Porcos Cegos - Heróis ou Rebeldes (2006)


Por Alessandro Cubas
Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****

Desde o ano de 1982, quando foi lançado o primeiro disco punk no Brasil - a coletânea
Grito Suburbano, que contava com as bandas Olho Seco, Inocentes e Cólera -, o punk vem nos surpreendendo com indispensáveis coletâneas e também registros de bandas como Garotos Podres, Os Replicantes, Ratos de Porão, além de muitas outras, como as atuais, porém não menos essenciais, Gritando HC, Calibre 12, Zumbis do Espaço e Porcos Cegos, que tem aqui um de seus álbuns comentados.

Batalhando no underground desde 1993, o Porcos Cegos era conhecido anteriormente como Blind Pigs, nome com o qual lançou os álbuns
São Paulo Chaos (1997), The Punks Are Alrigth (2001), Süsse Wut (2002), Blind Pigs (2002), Suor Cerveja e Sangue (ao vivo, 2004) e Porcos Cegos (EP, 2004).

Heróis ou Rebeldes é o primeiro registro que o grupo lançou com o seu nome, e também todas as letras, em português, atitude honrável, pois além de valorizar a cultura nacional fica muito mais fácil assimilar suas mensagens, pois o que seria do punk se seus protestos e indignações não fossem compreendidos através de suas letras?

O álbum é bem introduzido pela faixa “Para Incomodar”, que conta até com arranjos de acordeão, chegando a lembrar um pouco nomes como Dropkicks Murphys e Flogging Molly. O play segue com a empolgante “Não Vou Parar de Lutar”, com backing vocals e guitarras bem legais; “Curso de Liderança”; a divertida “Tediosa Sobriedade”; segue com “Plano de Governo”, “Aos Bandeirantes”, Idéias Perdidas” e a excelente faixa-título, que possui um andamento um pouco mais lento do que as anteriores e tem até um solinho de gaita. Ainda temos as faixas “Conquistas”, “Geração Domesticada”, “Até Quando”, “Pré-Julgamento”  - que tem um começo ska, “Nada é Fácil ou Real” (ideal para aquela roda de pogo), “Adiada pela Ressaca”, “Sub-Gerência” e encerra com a pesada “País Sem Memória”. 

Um discaço, bem produzido, com composições muito empolgantes, ótimas letras e muita atitude, um verdadeiro convite ao pogo!

Além de influências clássicas dentro do punk rock, o som vem numa veia meio Rancid, que apesar dos americanos terem influenciado o som da banda de Barueri, não comprometeu para que o grupo não tivesse uma identidade própria. O Porcos Cegos inclusive já vem fazendo sua própria escola, influenciando novas promessas do punk brasileiro.

Só a título de curiosidade, segundo informação do próprio encarte do CD, a foto esquisita da capa foi tirada no ano de 1960 e retrata o time Flor do Parque da Lapa Futebol Clube. Acho que deve ser uma das capas mais estranha na história do punk.

A formação deste CD conta com o vocalista Henrike, o guitarrista e vocalista Gordo, o guitarrista Fabiano, o baixista Mauro e o baterista Arnaldo.

Na minha modesta opinião o Porcos Cegos é a melhor banda de punk rock nacional da atualidade, e pode muito bem também ser lembrado em uma lista ao lado dos nomes como Ai5, Restos de Nada e dos já citados lá no início da matéria como uma das melhores bandas brasileiras de todos os tempos. E viva o punk rock!


Faixas:
1. Para incomodar – 2:19
2. Não vou parar de lutar – 1:53
3. Curso de liderança – 1:18
4. Tediosa sobriedade – 1:43
5. Plano de governo – 2:25
6. Aos Bandeirantes – 1:46
7. Idéias perdidas – 0:59
8. Heróis ou Rebeldes – 2:05
9. Conquistas – 1:52
10. Geração domesticada – 1:53
11. Até quando – 1:37
12. Pré-julgamento – 2:02
13. Nada fácil ou real – 1:25
14. Adiada a ressaca – 0:59
15. Sub-gerência – 1:47
16. País sem memória – 1:00

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