setentistas, escutem esse "Foghat Live", pois provavelmente alguns irão mudar de idéia após ouvir esse disco.

Faixas:
1. Fool for the City - 5:28
2. Home in My Hand - 4:56
3. I Just Want to Make Love to You - 8:46
4. Road Fever - 5:29
5. Honey Hush - 5:38
6. Slow Ride - 8:20


Comentários

  1. Acho que já se faziam "overdubs" nos anos 70, sim. Aos montes.

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  2. Os anos 1970 eram mais inocentes, mas certamente rolavam vários overdubs. Exemplos? O "Live and Dangerous" do Thin Lizzy, praticamente todo refeito em estúdio, e o "Unleashed in the East" do Judas Priest, onde o Halford regravou diversas partes vocais.

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