Accept - Blood of the Nations (2010)


Por João Renato Alves
Colecionador
Collector´s Room

Cotação: ****

A princípio, confesso que não gostei nada da ideia. Afinal de contas, o Accept já tinha tentado seguir sem Udo Dirkschneider uma vez e, a despeito de algumas boas músicas, o álbum Eat the Heat (1989), com David Reecce nos vocais, não fez jus à carreira do grupo. Dessa vez, a banda ressurge com o norte-americano Mark Tornillo (ex-T.T. Quick), que tem um registro mais próximo ao do cantor original. Ainda assim, tinha uma grande desconfiança. Mas quando assisti pela primeira vez o videoclipe da faixa “Teutonic Terror” resolvi dar um crédito, pois a música é excelente, um heavy metal tradicional com a classe e pegada dos bons tempos. A partir daquele momento, passei a esperar ansiosamente o lançamento do novo álbum.

Um riff que remete direto a “Balls to the Wall” abre os trabalhos. Mas “Beat the Bastards” tem um andamento mais rápido do que o hino imortal citado e deve servir como abertura dos shows da turnê vindoura. Na sequência, a já conhecida “Teutonic Terror” e seu refrão pronto para ser entoado a plenos pulmões pelas plateias mundo afora. “The Abyss” lembra Judas Priest fase Ram It Down / Painkiller, especialmente no registro de Mark. Uma entrada cadenciada anuncia a faixa-título, que contém todos aqueles elementos que consagraram o Accept. Logo depois, precedida por uma intro soturna, a mais longa de todas, “Shades of Death”, que nos remete aos trabalhos dos anos 1990 do grupo.


A porrada volta a comer solta em “Locked and Loaded”, um verdadeiro convite para bater cabeça com sua velocidade e categoria. A sétima faixa na versão limitada é “Time Machine”, bônus exclusivo. Boa música, mas nada demais. O tracklist normal é retomado com “Kill the Pain”, balada com base acústica bem interessante. O puro heavy metal com alma rock and roll aparece novamente em “Rollin’ Thunder”, som direto e sem frescuras, outra que é perfeita para ser executada ao vivo. Depois, “Pandemic”, que já foi anunciada como próximo single. E a escolha parece acertada, já que é um som de fácil assimilação, com certa queda para o hard. Ótima para invadir as programações de rádios rock mais abertas ao som pesado.

O bom e velho heavy metal continua comandando em “New World Comin’”, mais uma com excelentes guitarras e levada acessível já na primeira escutada. Uma pisada no acelerador ocorre em “No Shelter”, música com certa veia britânica em sua composição genética. Para encerrar, “Bucketful of Hate” começa com uma caixinha de música e segue com um riff datado e excepcional, tipicamente oitentista. Daquelas músicas que deixam o ouvinte com vontade de ouvir mais, mesmo sabendo que acabou. Talvez seja hora de dar um play e ouvir tudo de novo.

Definitivamente, o Accept conseguiu passar pela prova de fogo que é substituir uma lenda como Udo. Obviamente, os mais radicais reprovarão de qualquer modo. Mas os resultados alcançados pela banda nos últimos meses são surpreendentes. A recente excursão pela Europa foi vista por 450 mil pessoas em 16 países, com direito a dois shows abrindo para o AC/DC e a posição de headliner em datas do Sonisphere Festival em Budapeste (no mesmo fim de semana do show do Big Four que foi transmitido para cinemas de todo o mundo) e Istambul. Realidade que só tende a aumentar com a qualidade de Blood of the Nations, mais um grande momento na carreira do quinteto.


Faixas:
1 Beat the Bastards 5:23
2 Teutonic Terror 5:12
3 The Abyss 6:52
4 Blood of the Nations 5:36
5 Shades of Death 7:30
6 Locked and Loaded 4:27
7 Kill the Pain 5:46
8 Rollin' Thunder 4:53
9 Pandemic 5:35
10 New World Comin' 4:49
11 No Shelter 6:02
12 Bucketful of Hate 5:11


Comentários

  1. Gostei do disco. Do Accept não se espera grandes surpresas, o que não é necessariamente ruim. O álbum é competente e não fica devendo em nada a muito do material gravado com a voz de Udo, até porque os maiores responsáveis pela sonoridade da banda sempre foram Wolf Hoffmann e Peter Baltes. Accept sem esses dois não dá, mas sem o Udo é perfeitamente aceitável. Inclusive gosto do "Eat the Heat", em especial músicas como "Hellhammer" e "Generation Clash".

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  2. Boa banda, mas nunca me chamou muito a atenção.

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