Começando a coleção: Crematory


Por Thalles Breno
Colecionador

O Crematory iniciou sua carreira mesclando, de forma bem inteligente, o death metal e o então já existente gothic metal. Algo semelhante ao que o Paradise Lost fez ao fundir o death com o doom no início de sua grande carreira. Como resultado disso surgiu o álbum "Transmigration", munido de muito peso, agressividade, rapidez, tudo isso envolto em uma atmosfera sombria e macabra. Uma banda que prezou pela identidade desde o começo, diferenciando-se do mercado de então, que se limitava a copiar todos os clichês do gothic metal.


Illusions (1995)

Terceiro álbum de estúdio dos germânicos, e dono de uma das mais belas capas do grupo, "Illusions" traz uma sonoridade bem mais voltada ao gótico, distanciando-se mais da velocidade dos dois primeiros trabalhos. No disco permeiam as atmosferas viajantes através do teclado de Katrin e as bases sempre pesadas do guitarrista Lotte, que sairia do grupo mais tarde, sendo substituído por Matthias. Somado a isso, ainda temos a cozinha de Harald e Markus, sempre competente, e o vocal de Felix, um gutural forte e marcante.

"Illusions" traz o primeiro grande hit do grupo, "Tears of Time", que tem um ótimo início com os teclados abrindo caminho para a entrada mais que eficiente do restante do instrumental, além de um refrão que dificilmente sairá de sua cabeça logo após a primeira audição. "The Beginning of the End" é outro grande momento do trabalho, assim como a densa "... Just Dreaming".

A propósito, cabe aqui uma observação que todo admirador da banda certamente já deve ter notado. " ... Just Dreaming" é o nome do álbum anterior a "Illusions". Desde o primeiro disco eles lançavam uma música no álbum seguinte com o nome do disco anterior. Exemplificando: o segundo álbum, "... Just Dreaming", tem uma música chamada "Transmigration", que é o título do primeiro; o terceiro, "Illusions", tem uma chamada " ... Just Dreaming", que o título do segundo disco, e assim sucessivamente até o álbum "Believe", quando a banda decretou seu falso fim, voltando mais tarde com "Revolution".


Awake (1997)

Com quatro álbuns de estúdio nas costas e um ao vivo, eis que surge mais um trabalho dos alemães. Adotando uma postura mais metal no som, o disco soa bem mais rápido que seus anteriores, distanciando-se mais das atmosferas góticas e mais ainda da sonoridade death metal do início de carreira. Porém esses pontos não comprometem, absolutamente em nada, o som do grupo, que se mostra aqui vigoroso, forte e bem legal de se ouvir. 

A arte da capa, bem surreal, é um atrativo à parte, como aliás a maioria das capas do grupo germânico. Os destaques ficam por conta de "Lord of Lies"; da criativa "Crematory", música que tem sua letra toda composta por nomes de outras composições do grupo; de "Temple of Love", cover do Sisters of Mercy; e de "My Last Words". Esse disco marca a saída do talentoso guitarrista Lotte, que se dedicou ao seu projeto Sculpture, que lançou apenas um trabalho auto intitulado em 1999.


Believe (2000)

Depois que lançaram esse trabalho os alemães do Crematory decretaram o fim de suas atividades, fato esse que tempos depois foi contrariado com o lançamento do regular "Revolution". "Believe" apresenta um Crematory flertando cada vez mais com a música eletrônica, porém de forma inteligente e sem excessos, fato que já tinha tido início no álbum anterior, "Act Seven". O peso e a criatividade das guitarras de Matthias, assim como seu vocal limpo bem acima da média somado a todos os outros atributos do Crematory, deram origem a um álbum muito bem feito, cheio de músicas ótimas, cativantes, viciantes (ouça "The Fallen" e tente não apertar o repeat), pesadas e góticas. 

Faixas como "The Fallen", "Endless", "Take", dentre outras, são destaques logo na primeira audição, e frizo também a bela "Perils of the Wind", cantada pelo já citado Matthias. Ótimo disco!


Comentários