A reação apaixonada de um ouvinte ao conhecer o lado menos óbvio do Deep Purple


Por Maximiano Angelotti Silva
Colecionador


Antes de tudo gostaria de agradecer ao pessoal da
Collector’s Room por essa oportunidade. Eu sou leitor do blog há relativamente pouco tempo, mas acho ele sensacional! E tenho que admitir que fiquei surpreso com a velocidade com que recebi uma resposta para o pedido de publicar essa resenha!

Bem, chega de papo furado e vamos ao que interessa, o CD.

Este pequeno disco reúne singles do Deep Purple em um período que vai de 1968 a 1975, ou seja, cobre a MK I, MK II e MK III. Meu objetivo ao sair de casa certo dia para ir ao sebo que frequento jamais foiadquirir um CD do Purple, ainda mais uma compilação. Meu desejo era comprar o
Born Again do Sabbath, que eu já havia visto mas não tinha comprado por falta de fundos.

Felizmente alguém já havia levado o
Born Again para casa. Procurando alguma outra coisa encontrei um disco chamado Singles A´s and B´s. Num primeiro momento fiquei na dúvida, mas acabei comprando. Bastou chegar em casa pra ver que tinha acertado em cheio na escolha.

Capa da edição original em vinil, de 1978

O disco começa com “Hush”, um cover da canção de Joe South com um som bem típico do rock dos anos sessenta, mas com a pitada típica do Deep Purple, deixando a música mais hard rock. Em seguida vem “One More Rainy Day”, que começa com um pequeno temporal. A canção em si não é muito hard, me lembra um pouco as primeiras músicas do The Who e o som dos Beatles, mas ainda sim é uma boa faixa.

A próxima é versão single de “Kentucky Woman”, outro cover, desta vez de Neil Diamond. Depois vem “Emmareta”, na minha opinião um dos melhores entre os singles da MK I”, seguida da versão single norte-americana de “Bird Has Flown”, também muito boa.

“Hallelujah” é a primeira da MK II no disco. Simplesmente sensacional, principalmente a parte em que Ian Gillan canta “
hallelujah, hallelujah...”, no início da faixa. Os backing vocals nessa faixa também dão um toque bem celestial. O estilo dela ainda lembra um pouco o da MK I, mas a voz de Gillan dá um toque especial. Além disso, “Hallelujah” tem umas mudanças rítmicas bem interessantes. Enfim, uma faixa sensacional! Confesso que nunca tinha escutado essa música, o primeiro registro da lendária MK II.

A seguir “Speed King”, uma das minhas favoritas. A versão aqui é bem diferente da que está no
In Rock - não tem a introdução e é um pouco mais lenta, com um piano comum no lugar do órgão de Jon Lord.

A próxima dispensa apresentações: “Black Night”, um música espetacular e que faz jus a seu sucesso. A seguinte é “Strange Kind of Woman”, que apareceu em algumas versões de
Fireball, Também muito boa, mas não se destaca. “I’m Alone” é outro single que não entrou em nenhum disco (como “Black Night”, “Cry Free” e outras). Esta música está entre as faixas bônus da versão em CD de Fireball. Outra sem muito destaque, mas bem animada, com um teclado sensacional! “Fireball” e “Demon’s Eye” são as seguintes, excelentes, tanto que junto com “Anyone’s Daughter” constituem minhas músicas prediletas de Fireball.

A seguinte é “Never Before”, do
Machine Head, muito boa com uma batida muito legal na bateria, um ritmo sensacional! Depois temos a balada “When a Blind Man Cries”, deveras emocionante, de chorar mesmo, com um vocal emocionado de Ian Gillan e uma batida bem lenta. Essa faixa não entrou no Machine Head nem em nenhum outro disco e me pergunto se não teria sido uma adição interessante.

Depois disso, outra que dispensa comentários: “Smoke on the Water” em uma versão editada que ficou meio sem graça, mais curta, só que sem diminuir a grandiosidade desse que é um dos maiores clássicos da história do rock.

Capa da reedição em CD, lançada em 1993

E chegamos ao ponto alto do disco, que fez com que eu parasse de praguejar contra o fulano que comprou o
Born Again. Se eu tivesse comprado esse outro CD não teria escutado algo que mudou a minha vida: a versão ao vivo de “Black Night”. Eu estava escutando o CD e resolvi pular algumas faixas para escutar a versão “live” desse clássico absoluto de Purple - juro que caí da cadeira! Eu sabia que o Deep Purple fazia um som pesado, mas só imaginava como seria ao vivo, nunca tinha me dado ao trabalho de comprar um álbum ao vivo dos caras, ou “conseguir o mesmo por meios ilícitos” (leia-se baixar). É um porrada na cara! Ian Paice detona na bateria, Jon Lord faz um solo inspirado, a banda toda toca com um energia imensa. Se nós soubéssemos como captar tal energia seria possível iluminar uma cidade do tamanho de São Paulo por no mínimo um mês!

Os singles do MK II são encerrados com chave de ouro e dão espaço para a MK III e a voz sensacional de David Coverdale. “Migth Just Take Your Life” tem as características típicas da MK II, com o toque mais funk que caracterizaria todo o período com Coverdale. A seguinte, “Coronarias Redig”, é uma faixa instrumental com um título curioso. Nela os membros restantes do MK II botam pra quebrar, com destaque para Blackmore e Lord.

A versão single de “You Keep On Moving”, uma composição de Coverdale e Glenn Hughes, mas com um solo sensacional do substituto de Blackmore, Tommy Bolin, tem um toque funk ainda mais acentuado, só que com fortes raízes no hardão típico do Purple. “Love Child” encerra o CD, e é outra composição que conta com Bolin no lugar de Ritchie.

Então este é o disco. Mas não é só a música no CD que é sensacional. O encarte merece um parágrafo à parte. Recheado de informações sobre os singles do grupo entre 1968 a 1975 - inclusive com uma lista de praticamente todos os compactos lançados - , sendo que cada um tem uma pequena descrição da capa. Enfim, uma jóia para os colecionadores! Além disso, o encarte conta com imagens das artes dos singles nas diversas versões lançadas mundo afora - as que aparecem na capa do CD, por exemplo, são do Japão, Portugal, França e Iugoslávia.

Bem, essa é minha pequena resenha dessa grande compilação, um verdadeiro achado!

Comentários

  1. E ai Max, começou bem. Parabens pela matéria e bem vindo ao clube. O Singles foi uma das minhas primeiras aquisições do Purple, e acabei trocando com o Micael não lembro pelo que, mas lembro que era por causa da Demons Eye. É uma otima ccoletanea, mas eu ainda acho a Anthology (de 1985) a melhor coletanea do Purple. Abração!

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  2. Eu tenho a versão em CD. Gosto bastante. "Coronarias Redig" e "You Keep on Moving" são duas das minhas músicas prediletas do Purple, isso sem falar na impressionante versão ao vivo de "Black Night", que acabou saindo mais tarde também na versão comemorativa do Made in Japan.

    O encarte também é fabuloso, repleto de informações.

    Grande coletânea, recomendo a todos que ainda não tenham a aquisição. Só não sei se ainda está em catálogo, mas se a encontrarem comprem sem medo.

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  3. Belo começo, Max. Agora é seguir em frente, e descobrir o resto da maravilhosa discografia da banda.

    Eu tenho só a versão em vinil dessa coletânea, mas essa em CD vale mais ter, pois possui mais músicas e um encarte simplesmente fantástico.

    E também prefiro o Anthology, por ter mais músicas "raras" e inéditas.

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  4. Esse foi o primeiro CD do Deep Purple que escutei lá pelos idos dos anos 90...

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  5. Agradeço pelos elogios e o incentivo.Podem ter certeza que eu posso aparecer com mais algumas resenhas.
    Conheço um sebo aqui em Curitiba recheado de raridades.

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  6. Iai camarada blz!
    Como você, sou um dos que a pouco tempo descobriram o Colcetor's, mas escuto o bom e velho rock'n'roll a um bom tempo. Realmente é surpreendente quando ouvimos pela primeira vez o Deep ao vivo (seja que formação for...). Minha primeira audição dos caras ao vivo tem uns 6 anos (apenas...) e foi o Made Japan (incrível!).
    Parabéns por sua resenha cara, muito boa mesmo.
    Viva o rock!

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  7. Fique atento que a DPAS (Deep Purple Appreciation Society) está pra lanćar um álbum completo dos A's e B's do Purple. Duplo!

    abs

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