Tiamat - Amanethes (2008)


Por Ricardo Seelig
Colecionador
Why Dontcha

Cotação: ****

Nono álbum dos suecos do Tiamat, "Amanethes" escancara o quanto o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista Johan Edlund mudou o seu som ao longo dos anos. Qualquer pessoa que comparar a estreia dos caras, "Sumerian Cry", de 1990, com o novo disco, dirá que trata-se de uma banda diferente, tamanhas as diferenças. O death metal do início se transformou em um gothic metal repleto de peso, receptivo a outros estilos musicais e executado com grande competência.

Celebrando vinte anos de carreira (o grupo foi fundado na cidade de Taby em 1988), o Tiamat, que além de Edlund conta com Thomas Wyreson nas guitarras, Anders Iwers no baixo e Lars Skold na bateria, gravou um bonito álbum de heavy metal com influências de rock progressivo e pop, acrescentando ainda mais cores ao seu som.

O início com "The Temple of the Crescent Moon" é um hard rock gótico, enquanto "Equinox of the Gods" explora o peso com propriedade, com uma bateria veloz e mudanças de andamento interessantes. Ecos de Sisters of Mercy e Bauhaus podem ser sentidos em "Until the Hellbounds Sleep Again", que nos remete à cena gótica européia do final dos anos oitenta. "Lucienne" é outro bom momento, cadenciada e carismática.

"Raining Dead Angels" traz de volta à ordem do dia os vocais guturais de Johan Edlund, e o resultado é excelente, alterando o caminho que o trabalho vinha seguindo, com Edlund se limitando a explorar apenas os tons mais graves de sua potente voz. "Raining Dead Angels" quebra o disco ao meio, pois separa, de maneira bem clara, as duas partes do play: a primeira, mais pesada e agressiva, da segunda, mais calma e contemplativa.

"Misantropolis" inicia esse novo momento, e se revela uma tremenda balada para curtir na estrada. A emocionante e melancólica "Amanitis", com uma bela melodia construída sobre uma base de violões, mostra todo o lirismo dos suecos, e introduz "Meliae", influenciadíssima pelo Pink Floyd de "The Wall", com guitarras que emulam David Gilmour e os vocais de John Edlund soando como os do grupo inglês. "Meliae" é uma excelente composição, com sensíveis linhas vocais, um bonito solo de teclado e um solo final de guitarra arrebatador.

A tétrica "Via Dolorosa" vai fundo nas entranhas do ouvinte, alternando passagens mais calmas e com vocais limpos com momentos mais agressivos e vozes guturais. "Circles" e "Amanes" exploram andamentos mais lentos, transmitindo angústia e melancolia em suas notas, fechando o álbum de maneira arrepiante, com uma aura de vampirismo quase palpável.

"Amanethes" possui dois pólos distintos, antagônicos e únicos, mas em ambos a banda mostra competência e criatividade, desbravando caminhos sonoros com a competência de sempre.

Olhando para o passado do Tiamat é impossível prever onde o grupo estará em seu futuro. O próximo álbum pode agregar qualquer gênero musical ao som da banda. O fato é que, seja para que lado o amanhã levar esses suecos, uma coisa é certa: o talento que possuem é a garantia de que eles sempre estarão fazendo boa música.


Faixas:
1. The Temple of the Crescent Moon - 5:33
2. Equinox of the Gods - 4:35
3. Until the Hellhounds Sleep Again - 4:07
4. Will They Come? - 5:13
5. Lucienne - 4:41
6. Summertime is Gone - 3:53
7. Katarraktis Apo Aima - 2:42
8. Raining Dead Angels - 4:18
9. Misantropolis - 4:13
10. Amanitis - 3:21
11. Meliae - 6:11
12. Via Dolorosa - 4:06
13. Circles - 3:48
14. Amanes - 5:29

Comentários

  1. Cara, acho o Tiamat uma das bandas mais perfeitas nessa sonoridade que beira o lado mais obscuro e experimental do progressivo e do Metal unido.
    Admiro-os desde o Clouds.
    Ótima resenha!!!

    Marcos Garcia

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