Colecionador
(matéria publicada originalmente no caderno Blitz, do jornal Diário da Manhã, na edição do dia 07 de agosto de 2009)
Cotação: *****
Lá pelos idos de 1964, o guitarrista do grupo de rock britânico Yardbirds, Eric Clapton, assiste a um show da banda Spencer Davis Group e fica maravilhado com o que presencia. Nos vocais, órgão e teclados estava um garoto franzino de apenas dezesseis anos chamado Steve Winwood. Eric Clapton ficou estupefato, pois aquele garoto, quase uma criança, tocava com uma técnica impressionante e cantava como Ray Charles, uma das mais belas vozes da história da música pop. Clapton comentou com quem o acompanhava que um dia ainda teria uma banda com aquele menino.
Dois anos mais tarde, como contou em sua autobiografia, ao fundar o Cream, Eric Clapton queria que Steve Winwood fosse o quarto integrante da banda, mas foi voto vencido pelos parceiros Jack Bruce e Ginger Baker, que fizeram questão de que o grupo tivesse a formação de um power trio. Na mesma época, Steve Winwood montou uma das melhores bandas do British rock de todos os tempos, o Traffic, que lançou em 1967 o espetacular álbum Dear Mr. Fantasy, em que Winwood se destaca como brilhante tecladista e guitarrista, além de um dos melhores vocalistas que o mundo já ouviu.
Finalmente em 1969, com a separação do Cream coincidindo com a dissolução do Traffic após o seu terceiro disco, Eric Clapton pôde realizar o seu antigo desejo: formar uma banda em parceria com Winwood. Para a empreitada, Steve convocou o baixista do Family, Rick Grech, e o baterista do Cream, Ginger Baker. Estava formado o Blind Faith, uma superbanda que lançou um álbum incrível em seus poucos meses de existência, com clássicos como "Can’t Find My Way Home" (de Winwood) e "Presence of the Lord" (de Clapton). Em novembro do mesmo ano, durante as gravações de algumas canções que comporiam o segundo disco, Clapton saiu em excursão com Delaney & Bonnie e com os músicos dessa trupe, montou sua próxima banda, a não menos fulgente Derek and The Dominos. Restou a Steve Winwood reformular o Traffic e seguir a sua trajetória.
Merchandise oficial, incluindo a versão especial com CD e DVD
Apesar da debandada de Clapton do Blind Faith, a amizade entre os dois permaneceu sólida, tanto que voltaram a se encontrar nos palcos em algumas oportunidades, como no Eric Clapton’s Rainbow Concert (1973) e no Ronnie Lane’s Arms (1983), além de aparecerem juntos na superbanda montada para o filme Blues Brothers 2000.
Após encerrar em 2005 uma curta série de shows de retorno do Cream, trinta e sete anos após o encerramento das atividades do grupo (o que rendeu um belo DVD duplo), Clapton anuncia seus planos para o futuro: voltar a trabalhar ao lado de Steve Winwood. Finalmente são anunciados para fevereiro de 2008 três shows de Eric Clapton e Steve Winwood no Madison Square Garden em New York. O registro desse encontro mágico chega agora ao Brasil em um sensacional DVD duplo.
Após encerrar em 2005 uma curta série de shows de retorno do Cream, trinta e sete anos após o encerramento das atividades do grupo (o que rendeu um belo DVD duplo), Clapton anuncia seus planos para o futuro: voltar a trabalhar ao lado de Steve Winwood. Finalmente são anunciados para fevereiro de 2008 três shows de Eric Clapton e Steve Winwood no Madison Square Garden em New York. O registro desse encontro mágico chega agora ao Brasil em um sensacional DVD duplo.
O show inicia com "Had to Cry Today", coincidentemente a faixa que abre o único disco do Blind Faith, com Clapton e Winwood duelando magistralmente com suas guitarras. No decorrer do show, Winwood mostra novamente seu excepcional talento como pianista e guitarrista, além de continuar sendo um dos melhores vocalistas do mundo. Quanto a Clapton, elogiar os seus dotes guitarrísticos e seus solos inspirados chega a ser uma redundância extremamente desnecessária (como todo pleonasmo).
No repertório, mais músicas do Blind Faith ("Sleeping in the Ground", "Presence of the Lord", "Well All Right", "Can’t Find My Way Home"), canções do Traffic ("Pearly Queen", "No Face, No Name, No Number", "Dear Mr. Fantasy"), músicas do repertório de Clapton ("Forever Man", "Tell the Truth", "After Midnight", "Cocaine"), clássicos do blues ("Double Trouble" de Otis Rush; "Rambling on My Mind" de Robert Johnson; "Georgia on My Mind" de Ray Charles), além de versões arrasadoras para duas canções de Jimi Hendrix: "Little Wing" (que Clapton já havia gravado com o Derek and The Dominos) e "Voodoo Chile" (música que Winwood participou da gravação original do falecido gênio da guitarra).
Enfim, um presente imperdível para os apreciadores da boa música.
To babando para ouvir e ver esse DVD, mas é uma lástima ver Clapton resgatando seus velhos companheiros e ganhando dinheiro as custas do passado ao invés de lançar um álbum novo decente, coisa que dele faz horas que não ouço!
ResponderExcluirEste DVD é sensacional!
ResponderExcluirVale a pena ouvir com atenção, principalmente as duas versões arrasadoras dos clássicos do Hendrix.
Obrigatório para quem aprecia música feita com sentimento.