Metallica, São Paulo, 30/01/2010: uma banda renovada e novamente com crédito junto aos fãs


Por Fernando Bueno
Colecionador
Jogando por Música

Depois de onze anos de sua última passagem pelo Brasil, tivemos novamente a oportunidade de assistir um grande show do Metallica em São Paulo. Esqueçamos o desapontamento que todos tivemos no famoso show que não aconteceu no começo da década. A banda naquela época passava por problema, que conhecemos através do DVD Some Kind of Monster. Talvez até tenha sido bom aquela apresentação ter sido cancelada, afinal a banda não estava bem e isso certamente refleteria em uma performance ruim, e poderíamos ficar com mais má impressão do grupo do que ficamos depois do lançamento do famigerado álbum St Anger, em 2003.

Chegamos no começo da tarde aos arredores do Morumbi, e fiquei preocupado, porque achei que tínhamos chegado tarde. A fila de todos os setores estava enorme, e já estava me acostumando com o fato de que teria que ver o show de um local mais longe do que costumo ficar. Porém, devido ao tamanho do palco, percebi que não seria tão complicado assim conseguir bons lugares, e fiquei mais tranquilo. Entramos no estádio por volta das 16:30 hs e sabíamos que o show do Sepultura começaria apenas as 20:30 hs, ou seja, teria tempo e tranqulidade para tomar algumas cervejas e fazer as consequentes visitas frequentes ao banheiro.

Quando a noite começou a cair em São Paulo percebemos que o show iria começar. Com a movimentação do público, rapidamente conseguimos chegar bem próximos lá do pessoal da frente. O Sepultura começou seu set com uma música do novo disco que, se não era conhecida por todo mundo, mesmo assim conseguiu animar o público. Depois tivemos um set list bem escolhido, com bastante clássicos como "Troops of Doom", "Arise", "Inner Self" e "Roots Bloody Roots".

Fazia alguma tempo que não me interessava pela banda, já que achei os discos mais recentes bem irregulares, mas talvez eu tenha que apenas dar uma nova chance a eles. É evidente que o grupo nunca mais conseguiu ser a mesmo depois da entrada do Derick Green no lugar de Max Cavalera, porém a simpatia do cara faz você esquecer a decréscimo na qualidade musical que a banda teve após sua entrada. Fiquei impressionado com o peso da guitarra de Andreas Kisser, por se tratar de apenas um instrumento. Porém, fui lembrado que Paulo Jr toca seu baixo com distorção, e isso ajuda a dar mais peso. Mesmo assim surpreende, já que eles não estavam usando a mesma capacidade dos equipamentos utilizados pela atração principal. Resumindo, um ótimo show de abertura feita por uma banda competente. Cantei tanto que achei que não teria voz para o show do Metallica.

Depois da abertura, os roadies começaram a fazer os ajustes para a banda principal. Achei que esses ajustes levaram muito tempo. Talvez tenha sido a ansiedade que fez com que o tempo demorasse para passar. O empurra-empurra estava fora do normal! Já fui a muitos shows e sempre tentei ficar lá no gargarejo, mas dessa vez estava realmente apertado. Eu já estava com a roupa ensopada e sabia que teria ainda umas três horas de show pela frente.

Então as luzes se apagaram, um vídeo de introdução começou a rolar nos telões, o aperto ficou maior, e a banda surgiu tocando "Creeping Death". O público entrava em êxtase e não sabia o que fazer, se cantava, se balançava os braços, se pulava ou se simplesmente tentava se manter em pé. Dessa vez não consegui encostar na grade, mas fiquei colado ao primeiro da fila. Foi o máximo que consegui e hoje estou com o corpo tão dolorido que parece que tomei uma surra!

O set list do show foi um pouco diferente do set list de Porto Alegre. E, para uma banda com a quantidade de clássicos como é o Metallica, sempre vai ter alguma música que sentimos falta. No meu caso achei que faltou "Battery" e "Whiplash". Ao todos foram três faixas do Kill ´Em All, três do Ride the Lightning, uma do Master os Puppets, três do ...And Justice for All, três do Metallica e quatro do Death Magnetic, além de um cover do Queen.

O que me chamou a atenção foi que apenas uma música do Master of Puppets foi tocada . Isso é um pouco estranho, já que a grande maioria dos fãs têm esse disco como o melhor do grupo - eu sempre achei o Ride the Lightning o melhor. Como não senti o público pedindo músicas tão diferentes das que foram tocadas, penso que os fãs, mesmo que inconcientemente, já mudaram de opinião. Também é de se notar que nenhuma faixa dos discos contestados tenha sido tocada. Temos que analisar se isso é porque nenhuma daquelas composições possui a mesma importância das presentes nos outros discos, ou se isso foi simplemente pensado no sentido de agradar o público com faixas mais conhecidas.

Do mesmo modo que o som do Sepultura me impressionou, o som do Metallica foi algo surpreendente, além de eles estarem usando o som completo. Peso e definição em todos os instrumentos. Apenas em uma música achei que a guitarra do James encobriu o solo do Kirk, mas na mesma faixa isso logo foi corrigido. Isso acontece devido a intensa troca de guitarras. É normal que em uma delas haja alguma falha, mas nada que afete o resultado final. Também gostei da pirotecnia que rolou durante quase todo a apresentação, principalmente antes de "One".

Gostaria também de citar a ligação da banda com o público. Em todos os shows as bandas vêm com um discurso de que estão gostando, que estão se divertindo e que o local do show tem o público mais vibrante. Porém, dessa vez achei que os caras estavam realmente felizes de tocar ali, principalmente James Hetfield. A todo momento ele se referia ao público demonstrando satisfação de estar ali. Ou seja, achei que o discurso foi sincero. Também não seria diferente, já que o estádio estava lotado e o público também deu show, com as músicas sendo cantadas em uníssono. Em alguns momentos as arquibancadas estavam lindas de se ver. No fim do show James pediu para acenderem todas as luzes do estádio, e conseguimos ver como o local estava. Foi muito legal!

O Metallica mostrou que esse último disco renovou o seu som e trouxe novamente credibilidade a uma das maiores bandas de todos os tempos, fazendo-a angariar novos fãs e resgatando aqueles que foram se distanciando ao longo da década de noventa e em boa parte dessa primeira década do século XXI.

Comentários

  1. Pô Cadão...
    Fiquei a tarde inteira sem entrar na Collector´s e só agora vi que vc colocou o texto aqui...
    Valeu mesmo!!!

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  2. Ae, gostei do post!!! bela visão de quem foi e curtiu!!!

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