Começando a coleção: Angra


Por Alessandro Cubas
Colecionador

Nosso colaborador Ale Cubas continua vasculhando o seu acervo e nos guiando pelas mais diversas bandas. A escolhida da vez é o Angra, um dos maiores nomes do heavy metal nacional, que tem três dos seus discos pinçados a dedo pelo Ale para o Começando a Coleção. 

Então, deliciem-se, concordem, discordem, mas não esqueçam de deixar seus comentários pra gente.

Angels Cry (1993) ****

Quem nunca ao menos já não ouviu falar do Angra? Acho que hoje é meio difícil, isto não só no Brasil, pois a banda conta com uma legião de fãs na Europa e Ásia, mas para que isso fosse possível eles tiveram que ralar muito.

Angels Cry é o segundo trabalho de estúdio lançado pelo grupo. Antes eles já haviam gravado o EP
Reaching Horizons, que é considerado hoje, por uma boa parcela dos fãs, como o melhor disco por eles feito.

O álbum começa com a introdução “Unfinished Allegro” fazendo um clima para entrada de “Carry On”, que de cara já nos traz guitarras ultra velozes, baixo arrasador e Andre Matos cantando ainda mais do que em seus tempos de Viper. Já nesta primeira faixa a banda mostrava a que veio. Acredito que “Carry On” seja o maior hit do Angra, não podendo faltar em nenhum show. 

O álbum segue com a bela “Time” e “Angels Cry”, que também pode ser considerada outro hino e nos traz também muita influência de música clássica. A próxima é a balada “Stand Away”, que possui um refrão marcante. As primeiras influências de música brasileira vem em “Never Understand”, influências estas que viriam a ser ainda mais fortes nos próximos trabalhos. 

O cover para “Wuthering Heights” de Kate Bush caiu como uma luva no álbum e nos mostra mais um excelente trabalho de Andre Matos. “Streets of Tomorrow” começa com o riff mais malvado do disco. “Evil Warning” também pode ser considerada uma das melhores composições do Angra até hoje. Angels Cry fecha com a instrumental “Lasting Child”. Bons tempos.

A formação contava com Andre Matos (V/K), Rafel Bittencourt (G), Kiko Loureiro (G), Luis Mariutti (B) e, apesar do Ricardo Cofessori já constar como baterista do encarte, a gravação foi feita por Alex Holzwarth, que posteriormente integraria o Rhapsody.

Depois deste álbum para se tornar um dos maiores nomes do metal brasileiro foi um passo, merecidamente. Um verdadeiro clássico do metal nacional!  Totalmente recomendável!

Holy Land (1996) ****1/2

Dizem que, devido à pressão, o segundo disco de qualquer banda é o mais complicado para ser gravado, ainda mais se o primeiro trabalho tive a qualidade que tem um álbum como Angels Cry. Para que o segundo fosse tão bom quanto o primeiro, o grupo se concentrou em um sítio onde puderam, com calma, compor um trabalho com ótimas melodias, passagens eruditas e muita influência da cultura brasileira. Inclusive o disco traz como tema o descobrimento da América.

Sobre as composições podemos começar falando de “Nothing to Say”, que inicia com guitarras pesadas abrindo caminho para o teclado e uma pequena passagem de percussão, depois caindo de vez no heavy metal. “Silence and Distance” traz um bom refrão, e na sequência temos a longa “Carolina IV”, que é a música que mais contém elementos brasileiros, batucadas, flautas, e que também é uma das melhores composições da banda, para mim inclusive é a melhor. 

“Holy Land” é mais uma excelente música e que merece destaque. “The Shaman” tem gravações de sons típicos e falas de todo o Brasil. Além disso esta faixa também batizou a banda de Andre Matos, Luis Mariutti e Ricardo Confessori após eles deixarem o Angra. “Make Believe” tem o título de um dos maiores hits do Angra, chegando a tocar até em FMs. “Z.I.T.O.” é rápida e pesada e antecede a balada “Deep Blue”, que tem alguns teclados que nos lembram bandas dos anos setenta.

Holy Land nos mostra antes de tudo que além de excelentes músicos o grupo também tinha excelentes compositores.

Para mim o melhor trabalho do Angra.

Temple of Shadows (2004) ****

Após o album
Fireworks, de 1998, a formação do Angra sofreu um grande baixa com a saída de Andre Matos, Luis Mariutti e Ricardo Confessori, que junto com Hugo Mariutti formaram outro grupo, o Shaman. O que para muitos seria o fim para Rafel Bittencourt e Kiko Loureiro foi apenas uma forma do Angra mostrar todo o seu poder, um renascimento. Eles selecionaram para a nova formação o vocalista Edu Falaschi (Symbols), o baixista Felipe Andreoli (Karma) e o espetacular baterista Aquiles Priester (Hangar), com os quais sem perda de tempo gravaram o ótimo Rebirth (2001), que nos trouxe grandes momentos como “Nova Era”, “Acid Rain” e “Heroes of Sand”, só para citar alguns. Antes de Temple of Shadows eles ainda lançaram Hunters and Prey (2002) e o ao vivo Rebirth World Tour – Live in São Paulo (2003).

Com uma musicalidade muito diversificada, considero
Temple of Shadows como o melhor trabalho desta nova fase do Angra. A banda continuava mostrando influências de música brasileira, além de estar muito técnica e bem entrosada, tornando o som muitas vezes progressivo, tudo sem perder a agressividade.

É um trabalho conceitual que trata de temas sociais e religiosos. Musicalmente podemos destacar algumas participações de peso que ocorreram no disco, como de Sabine Edlesbacher (Edenbridge) em “Spread Your Fire”, Kai Hansen em “The Temple of Hate”, Hansi Kürsh (Blind Guardian) em “Winds of Destination” e até mesmo Milton Nascimento na interessantíssima “Late Redemption”, onde a banda mistura trechos cantados em inglês por Edu Falaschi e trachos em português cantados por Milton. 

Ainda temos outros destaques como “Angels and Demons” e “Waiting Silence”, ambas bem progressivas, e a balada “Wishing Well”. “The Shadow Hunter” tem um instrumental perfeito, introduzido com violões no melhor estilo flamenco. Isso tudo só para citar algumas faixas.

Sem sombra de dúvidas o melhor trabalho da nova era.


Comentários

  1. concordo, mas incluiria também o Rebirth.

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  2. Vou concordar com o amigo Ramon. Respeito demais o Holy Land e ele até figuraria meu top 3 do Angra se não existisse o Rebirth.

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  3. O rebirth é muito bom! mas perde de longe, em representatividade para carreira, do Holy Land!

    a criatividade desse segundo album da banda é inegavel... Rebirth só trouxe Acid Rain de DIFERENTE!

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  4. gostei muito do artigo..

    aprecio muito a banda e seus vários spin-offs..

    no meu top 3 com certeza é:

    1 - Hunters & Prey - este EP pra mim é foda, as versões do edu pras musicas do andre ficaram muito boas e adorei a musica em portugues. acho que deveriam fazer mais dessas...

    2 - Rebirth - gosto muito do andre, mas acho q o edu canta melhor e este cd é muito bom..

    3 - holy land - acho q é o cd em q há mais influencias brasileiras e é isto q os diferenciam do todas as outras 1144698 bandas de power metal por aí..

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Meu Top 3 Seria:

    1 - Rebirth - a Banda Mostrou Como Conseguiu Se Reerguer e Apresentar Um Estilo Diferente e Unico, mas Sem Abandonar Suas Caracteristicas.

    2 - Fireworks - Otimo Disco, Porem, Subestimado, Lisbon é Uma Das Melhores Musicas do Angra

    3 - Angels Cry - O Disco que Apresentou o Angra Para o Mundo, Mescla o Heavy Metal Com Musica Erudita, Trabalho Incrivél, Um dos Melhores Discos De metal De todos Os Tempos.

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