Rigotto´s Room: ZZ Top, os barbudos estão chegando


Por Maurício Rigotto
Escritor e Colecionador
Collector´s Room

No próximo mês de maio, em um intervalo de menos de duas semanas, Porto Alegre receberá nada menos que quatro shows internacionais. A maratona de espetáculos terá início no dia 20 no Bar Opinião, com a apresentação da cantora norte-americana de folk rock Cat Power. No dia seguinte, o guitarrista albino Johnny Winter, do Texas, toca pela primeira vez na capital gaúcha, no Teatro do SESI. Dois dias depois, no dia 23, no Pepsi on Stage, será a vez dos barbudos, também texanos, do ZZ Top, fazerem seu primeiro show em Porto Alegre em mais de quarenta anos de carreira. O último desses quatro concertos será no dia 1° de junho, quando o guitarrista inglês Mick Taylor, ex-membro dos Rolling Stones, se apresentará no Teatro Bourbon Country.

E haja grana, pois são shows imperdíveis para quem aprecia o melhor do rock e blues. Descartando Cat Power, de quem não sou tão fã, embora aprecie o seu trabalho, Johnny Winter, ZZ Top e Mick Taylor são figuras lendárias no universo do rock e do blues há mais de quatro décadas; e como esses artistas nunca se apresentaram por aqui, estamos diante de oportunidades únicas de presenciar as performances ao vivo dessas lendas. Hoje e nas próximas colunas vamos falar um pouco sobre as suas trajetórias, iniciando pelo ZZ Top.


O power trio ZZ Top foi formado em Houston, Texas, em 1969, por Billy Gibbons (vocal e guitarra), Dusty Hill (baixo, teclados e vocal) e Frank Beard (bateria). O nome da banda a princípio seria ZZ King, em homenagem aos bluseiros B.B. King e ZZ Hill. Pouco tempo depois, optam em mudar para ZZ Top, em alusão a duas das mais populares marcas de
rolling paper – os papéis de seda usados para fechar baseados – Zig Zag e Top.

No ano seguinte lançam o ZZ Top’s First Album, e em 1972 o álbum Rio Grande Mud, que traz a faixa "Francine", o primeiro sucesso da banda. Em 1973 lançam Tres Hombres, que alcança grande êxito nas rádios com a faixa "La Grange", incluída na trilha do musical A Melhor Casa Suspeita do Texas. As faixas "Waitin’ for the Bus" e "Jesus Just Left Chicago" também fazem sucesso radiofônico, e o grupo é convidado para fazer a abertura de três shows dos Rolling Stones no Havaí.

Em 1975 é lançado Fandango!, com um lado ao vivo e um de estúdio. "Tush" é o hit do disco. Seguem com uma turnê ininterrupta até 1977, quando lançam o disco Tejas e a coletânea The Best of ZZ Top, e anunciam que estão entrando em férias por tempo indeterminado.

Reza a lenda que, durante esse hiato, a banda visitou uma cigana que profetizou que teriam uma carreira de grande sucesso, bem maior do que haviam alcançado até então, mas que em troca teriam que jamais voltar a se barbear. Lenda ou não, o ZZ Top voltou a se reunir em 1979 para o lançamento de
Degüello, e Gibbons e Hill apareceram irreconhecíveis ostentando impressionantes barbas que desciam até a altura do umbigo. Ironicamente, o único que não aderiu a barbudagem foi o baterista Frank Beard ("beard" quer dizer barba em inglês). O hit do disco é a faixa "Cheap Sunglasses", e desde então Gibbons e Hill passaram a se vestir de modo similar e excêntrico, sempre com óculos escuros e chapéus de cowboy ou bonés de baseball. Abusando da excentricidade, passaram a utilizar guitarras e contrabaixos customizados e chamativos, incluindo instrumentos com luzes de neon em seus contornos.


Em 1981, o disco
El Loco causa estranheza nos fãs ao incorporar sintetizadores e exagerados efeitos eletrônicos à sonoridade do grupo. No ano de 1983 a banda alcança o seu maior êxito comercial com o álbum Eliminator. Impulsionado pelo mega-hit "Gimme All Your Lovin’", Eliminator rende milhões de dólares ao grupo e ainda apresenta um novo ícone à imagem do trio, um cherry-red Ford Coupe 1933 hot rod que ilustra a capa do álbum, sendo utilizado também em vídeoclipes e material publicitário do grupo.

Em 1984, a Gillette Company, a maior fabricante de lâminas de barbear do mundo, oferece um milhão de dólares para Gibbons e Hill se barbearem em um comercial de televisão. Os barbudos recusam a oferta argumentando que “
ficam muito feios sem suas barbas”.

No ano seguinte, o álbum
Afterburned recrudesce as experiências em fundir sintetizadores e elementos eletrônicos com o blues rock, com um resultado difícil de digerir. Em 1990 lançam Recycler e aparecem em uma cena do filme De Volta para o Futuro – Parte III.


Em 1993 a banda tem a honra de introduzir o grupo inglês Cream ao
Rock and Roll Hall of Fame. Na ocasião, o ZZ Top declara que o trio de Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker foi a maior influência que tiveram desde o início de sua carreira. Seguem com os bons discos Antenna (1994), Rhythmeen (1996) e XXX (1999), que comemora os trinta anos de atividade do conjunto.

Em 2003 lançam o álbum Mescalero e a caixa com quatro CDs Chrome, Smoke & BBQ. No ano seguinte é lançada a coletânea Rancho Texicano e a banda é introduzida por Keith Richards ao Rock and Roll Hall of Fame. Em 2008 o grupo lança o seu primeiro DVD ao vivo, Live From Texas. No ano passado fizeram uma turnê em conjunto com o Aerosmith, que teve seu final antecipado devido a uma acidental queda do palco que tirou temporariamente de circulação o vocalista do Aerosmith Steven Tyler.

O ZZ Top segue se apresentando pelo mundo e em maio desembarca pela primeira vez no Brasil para dois shows em São Paulo e um em Porto Alegre. Os shows aconteceriam em dezembro de 2009, mas foram adiados. Agora finalmente poderemos conferir o desempenho dos barbudos ao vivo.

Comentários

  1. Vou apenas no ZZ Top, poisirei no UFO em sampa, mas se nao fosse o UFO estaria no Mick Taylor com certeza

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